Em outubro de 2012 movimentos sociais coordenados pelo Frente do Esculacho Popular, realizam ato na Avenida Paulista, em São Paulo, para expor publicamente ex-militares e policiais acusados de tortura e homicídios durante a ditadura militar

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Documentário mostra que ditadura não foi iniciativa apenas de militares

Criado em 02/03/13 16h04 e atualizado em 18/03/16 15h15
Por Daniel Mello Edição:Andréa Quintiere Fonte:Agência Brasil [2]

Imagens de desaparecidos na ditadura militar
O filme narra os fatos que levaram ao golpe militar de 1964 (Marcelo Camargo/Agência Brasil )

São Paulo – O documentário 1964 - Um Golpe contra o Brasil, realizado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política e dirigido por Alipio Freire, estreia hoje (2) no Memorial da Resistência, museu que ocupa o antigo prédio do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops), próximo à Estação da Luz, no centro da cidade. Com linguagem didática, a obra esclarece pontos que, na opinião do diretor, vêm sendo deixados de lado nos estudos sobre o regime militar.

“Nos preocupa muito que as pessoas sejam extremamente solidárias com os resistentes, em termos do fato de terem sido presos e torturados, mas que não saibam exatamente contra o que eles resistiam. Porque a história oficial é um terror”, destacou Freire.

Uma das ideias que o filme tenta desconstruir é a de que a ditadura foi uma iniciativa apenas dos militares. “Acabar com essa lenda de que o golpe foi militar. Não foi de uma corporação, foi de uma classe: do grande capital internacional e de seus associados dentro do Brasil contra um projeto nacional desenvolvimentista”, assinala Freire.

“Não era nem um projeto socialista, era um projeto de desenvolvimento nacional, autossustentado, baseado na distribuição de renda e com uma política externa independente”, explica o diretor sobre o projeto de João Goulart, que foi descontinuado com o golpe que o retirou da Presidência.

O filme é uma narrativa dos fatos que levaram ao golpe e à ditadura que comandou o país de 1964 a 1985. O período escolhido pelo diretor começa com a eleição de Jânio Quadros e vai até a eleição do marechal Castello Branco, em abril de 1964. Segundo Freire, o objetivo é “mostrar quem deu o golpe, porquê deu o golpe, a serviço de quem estavam. O papel dos Estados Unidos dentro disso tudo. O mundo polarizado da Guerra Fria como pano de fundo”.

Para contar a história foram feitas mais de 20 entrevistas com pessoas que atuavam politicamente naquele tempo e que resistiram ao golpe, como a jornalista Rose Nogueira, o líder sindical Derly José de Carvalho e o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Aldo Arantes. Os depoimentos pessoais servem, de acordo com o diretor, para estruturar uma narrativa sobre os fatos retratatos. “Não há memória individual. Ninguém é o centro do vídeo. O centro do vídeo é a história do Brasil naquele momento”, enfatiza Freire.

Também foram consultadas mais de uma dezena de fontes para reunir as imagens que compõe o filme. São usadas fotos e vídeos do Arquivo Público de São Paulo, do Insituto João Goulart, do Arquivo Nacional, dos arquivos na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas, entre outros.

Após a primeira exibição, o documentário passará a ser divulgado por movimentos sociais e será feita uma versão seriada. A divisão em capítulos tem o objetivo de facilitar a exibição em redes de TV ou o uso como material didático.

Edição: Andréa Quintiere

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