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Lei de Cotas sai da gaveta e começa a valer em 2013
Criado em 10/12/12 15h03
e atualizado em 21/12/12 19h21
Por Amanda Cieglinski
Fonte:Portal EBC
O projeto de lei tramitava no Congresso Nacional desde 2008, mas foi finalmente desengavetado em 2012. A nova Lei de Cotas promete mudar a composição das universidades federais brasileiras no prazo de dez anos. No primeiro ano de vigência da lei, pelo menos 12,5% das vagas oferecidas – seja por meio do vestibular ou do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – deverão ser destinadas a ex-alunos de escolas públicas, com prioridade para os candidatos de baixa renda, negros e índios.
Sancionado em 29 de agosto [2] pela presidenta Dilma, o projeto levantou muitas dúvidas sobre como seria a sua aplicação na prática, por isso foi editada uma regulamentação [3]detalhando melhor as novas regras. A lei prevê que as instituições federais reservem, no mínimo, 50% das vagas para estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escolas da rede pública, com distribuição proporcional das vagas entre negros, pardos e indígenas. A lei determina ainda que metade das vagas reservadas às cotas sociais – ou seja 25% do total da oferta – sejam preenchidas por alunos que venham de famílias com renda de até um salário mínimo e meio per capita. As instituições têm quatro anos para se adequar à norma.
Comemorada pelo movimento negro e por entidades da área da educação, a lei ainda provoca polêmica. As escolas particulares ameçaram ir à justiça contra as novas regras [5]. Mesmo entre os reitores das universidades federais, há quem duvide da eficácia da norma. Na Universidade Federal Fluminense (UFF), decidiu-se criar uma 'subcota' de 10% [6] das vagas paras alunos das redes municipais, com medo de que as cotas beneficiem exclusivamente alunos da “elite” da escola pública, como os colégios militares e os de aplicação, vinculados às universidades. Na avaliação do reitor da UFF, Roberto Salles a lei é um “retrocesso” [7].
A Lei de Cotas pode aumentar o preconceito? Assista
Por outro lado, as universidades estaduais paulistas [8], mesmo não sendo obrigadas por lei à instituir as cotas, já começam a discutir mecanismos de inclusão mais efetivos de inclusão, como a criação de cotas racias. Mas o desafio não se encerra com o estabelecimento de ações afirmativas: a partir da inclusão dos alunos negros e pobres nas universidades públicas, é necessário garantir a permanência [9]. O Ministério da Educação (MEC) já definiu que os cotistas de baixa renda terão acesso a uma bolsa de estudos [10] e cobra das insituições uma “política de acolhimento [11]” a esses alunos.
Para alguns especialistas, mais do que incluir a população mais pobre no ensino superior, a Lei de Cotas pode ter impacto também na escola pública [12]. A expectativa é que a classe média possa tenha interesse em migrar dos colégios particulares para os públicos, de olho na cota, e assim alterar a “composição social” da educação pública. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante [13], defendeu que a legislação estimulará "mais empenho" de alunos e professores diante da possibilidade de conseguir uma vaga em uma federal, o que melhoraria a qualidade do ensino.
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