Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil

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Destaque do tiro com arco olímpico, Marcus Vinícius D'Almeida testa arco e flecha indígenas

Criado em 25/10/15 11h35 e atualizado em 25/10/15 12h56
Por Nathália Mendes, de Palmas (TO) Fonte:Portal EBC

Muito tempo antes de Marcus Vinicius D'Almeida aprender a atirar suas primeiras flechas, indígenas de várias etnias brasileiras recorriam ao equipamento para caçar, lutar e também competir. Com resultados expressivos após cinco anos no tiro com arco, o atleta de 17 anos ajudou a recolocar os arqueiros brasileiros no circuito mundial – ele é campeão dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim, e ficou com a prata na Copa do Mundo da modalidade, ambos no ano passado. Mas, nesse sábado (24), ele revisitou as origens do esporte ao treinar com o arco e a flecha dos pataxós.

Se o arco e flecha dos povos indígenas estão intimamente ligados à caça, o tiro com arco olímpico é um esporte de precisão e repetição. Cada etnia indígena confecciona seu arco e sua flecha de acordo com os seus costumes – o material pataxó é feito com madeiras putuna, pati e tucum, e a flecha tem ponta de osso. O arco competitivo é aerodinâmico, conta com uma mira, estabilizadores e flechas de carbono ou alumínio, mais leves e resistentes.

Marcus Vinicius D'Almeida e Timbira Pataxó testam arco e flecha
Vice-campeão mundial, o arqueiro Marcus Vinicius D'Almeida mostra a Timbira Pataxó o equipamento que usa em treinos e competições do esporte olímpico. Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

“Usamos o arco e flecha hoje em dia mais para competir. A gente caçava muito com ele, mas, com a diminuição das florestas na nossa região, passamos a usar para provas dentro das nossas aldeias e para incentivar a nossa cultura. Nós temos muitos arqueiros bons na nossa aldeia e o nosso treino é no dia a dia”, afirmou Timbira Pataxó, flecheiro que ensinou Marcus Vinicius a utilizar o arco e a flecha pataxós. Ao segurar o arco e flecha usados em provas olímpicas, comparou: “É muito diferente. Estou acostumado com o meu, que é mais leve e mais simples”.

Assista a imagens do treino do arqueiro Marcus Vinícius D'Almeida e do flecheiro Timbira Pataxó. A produção é do Ministério do Esporte:

 

“Demorei uns quatro anos para conseguir um bom resultado com o meu arco. Com este aqui, precisaria de uns dez, vinte anos, para chegar lá, porque você perde um pouco da referência. Eu teria que treinar como eles fazem: desenhar uma onça como alvo e mirar nela. Mas acredito que poderia atirar de mais perto, não os 90 metros que eu costumo treinar”, brincou o atleta olímpico.

Acostumado a lançar cerca de 400 flechas por dia em seus treinos, Marcus Vinicius enxergou evolução ao usar o arco e flecha indígena pela segunda vez: “Consegui ir melhor do que fui na outra vez. Agora coloquei um pouco mais de força. A pegada é diferente e às vezes escapa. Aprender o arco indígena também é um aprendizado para a vida”.

Trocar o arco e flecha tradicional pelo conjunto utilizado no tiro com arco foi o caminho trilhado por atletas como Dream Braga [2] e Gustavo Santos, que saíram de aldeias para se tornarem profissionais. “Se algum indígena, não importa a etnia, conseguir ganhar medalha nas Olimpíadas, seria um grande orgulho”, sonha Timbira Pataxó. Marcus Vinícius morou com a dupla por três meses, quando fizeram parte da seleção nacional: “Eles já viraram arqueiros profissionais e viviam, assim como eu, uma rotina mais pesada. Mas foi uma experiência diferente”.

Creative Commons - CC BY 3.0

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