Compartilhar:
Conheça um museu onde as crianças ensinam e aprendem
Criado em 11/03/15 11h28
e atualizado em 11/03/15 11h53
Por Centro de Referências em Educação Integral [2]
"Vendo a casa ser montada, as crianças passaram a entrar para brincar, foram tomando conhecimento do que tinha e foram assumindo posições.” É assim com muita naturalidade e tranquilidade que Alemberg Quindins conta como nasceu e foi se construindo a Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, em Nova Olinda (CE).
A casa à qual Alemberg se refere é a casa de seu avô, parte de um engenho e uma das primeiras do povoado, que foi reformada para receber os materiais históricos e arqueológicos que ele e sua esposa Roseane coletavam pelo município e arredores.
Se a ideia inicial era preservar o patrimônio histórico e cultural da região, a instituição é hoje um polo de atividades lúdicas e culturais para as crianças, espaço de empoderamento delas e também de formação e geração de renda para jovens e adultos.
Segundo Alemberg, tudo aconteceu pela ação das crianças que foram se apoderando dos recursos da Casa Grande e demandando novas atividades. De tanto ver Alemberg e Rosiane explicarem aos visitantes o acervo do Memorial do Homem Kariri, as crianças passaram espontaneamente a apresentar o que o museu oferecia, repetindo o que haviam aprendido por meio da observação. Com os jovens se apropriando das atividades, a instituição formalizou a colaboração deles e cada vez mais crianças passaram a, por exemplo, receber os visitantes pela instituição, cuidar da gibiteca e propor atividades e brincadeiras. “A meta é empoderar a criança deste pequena”, explica o fundador da instituição.
Com mais crianças e adolescentes frequentando a Fundação, mais atividades foram sendo desenvolvidas. Assim, criaram-se oficinas de vídeos, música, rádio e teatro; e atividades esportivas, de formação profissional e de conscientização ambiental. “Iniciamos o trabalho com as crianças pequenas mas aí elas cresceram e sentiram necessidade de trabalhar e abrimos o programa de empreendedorismo. Percebemos também as demandas familiares e passamos a trabalhar com geração de renda”, relata Alemberg, reforçando a espontaneidade com que a Fundação foi crescendo.
Atualmente, a instituição trabalha com cinco programas: educação infantil, profissionalismo infanto-juvenil, empreendedorismo juvenil, geração de renda e sustentabilidade institucional. Para os pequenos, há espaços para acesso de obras e para produção de conteúdos. As crianças podem realizar programas de rádio que são transmitidos na emissora comunitária, participar de rodas de leitura, ou apenas jogar e brincar. As atividades são mediadas e orientadas pelos mais velhos.
À medida que vão crescendo, as crianças se envolvem em atividades mais complexas como a produção de vídeos ou fotos, e na realização de programas de rádio ou de televisão. “Damos instrumentos profissionais para ludicidade infantil e mais para frente eles passam a descobrir que estas são ferramentas.”
Com as ações voltadas à qualificação e ao empreendedorismo, muitos jovens seguem carreiras na produção cultural – desde técnico de som até a realizador de filmes. A Fundação os apoia na abertura de empresa própria para a prestação de serviços e custeia o primeiro ano de impostos. Questionado se há mercado de trabalho na cidade de pouco mais de 14 mil habitantes, Alemberg responde: “antigamente se pensava que o mercado estava ligado ao território, mas hoje sabemos que está mais ligado ao talento”. E assim, garotos da Fundação têm suas produções exibidas em outros países e prestam serviços em outros estados.
Deixe seu comentário