Livro ajuda tentantes

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Livro busca amenizar ansiedade de quem tenta ter filhos

Criado em 31/03/15 11h07 e atualizado em 31/03/15 11h29
Por Agência Usp de Notícias [2]

Lançado recentemente pela editora Segmento Farma, o livro “Cadê você, bebê?”, da psicóloga Liliana Seger busca ser um suporte para os casais que tentam por muito tempo ter filhos. A pesquisadora, durante seu doutorado, diagnosticou que os casais que estavam tentando ter filhos não possuíam ninguém com quem conversar ou algum apoio para dividir, compartilhar e até ouvir frustrações semelhantes. Isso a motivou a encontrar algum meio que pudesse suprir essa necessidade.

Cadê você, bebê?
Creative Commons - CC BY 3.0 - Livro  Cadê você, bebê?

Marcos Santos / USP Imagens

Liliana colheu depoimentos tanto de pacientes, quanto de outras pessoas passando pelo problema, e identificou o que trazia mais dor nos diferentes momentos do processo, desde a decisão de ter um bebê, passando pela descoberta da infertilidade do homem ou da mulher, os tratamentos, até a maternidade ou adoção.

Segundo a psicóloga, as questões que os entrevistados, principalmente as mulheres, enfrentam são das mais variadas: “O que está acontecendo?”, “Por que comigo?”, culpa, raiva, o sentimento de ser “menos homem” ou “menos mulher”, a procura de vários médicos, a sensação de ser diferente de todo o mundo. Durante o processo, quem está tentando ter filhos passa por momentos de ansiedade ao procurar os diferentes tratamentos: inseminação artificial, fertilização in vitro, ovulação, busca por doação de sêmen. A impressão é de que a pessoa só vê fetos, mulheres grávidas com barriga, carrinhos de bebê.

Durante toda sua vida profissional e acadêmica, Liliana notou que atualmente os casais estão procurando ter filhos mais tarde, após a formação universitária, conquista da casa própria e estabilidade financeira. As mulheres, após os 35 anos, têm um decréscimo de ovulação. Os óvulos, na data do nascimento, já estão todos formados no corpo feminino e vão envelhecendo conforme os anos. A dificuldade para engravidar, portanto, aumenta depois dessa idade.

A pesquisadora explica que, apenas após um ano de tentativas, o casal deve procurar ajuda médica, já que as chances de gravidez, em um mês, são de somente 18% quando não há problema nenhum.

Ansiedade

Entretanto, por desconhecer essa informação, as pessoas acreditam que devem engravidar nas primeiras tentativas sem o uso de métodos contraceptivos. Isso provoca uma alta carga de ansiedade quando, muitas vezes, não há nada de errado. A psicóloga abre exceção apenas para mulheres mais velhas, que para ela devem procurar um médico antes desse período, com vistas a ganhar tempo. A autora afirma que “40% das questões de infertilidade são das mulheres, 40%, dos homens e 20%, mistas”. Quando um homem não produz espermas, tem pouca quantidade ou baixa mobilidade, ele pensa que é menos potente ou viril, o que não têm relação com a fertilidade. Psicologicamente, porém, a ligação é muito forte e há aqueles que ficam debilitados emocionalmente quando descobrem. Contudo, no geral, as mulheres se abalam mais com a descoberta.

O livro não fez parte de nenhum projeto acadêmico da pesquisadora. Foi um projeto voltado para leigos, que desconhecem os tratamentos ou não possuem dinheiro para uma terapia. A sua diagramação e seu conteúdo são leves e de fácil acesso para não parecer algo acadêmico.

“Eu queria que esse livro fosse o conselheiro dessas pessoas, que pudesse acalmar suas angústias e elas percebessem que outros também passam por situações semelhantes”.

E, neste aspecto, o objetivo está sendo atingido, diz a psicóloga, ao mencionar que já recebeu uma mensagem de uma leitora que não tinha condições financeiras, passava pelo processo com muito sofrimento e utilizou as informações do livro como terapia.

O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece tratamentos de reprodução humana assistida no HC e no Hospital Pérola Byington, em São Paulo. Entretanto, existe uma seleção muito rígida para receber o atendimento incluindo, entre outros critérios, idade e tempo de tentativa. Normalmente somente os procedimentos mais baratos são oferecidos, e a medicação tem preço muito elevado. A pesquisadora considera que, nesse aspectos, as mulheres estão desassistidas: “Infelizmente, no Brasil, para a saúde pública, o não poder ter filhos não é considerado um problema – o problema é ter filhos demais”.

Segundo Liliana, os casais costumam escutar de amigos e médicos para “desencanar”, focar suas atenções em outras coisas porque pode ser coisa da cabeça dela e sugerem para adotar um cachorro e até mesmo uma criança para amenizar o estresse entorno do assunto. Isso, para ela, é a pior coisa que se pode falar para alguém que está tentando. “Adoção não é um vale-brinde para engravidar”. A fala ‘adote um que depois vem o seu’ é comum e surpreende a pesquisadora: “Se você adotar um filho ele é o seu”.

Esses argumentos também podem deixar a pessoa ainda pior, porque ela supõe que não consegue engravidar por sua culpa, por conta de seus problemas emocionais, quando não é isso. O estresse causa alterações hormonais importantes, mas “não se trata só de parar de ficar preocupado”.

Creative Commons - CC BY 3.0

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