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Maioria dos membros da Academia de Ciências austríaca pertenceu ao partido nazista
Criado em 16/02/13 17h25
e atualizado em 16/02/13 17h40
Por Agência Lusa
A Academia de Ciências austríaca admitiu, 68 anos após a queda da ditadura de Adolf Hitler, que a maioria dos seus membros pertenceu, à época, ao partido nazista.
Um estudo elaborado por historiadores e que será divulgado no dia 12 de março -- data que em que completa 75 anos da anexação da Áustria pela Alemanha nazista -- adianta que três quintos dos membros da Academia pertenciam ao partido nazista (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães - NSDAP).
Segundo o estudo, revelado neste sábado (15) pelo semanário austríaco Profil, a Academia de Ciências proclamou-se “livre de judeus” em 1939 e, a partir de 1941, participou mesmo em “investigação racial”, nomeadamente medindo crânios de deportados e prisioneiros de guerra.
Entre os 53 membros da Academia, 21 eram judeus, entre os quais os Prémios Nobel Richard Willstätter, Viktor Franz Hess e Erwin Schrödinger, e todos foram excluídos da instituição. Nove deles acabaram morrendo no Holocausto.
Após a queda do III Reich, a Academia austríaca suspendeu os membros nazistas, mas, a partir de 1950, estes começaram a ser paulatinamente reabilitados, incluindo um comandante das milícias paramilitares de Sturmbannführer.
Um deles, Fritz Knoll, chegou mesmo a secretário geral da Academia, no final dos anos 1950. Falta agora apurar, considera o historiador austríaco Heidemarie Uhl que participou do estudo, “se a Academia das Ciências, ao reintegrar os ex-nazistas, não estava apenas cumprindo a norma da sociedade austríaca do pós-guerra”.
Até o início dos anos 1990, a Áustria rejeitou qualquer envolvimento com os nazistas, autodescrevendo-se como “a primeira vítima de Adolf Hitler”. Só em 1994, o então chefe de Estado Thomas Klestil assumiu publicamente, num discurso perante o parlamento israelita, a responsabilidade da Áustria nas atrocidades da II Guerra.
Stefan Sienell, outro historiador que participou do estudo, considera que a Academia deve agora “tirar consequências” acerca das “distinções honoríficas” atribuídas aos antigos nazistas, transformados em membros de honra e medalhados por mérito.
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