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Patriota: espionagem terá que ser tratada por todos os órgãos da ONU
Criado em 26/09/13 12h56
e atualizado em 26/09/13 16h23
Por Carolina Gonçalves
Fonte:Agência Brasil [2]
Brasília – A espionagem internacional que ameaça a soberania de alguns países deve ser um dos temas mais relevantes dos debates na reunião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na opinião do ex-ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. O diplomata está sendo sabatinado na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que avalia a indicação de seu nome para ocupar o cargo de representante permanente do Brasil junto à ONU, indicado pela presidente Dilma Rousseff.
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“Novamente temos a tríade de preservar as conquistas duramente alcançadas [no cenário internacional], como a proteção dos direitos humanos e dispositivos sobre pactos de direitos civis, apontar assimetrias e denunciar abusos, mas também mostrar caminhos”, disse.
Patriota elogiou o discurso da presidenta Dilma Rousseff na abertura do encontro internacional e disse que Dilma apontou uma das saídas para o problema. “Todos os órgãos [da ONU] vão ser mobilizados para tratar o assunto de maneira multisetorial. A via cibernética não pode ser usada para efeitos que afetem a soberania”, alertou.
O diplomata deve dedicar grande parte de sua atuação, na ONU, a discussões polêmicas e de difícil consenso como a situação na Síria que foi agravada desde a suspeita de que foram usadas armas químicas contra civis. O tema da espionagem e da manutenção de conquistas como a garantia da soberania dos países e proteção dos direitos humanos também estão no topo das prioridades do ex-chanceler.
Durante sabatina no Senado, o ex-chanceler Antonio Patriota destacou o papel de liderança do Brasil no cenário mundial em temas como o desenvolvimento sustentável e proteção dos direitos humanos. Patriota avaliou que “assim como a ONU é fundamental para Brasil consolidar conquistas e propor caminhos, o Brasil é cada vez mais fundamental para as Nações Unidas”.
O diplomata disse que a atuação do Brasil nas Nações Unidas deve ocorrer em torno de três eixos principais. De acordo com Patriota, o primeiro foco das atenções do governo brasileiro na instância internacional deve ser a preservação das conquistas do ultimo século como igualdade soberana dos estados e o conceito de responsabilidades comuns e diferenciadas na áreas de meio ambiente. Patriota alertou que esses conceitos estão constantemente ameaçados por ações isoladas de alguns países.
“O segundo eixo seria o da denúncia das insuficiências, das assimetrias, dos abusos, das violações e das lacunas existentes no ordenamento internacional. A partir dai podemos identificar uma agenda propositiva que seria o terceiro eixo. E o Brasil tem mostrado capacidade de propor agenda propositiva”, avaliou.
Apesar de destacar o empenho brasileiro para garantir a proteção de direitos humanos em questões internacionais e protagonizar a inclusão do conceito de desenvolvimento sustentável na agenda dos países, Patriota disse que o Brasil ainda tem uma representação pequena nas Nações Unidas.
Patriota lembrou que hoje alguns brasileiros ocupam cargos significativos na organização e citou o brasileiro Bráulio Dias, na liderança da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, Roberto Azevêdo, que assumiu como diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e José Graziano da Silva que ocupa a direção da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
“Mas há menos brasileiros que argentinos e mexicanos no secretariado das Nações Unidas. Formamos 0,40 % do secretariado. Estamos tentando motivar os jovens e brasileiros de todas as regiões para que esse déficit de participação seja corrigido”, disse.
Antonio Patriota ainda explicou que a organização tem “muito trabalho” nos próximos anos e lembrou que, em 2015, a ONU completa sete décadas de existência. Para o diplomata a data será um marco importante para que os países membros tentem chegar a um consenso sobre a reforma do conselho de segurança e sobre posicionamentos diante de conflitos.
“Existe grupo que trabalha há 20 anos nesse assunto sem conseguir romper os impasses. É um reconhecimento que é um tema que não pode sair da agenda mundial que se torna premente na medida que vemos essas configurações no mundo”, disse, ao se referir a situação na Síria e das ameaças de intervenção de países liderados pelos Estados Unidos em decorrência da suspeita de uso de armas químicas contra civis.
Antonio Patriota, 59 anos, foi ministro das Relações Exteriores [6] por dois anos e oito meses. Com 34 anos de carreira diplomática, Patriota serviu na missão permanente do Brasil em organismos internacionais em Genebra, na Suíça (1999-2003), foi representante alterno na Organização Mundial do Comércio (OMC) e também integrou a delegação brasileira no Conselho de Segurança da ONU (1994-1999).
*Colaborou Renata Giraldi
Edição: Valéria Aguiar
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