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Planos para conectar Atlântico ao Pacífico ameaçam Amazônia
Criado em 30/11/12 09h00
e atualizado em 04/12/12 09h13
Por Allan Walbert
Fonte:Portal EBC
A maneira como rodovias e estradas estão sendo construídas tem ameaçado o futuro sustentável da Amazônia. De acordo com o Atlas Amazônia Sob Pressão [2], divulgado nesta terça-feira (4), a relação entre os modais e o desmatamento é alta e direta. Estima-se que em 80% dos casos na Amazônia brasileira, a distância entre vias pavimentadas e áreas desmatadas encontra-se em torno dos 30 quilômetros.
Consideradas por muitos como condicionantes para levar o desenvolvimento à região norte, as estradas têm cada vez mais servido aos interesses econômicos em detrimento das necessidades ambientais. As tradicionais vias fluviais não dão mais conta da demanda por transporte de mercadorias. Cria-se então uma rede terrestre que, aliada a essas vias fluviais, querem ligar pontos estratégicos da Amazônia.
O relatório exemplifica a questão citando a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), composta pelos doze países sul-americanos, que pretende criar na Amazônia um eixo integrado de estradas e rios para conectar os Oceanos Pacífico e Atlântico, infraestrutura que deve abranger uma área de 5.657.679 km².
“A presença de estradas na Amazônia favorece o desmatamento. As suas construções estão associadas a formas degradantes de extração de recursos florestais”, aponta o atlas, citando a exploração ilegal de madeira, atividades agropecuárias e processos de urbanização exagerados como substituintes da mata nativa. O ‘Arco do Desmatamento’ é lembrado como caso sensível, onde estão localizadas as rodovias Belém-Brasília, Cuiabá-Santarém e Cuiabá-Porto Velho.
Em torno de 71,4% do total de comprimento das vias estão localizadas na Amazônia, a maioria não está pavimentadas (estradas). O número tende a subir. A carta de projetos de 2011 do Conselho Interamericano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan) informa que para o desenvolvimento da Amazônia estão previstas 64 obras de infraestrutura: 15 delas são vias terrestres.
“É importante salientar que embora o Brasil não seja o país com maior densidade nacional de vias terrestres (comprimento por área), é o que contém a maior densidade em relação às sub-bacias hidrográficas”, alerta o Atlas.
Confira o mapa abaixo que mostra a densidade de vias terrestres nos países que compõem a Amazônia
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