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Veículos de mídia influenciam na insatisfação com o governo, diz criador do Manchetômetro

Criado em 18/08/15 12h57 e atualizado em 18/08/15 19h51
Por Portal EBC

Brasília - Em entrevista ao Repórter Brasil, o professor do laboratório de Estudos de Mídias da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e criador do Manchetômetro, João Feres Júnior, considera que as manifestações contra o governo de Dilma Rousseff realizadas no último domingo (16) foram, em grande parte, ocasionadas pela forma com a qual os veículos de comunicação tratam a política brasileira em seus noticiários.

"Acho que é uma consequência natural dos anos a fio de bombardeio que a gente sofre por meio da grande mídia contra a política institucional. Você tem uma cobertura que é quase um incentivo, ou seja a cobertura fica chamando as pessoas às ruas", avalia Júnior.

Segundo o professor, a política é desvalorizada por meio de uma leitura que liga essas atividades à corrupção. "É sempre pela chave da corrupção, igualando a política com roubo, com a desonestidade, que você vê as instituições serem noticiadas".

Ele aponta que os mesmos grupos de comunicação que derrubaram Getúlio Vargas e João Goulart são os que mais contribuem com essa visão da política brasileira e considera que o governo Dilma sofre as consequências da falta de ação em relação à democratização da mídia no país.

"O problema desses mesmos grupos ainda terem o oligopólio da comunicação pública no Brasil é o fato de a gente não ter uma regulação do sistema de mídia como qualquer democracia desenvolvida no mundo hoje em dia. Os dois governos Lula e o governo Dilma fizeram quase nada em relação à democratização da mídia e acho que estão colhendo agora os frutos dessa falta de ação", aponta. .