A produção de hardware livre é um dos desafios que o Brasil tem pela frente

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Internet das coisas: Brasil precisa buscar soberania computacional, diz Silvio Rhatto

Criado em 11/07/15 06h50 e atualizado em 11/07/15 11h07
Por Ana Elisa Santana Fonte:Portal EBC

A preocupação com a segurança dos dados que compartilhamos pela internet, pelo computador ou pelo celular, é cada vez maior, mas poucos são os passos que o país deu e grandes os desafios, até os dias de hoje, para garantir que os brasileiros possam fazer uma navegação segura, com a maior proteção possível em relação à vigilância. A avaliação é do desenvolvedor Silvio Rhatto, que se apresentou em palestra nesta sexta-feira (11/7) no 16º Fórum Internacional de Software Livre.

Não só as grandes agências internacionais estão aptas a monitorar o que fazemos pela internet: "Pode-se chegar a uma situação futura na qual a gente tente comprar um plano de saúde, e com base na nossa comunicação anterior que já foi espionada, determinada empresa dê preço diferenciado porque a gente tem algum histórico que não quis, necessariamente, divulgar", explica Silvio Rhatto. Isso porque, segundo ele, todos os serviços gratuitos que utilizamos na web são, na verdade, pagos com nossos dados em diversos níveis, conforme preveem os Termos de Uso de cada um deles.

Soberania computacional

O software livre entra nesse cenário como opção de maior segurança na rede, segundo defendem Rhatto e outros desenvolvedores [2]. Para isso, o país precisa começar a pensar em uma soberania computacional, ou seja, ser capaz de desenvolver tecnologias livres que possam servir como real opção, com igual facilidade de acesso e qualidade, às opções proprietárias que hoje são largamente utilizadas. Ter a possibilidade de modificar e atualizar indefinidamente softwares e hardwares, sejam eles em computadores ou smartphones, faria com que os usuários se tornassem menos reféns da indústria que hoje utiliza informações pessoais como moeda de troca, além de problemas como a obsolescência programada. "(A obsolescência) não é uma condição inerente à tecnologia que se desfaz. Ela se desfaz, sim, no entanto esse esfacelamento é programado para durar um certo tempo, e isso tem consequências, por exemplo, ecológicas", defende Rhatto.

Entre os desafios para atingir a soberania, estão a propriedade intelectual, ou seja, patentes registradas com copyright, que não permitem modificações; recursos limitados tanto em relação a materiais quanto em tecnologia; e as versões proprietárias que já estão no mercado, muitas vezes barateadas, e que já funcionam e são utilizadas em larga escala. A posição do Brasil, segundo ressalta Silvio Rhatto, não é por falta de conhecimento especializado, mas sim infraestrutura. "A gente não tem hoje condições de levar isso, a gente não tem uma fábrica de microprocessadores; e isso é básico", diz o desenvolvedor.

Como se proteger

Na Era da Informação, é muito difícil se manter longe das formas de comunicação online. Não é preciso, no entanto, ter medo da espionagem. Segundo Silvio Rhatto, uma forma de se proteger, além do uso do software livre, é com a compra de serviços mais utilizados, como a conta de email: "(Pagando pelo serviço) já está saindo um pouco desse regime; você virou cliente e já está sendo protegido pelo Código do Consumidor de uma forma maior; o termo de serviço é diferente", conta. 

Assista à entrevista com o desenvolvedor Silvio Rhatto:

*A Internet das Coisas ou Internet of Things (IoF), em inglês, é um termo utilizado para designar a conectividade entre vários tipos de objetos do dia a dia sensíveis à internet, desde eletrodomésticos até outros equipamentos espalhados pela cidade. Conceitualmente, é a posibilidade de conectar o mundo físico com o mundo digital por meio da web. (Fonte: Porvir [3])

*A EBC participa da 16ª edição do Fisl como apoiadora do evento, que acontece entre 8 e 11 de julho em Porto Alegre.

Tags:  fisl16 [6], Software Livre [7], hardware livre [8], Vigilância [9], Espionagem [10]
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