Caminhos da Reportagem discute a justiça feita com as próprias mãos

Publicado em 18/02/2016 - 15:51

Todos os dias uma pessoa é linchada no Brasil, segundo pesquisas feitas com base em notícias de jornal. Os vídeos são gravados pelo celular e circulam em grande quantidade na internet. Mas o que está por trás dos chamados justiçamentos?

O Caminhos da Reportagem foi buscar essa e outras respostas no programa que vai ao ar nesta quinta (18), às 22h, na TV Brasil. A equipe de jornalismo vai até o Maranhão e São Paulo para ouvir parentes de vítimas destas ações, consultar estudiosos e entrevistar representantes do poder público.

Em São Luís, no Maranhão, Cledenilson Pereira da Silva foi amarrado a um poste e torturado até a morte após uma tentativa de assalto, no ano passado. A mãe dele, Maria José Pires, ainda se pergunta: "será que aquilo não dói dentro deles hoje, depois que passou a raiva?".

O professor de história André Luiz Ribeiro por pouco não teve o mesmo destino depois de ter sido confundido com um assaltante em São Paulo. "Não adianta nada cometerem isso comigo e eu querer revidar. Eu estaria apenas perpetuando essa sociedade podre", afirma o educador.

O comerciante acusado por André de ter liderado a tentativa de linchamento contra ele, passou por situação semelhante no passado, mas defende a reação da população por causa da violência e da falta de confiança na segurança pública e na justiça.

No Guarujá, Fabiane Maria de Jesus foi linchada e morta por moradores do bairro Morrinhos, que a confundiram com uma sequestradora de crianças que vinha sendo denunciada nas redes sociais. "O que resta agora é só saudade mesmo. Infelizmente, não volta mais. A saudade é a palavra que eu tenho", lamenta Jaílson das Neves, marido de Fabiane. Apesar da repercussão nacional, ele ainda espera o julgamento das poucas pessoas que foram identificadas até agora.

Segundo especialistas que conversaram com a equipe do programa da TV Brasil, a lógica do linchamento é semelhante à da frase “bandido bom, é bandido morto”. Para o sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise de Violência da Uerj, a barbárie latente não resolve o problema. "A deficiência do sistema não pode ser resolvida através da tentativa dos indivíduos de tomar, supostamente, a justiça pelas suas próprias mãos. A falência do Estado tem que ser resolvida com uma cobrança maior para que o Estado funcione melhor".

O Caminhos da Reportagem revela que as execuções extrajudiciais por parte da polícia e a atuação das milícias também compõem o quadro de uma sociedade que se distancia da justiça quando acredita que deve fazer (in)justiça com as próprias mãos.

Serviço
Caminhos da Reportagem – quinta-feira (18), às 22h, na TV Brasil

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