A cultura do estupro enraizada no Brasil se dá pela combinação de vários fatores, entre os quais os valores disseminados pela televisão. Espaços para discutir a questão com seriedade são poucos, quase inexistentes. Interessada em conquistar índices de audiência, a TV explora o corpo da mulher e faz da violência um grande espetáculo.
Para aprofundar a análise sobre a cobertura e debate do tema na televisão, o programa Ver TV recebe especialistas na causa neste domingo (26), às 23h, na TV Brasil. O apresentador Lalo Leal entrevista a diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Vieira; o presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Fábio Paes; e a defensora pública do estado de São Paulo, Ana Rita Prata, coordenadora do núcleo especializado de promoção dos direitos da mulher.
Segundo Jacira Vieira, a imprensa precisa quebrar paradigmas no que diz respeito ao assunto. “Quando a gente fala de cultura do estupro, o que nós estamos dizendo? Nós estamos dizendo que a sociedade ainda trabalha com uma lógica que a mídia reforça muito, que estupro só acontece naquele lugar escuro por um homem não branco”, critica.
Ana Rita Prata também condena a forma como o estupro é apresentado na teledramaturgia. “Essa conduta é naturalizada, é relativizada, é romantizada. A gente vê a mídia, principalmente novelas, romantizando as condutas de forçar o sexo, de forçar uma atitude, como se isso fosse uma prova de amor”, lamenta.
A secretária-adjunta dos direitos humanos da Prefeitura de São Paulo, Djamila Ribeiro, relembra as origens da cultura do estupro no Brasil. Já a psicóloga e coordenadora do Observatório da Mulher, Rachel Moreno, cita exemplos de alguns países que resolveram enfrentar a violência na TV em geral e aquela praticada particularmente contra a mulher.
A internet tem sido um instrumento importante na luta contra a cultura do estupro. A revista digital Pixel TV publicou o artigo “Precisamos falar sobre a cultura do estupro na TV”. Uma das autoras, a bibliotecária Maisa França, comenta o site e o artigo, por Skype.
A falta de cuidado da mídia ao relatar casos de estupro é uma das preocupações da consultoria Think Eva. O grupo preparou um manual para auxiliar os jornalistas nesse tipo de cobertura. Uma das fundadoras da consultoria, Maira Ligouri, explica a iniciativa.
Serviço:
Ver TV – domingo (26), às 23h, na TV Brasil.