Série "Há muitas noites na noite" apresenta a trajetória do poeta Ferreira Gullar no exílio

Publicado em 29/07/2016 - 15:05
Produção dirigida por Silvio Tendler é inspirada no "Poema Sujo', principal obra do imortal

A TV Brasil exibe o primeiro episódio da série Há Muitas Noites na Noite nesta sexta (29), à meia-noite. A proposta é recordar a saga do poeta Ferreira Gullar no exílio durante a ditadura no país através do depoimento do próprio escritor, de amigos e intelectuais.

Sob a direção do cineasta Silvio Tendler, o seriado é inspirado no "Poema Sujo', a mais ousada e polêmica obra do escritor e ensaísta maranhense. A produção mescla ainda animações, músicas, leituras, documentos e ilustrações.

Há Muitas Noites na Noite tem a participação de diversos personalidades que utilizam a arte para transmitir suas ideias políticas. Na série, eles cantam músicas, trazem depoimentos sobre aquela época e declamam versos do poema de Gullar.

Participam do programa nomes como, os jornalistas Sérgio Cabral e Zuenir Ventura, os cineastas Zelito Viana e Cácá Diegues, as cantoras Alcione e Maria Bethânia, os cantores Raimundo Fagner, Edu Lobo, Pedro Luis e Zeca Baleiro, os escritores Eduardo Galeano e Antonio Carlos Secchin, o cartunista Ziraldo, o ator Cecil Thiré e o humorista Agildo Ribeiro, entre outros.

A série documental traça um panorama sobre o período em que Ferreira Gullar viveu exilado. Organizada em sete episódios semanais, a proução registra a trajetória pessoal e política do imortal, desde 1964, quando ele integrou o Centro Popular de Cultura da UNE, passando pelas resistências artísticas no Brasil, com o Grupo Opinião e o Teatro de Arena, até seu exílio na Rússia e em alguns países da América Latina. Ainda recorda todas as dificuldades e tristezas decorrentes da distância da família e amigos.

Em 1975, durante o exílio em Buenos Aires, longe da mulher e dos filhos que haviam retornado para casa, Gullar resolve escrever o que considerava ser sua última obra. “Poema Sujo” foi trazido por Vinícius de Moraes numa fita, transformado em manifesto e publicado em 1976, numa noite de autógrafos sem a presença do autor. A série da TV Brasil se encerra no ano de 1978, quando Ferreira Gullar volta ao país e é interrogado e torturado pelo DOPS, um dia após o seu desembarque no Rio de Janeiro.


Primeiro episódio: "O Poeta: da resistência cultural à Moscou"

O episódio inicial da série faz uma viagem à década de 1960 e apresenta o já renomado poeta Ferreira Gullar como membro do Centro Popular de Cultura da UNE. Com o golpe de 1964, Gullar entra para o Partido Comunista como forma de se posicionar em relação à ditadura militar.

Os membros do então ilegal CPC fundam o Grupo Opinião, do qual participam sua esposa Thereza Aragão, Oduvaldo Vianna Filho, João das Neves, Zé Keti, Nara Leão, e, posteriormente, Maria Bethânia. Com espetáculos de sucesso de público e crítica, o Grupo Opinião se torna uma das mais importantes formas de resistência artística à ditadura.

Anos depois Gullar é denunciado como dirigente do Partido Comunista e entra para a clandestinidade, afastando-se da família e da vida social, sendo obrigado a viver escondido na casa de amigos, onde um quarto fechado passa a ser seu cenário cotidiano. Quando se vê sem mais opções, o poeta parte para o exílio.

Serviço
Há muitas noites na noite – sexta (29) para sábado (30), à meia-noite, na TV Brasil

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