Silvana Neitzke traz para a EBC a garra dos esportes olímpicos

Publicado em 28/07/2016 - 18:49 e atualizado em 28/07/2016 - 19:03
Silvana aplica na cinegrafia as lições aprendidas no esporte

Em 1992, Silvana Neitzke trocou um fusca por uma câmara portátil em um brechó de Brasília. Naquela época ela estava prestes a embarcar para o que seria o auge de sua carreira como atleta de salto ornamental: a participação nos Jogos Olímpicos de Barcelona. Aquele momento seria também o embrião do que alguns anos depois se tornaria sua nova profissão: a reportagem cinematográfica, atividade que exerce hoje na EBC.

A brasiliense de 1 metro e 55 de altura começou cedo no esporte. Com 8 anos começava os treinamentos nas piscinas do Defer, que há época oferecia aulas gratuitas em várias modalidades. Ela conhecia pouco sobre salto ornamental, mas conta que a escolha da modalidade foi natural. “Sempre fui muito frenética e também adorava nadar”, conta. Segundo ela, o salto ornamental é um esporte que exige muita habilidade e explosão e cuja a baixa estatura é uma vantagem, visto que ajuda nas rotações.

Silvana se destacou cedo nas competições regionais, logo partiu para o Campeonato Brasileiro, onde foi 9 vezes campeã. Acumula no currículo também três títulos no Campeonato Sulamericano, um pela Copa Cuba, além de duas participações na Copa Europa e a conquista do quarto lugar no Mundial de Madri, em 1991, que lhe rendeu a pontuação necessária para participar nas Olimpíadas no ano seguinte.

Responsabilidade

Ela explica que aos Jogos Olímpicos são um evento singular na vida do atleta. “Todos os holofotes estão voltados para você. É uma pressão e uma responsabilidade grandes, nessa hora é o psicológico que mais conta, mais até que o físico”, avalia. A maior lição que ela trouxe dos jogos, no entanto, foi a do valor da persistência e do trabalho duro. “A luta e a dedicação de todos, não importava a origem, havia sido grande”, conta. “Somos todos iguais, se você batalha e se dedica você chega lá.”

Lá, de posse de sua câmera, modelo Canon Super VHS, pode registrar vários momentos das competições e dos bastidores. Impressionou-se com a faceta cultural do megaevento. “Havia vários shows e atividades de promoção da cultura espanhola”, recorda. “Além disso, convivíamos com atletas de todas as modalidades na Vila Olímpica, algo que não acontecia em outros eventos esportivos”.

Ela recorda, por exemplo, o hábito de alguns frequentadores do evento da troca de broches. Eram pessoas do mundo todo que não tinham nada a ver com o esporte, mas colecionavam broches das olimpíadas, dos esportes e dos países. “Eles andavam com coletes gigantescos, como se fosse roupões”, lembra. Ela explica que era de praxe na organização que cada atleta ganhar 20 broches. Quando saiam da vila olímpica sempre se deparavam com esses trocadores de broches. “Eu mesmo tenho vários desses broches. Na época eu colecionei demais, principalmente os relacionados a minha modalidade.”

Lição de Vida

O esporte atualmente para Silvana é um modo de vida, mas mais em termos de cuidados da saúde em termos da atividade física. “Antigamente era o meu foco, meu objetivo”, afirma. Ela acredita que o esporte é a melhor forma de uma criança aprender o que é disciplina, convivência social e sobre como competir na vida. “O esporte prepara para o futuro, em termos de vida mesmo, porque pelo resto da sua vida será uma competição”, filosofa. “Qualquer caminho que você segue vai enfrentar uma competição diária, em que às vezes você perde às vezes você ganha. E o esporte traz muito isso, você aprende a perder ou a ganhar.”

A transição para a nova profissão foi natural. Logo depois das olimpíadas mudou-se para os Estados Unidos da América, onde ficou até 2003. Por lá, ainda competiu por ligas universitárias nos EUA, mas já fez cursos na área de audiovisual. Completou a formação já de volta ao Brasil com uma graduação em jornalismo na Universidade de Brasília. “Já direcionei meus estudos para passar o concurso da EBC”, relembra.

A rotina de reportagem à fisgou, transformando em profissão o que começou como brincadeira ainda durante as competições de 1992. Na correria das pautas, Silvana reconhece como os valores aprendidos na prática do esporte continuam vivos. “O esporte sempre exigiu atenção aos detalhes e a minha profissão também”, observa. “Você tem que sacar um bom enquadramento, perceber os arredores, ver o que está sobrando o que está faltando no cenário de uma entrevista”. Além disso, complementa, as duas atividades exigem disciplina e dedicação. “Trabalhando com o que você gosta e fazendo com prazer, consequentemente não tem como dá errado”.

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