Caminhos da Reportagem discute a situação de quem sofre com a sífilis

Publicado em 29/03/2017 - 16:51 e atualizado em 30/03/2017 - 15:19

Doença considerada erradicada volta a prejudicar a saúde de mulheres grávidas e bebês, principalmente

Nesta quinta (30), às 22h, na TV Brasil, o Caminhos da Reportagem apresenta uma matéria especial sobre a sífilis, doença que chegou a ser considerada erradicada do passado, mas que voltou com força em pleno século XXI. O programa consulta médicos e pesquisadores, além de entrevistar pacientes, para entender a dimensão do problema.

A atração jornalística mostra que, no final de 2016, o Ministério da Saúde admitiu que o Brasil vivia uma epidemia de sífilis. Em um ano (2014-2015), o número de casos entre adultos aumentou 32,7%. Esse crescimento, contudo, também pode ser observado em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o aumento nesse mesmo período foi de 19%.

O programa mostra que a face mais cruel da doença se apresenta justamente entre recém-nascidos. A chamada sífilis congênita, passada de mãe para filho, pode provocar abortos, partos prematuros, cegueira, surdez e até mesmo microcefalia. Os últimos números de 2015 mostram que a doença foi responsável pelo aborto e a morte de cerca de 1500 bebês no Brasil.

No estágio mais avançado, ela provoca comprometimento em órgãos como o cérebro e o coração. No passado, muitas pessoas que foram diagnosticadas com problemas psiquiátricos, na verdade, desenvolveram manifestações tardias da sífilis, e ainda hoje ela pode ser confundida com Mal de Alzheimer, por exemplo.

O Caminho da Reportagem recorda o caso do jogador de futebol Heleno de Freitas que brilhou com as camisas do Botafogo e da seleção brasileira. O artilheiro-galã era considerado o primeiro "craque problema" do futebol nacional. O atleta contraiu a neurossífilis ou sífilis terciária, uma manifestação tardia da doença que não tem cura e o tratamento apenas impede o avanço, sem dar fim às sequelas. Heleno de Freitas, morreu por causa de complicações decorrentes da doença.

Chamada de "doença de mil faces" ou de "grande fingidora", por causa da multiplicidade de sintomas, a sua origem ainda é um mistério. Doença sexualmente transmissível (DST), a sífilis pode ser curada se tiver tratamento imediato.

O tratamento para a sífilis só veio através da descoberta da penicilina em 1928 pelo médico britânico Alexander Fleming. Usada em grande escala durante a Segunda Guerra Mundial, ela foi o primeiro antibiótico do mundo, mas hoje tem despertado pouco interesse por parte da indústria farmacêutica, devido ao seu preço, considerado baixo no mercado.

Atualmente, apenas a Índia e China produzem a matéria-prima para a penicilina, o que vem provocando ondas mundiais de desbastecimento. Longe dos holofotes, a doença que para muitos só existia nos livros de história vai mostrando as suas faces durante as gravações realizadas pela equipe do programa da TV Brasil.

Muitas ocultadas pelo preconceito, como as gestantes com sífilis que preferem não se identificar nas entrevistas, mas que revelam bastante sobre antigos problemas que, de alguma forma, ainda persistem no nosso século: o tabu que envolve o sexo e o embate entre interesses econômicos e sociais.

"A reação do meu marido foi de triste e de raiva ao mesmo tempo quando contei que tinha sífilis", revela uma gestante que conversou com a repórter Aline Beckstein.

O programa jornalístico tem horários alternativos na TV Brasil na madrugada de quinta para sexta-feira às 3h15. O Caminhos da Reportagem também vai ao ar aos domingos, às 20h.

Serviço:
Caminhos da Reportagem – quinta-feira (30), às 22h00, na TV Brasil.
Caminhos da Reportagem – quinta (30) para sexta-feira (31), às 03h15, na TV Brasil.
Caminhos da Reportagem – domingo (2), às 20h00, na TV Brasil.

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