Artista baiana fala sobre carreira, contato com o público e espiritualidade
O programa Conversa com Roseann Kennedy recebe a cantora baiana Mariene de Castro nesta segunda (30), às 21h30, na TV Brasil. Durante a entrevista inédita, ela fala sobre sua trajetória artística e destaca importância do conteúdo das letras das músicas que interpreta.
"O texto em tudo o que eu digo é muito importante. Você nunca vai me ver cantar um 'blá blá blá' por cantar. Ou é algo que faz parte da minha história, que eu preciso dizer, que eu estou sentindo ou que alguém me inspirou", enumera a compositora.
Íntima dos palcos, Mariene de Castro começou cedo na carreira artística. Aos cinco anos, a menina já dançava no Teatro Castro Alves, em Salvador. Na adolescência, cantou junto ao grupo Timbalada, de Carlinhos Brown.
"Eu tive uma escola muito grande em palcos de teatro. Quando fiz o meu primeiro show, fui convidada para uma turnê na França. Isso me deu uma experiência muito grande. A comunicação ultrapassa a nossa língua. Então ela foi desde ali, uma comunicação universal".
Em 1996, após realizar sua primeira apresentação solo, no Pelourinho, ele recebeu o convite para seguir em turnê por 20 cidades da França. Mariene de Castro chegou, inclusive, a ser comparada pela crítica local à cantora francesa Edith Piaf, pela sua forte interpretação.
"Nessa época eu nem tinha tanto a noção de quem era Piaf. Foi uma honra. E depois fui conhecer a fundo a história e a obra dela. Entendo bem o que é uma artista visceral. Ela cantava com toda a emoção e o sofrimento da vida. Acho que o lado bom do sofrimento é esse".
No bate-papo inédito com a jornalista Roseann Kennedy, a baiana explica como esse sentimento a ajuda a se relacionar com o público. "A gente se acolhe e se encontra na dor. Ao falar da verdade com o outro, ele se conecta com essa verdade. Aí a gente consegue acessar o coração. Acho que por isso o meu trabalho tem tanto essa conexão que vem direto do coração".
Natural de Salvador, a artista fala sobre a espiritualidade da sua música. "Tudo é além do próprio canto. A vida em si é a espiritualidade falando o tempo todo", comenta Mariene que completa o raciocínio explicando sobre suas apresentações.
"No palco isso só se potencializa. Porque ali a gente se conecta diretamente com o sagrado. Eu não entro no palco para fazer outra coisa, senão rezar. Ali, as canções vem para que eu possa me comunicar com o sagrado, para que eu possa desejar aquilo que tá em mim para a humanidade, de alguma maneira", afirma.
Durante o programa da TV Brasil, Mariene de Castro ainda aborda outros temas como preconceito, discriminação e meio ambiente. Ela não deixa de refletir sobre assuntos delicados. "Não é porque você tem uma escolha sexual que tem que ser desrespeitoso. Não há condições mais da gente viver num país que destrói a vida do outro por causa da escolha dele, seja religioso ou qualquer outro caminho", enfatiza.
A artista é veemente em sua análise ao ponderar que o povo reconheça a importância do aprendizado ao lado da história. "Os direitos humanos precisam ser respeitados assim como a natureza, a floresta amazônica, os índios e os negros... A gente vem de um lugar onde os índios são os donos, os primórdios dessa terra. Eles foram destruídos, exterminados. Fico muito preocupada porque parece que é um país que não tem memória"
Mariene de Castro também fala sobre a experiência de interpretar Clara Nunes. "Com certeza foi um presente na minha vida. Clara deixou uma saudade para uma nação que é impressionante a comoção das pessoas quando se fala dela".
O programa Conversa com Roseann Kennedy tem horários alternativos na TV Brasil na madrugada de segunda para terça às 2h45. A atração jornalística também vai ao ar aos domingos, às 19h30.
Serviço:
Conversa com Roseann Kennedy – segunda-feira (30), às 21h30, na TV Brasil.
Conversa com Roseann Kennedy – segunda-feira (30) para terça (31), às 2h45, na TV Brasil.
Conversa com Roseann Kennedy – domingo (5), às 19h30, na TV Brasil.