Roseann Kennedy entrevista o produtor de cinema Marcos Didonet

Publicado em 04/06/2018 - 10:02


Ele é geógrafo, produtor de cinema e  um dos diretores do Festival do Rio, um dos mais conceituados eventos da sétima arte na América Latina.  Nos últimos 30 anos, Marcos Didonet tem aliado a cultura, a educação e o meio ambiente em vários projetos de sua carreira. A entrevista com Marcos Didonet vai ao ar no programa Conversa com Roseann Kennedy, nesta segunda (4), às 21h15, na TV Brasil. 

Nesta entrevista dada à Roseann Kennedy, Didonet fala da indústria do cinema, dos seus projetos para a grande tela,  da importância da conscientização ambiental no país e da necessidade de buscar alternativas para um Brasil tão dividido.  Didonet também é sócio da Total Entertainment que já levou às telas brasileiras mais de dez filmes. 

E os projetos não param por aí. Seus próximos lançamentos previstos são os filmes "Crô em familia",  a continuação do sucesso de 2013, protagonizado por Marcelo Serrado, "Se eu fosse você 3", e "Assalto ao Banco Central 2". Todos em versões anteriores foram sucesso no cinema. 

Sobre as críticas que os filmes comerciais costumam receber, Didonet é enfático: "Tem gente que critica um cinema comercial. Mas essa pessoa que tá fazendo, ou produzindo, ou assistindo um 'filme cabeça'  ela talvez não saiba que o'filme cabeça' só existe porque tem um cinema comercial financiando. Porque você paga imposto. E o imposto do cinema comercial gera um fundo que financia o cinema independente. Então há uma conversa, uma conversa cultural, financeira, logística".

Marcos diz que mede o sucesso da sua obra "quando as pessoas saem do cinema conversando sobre o filme ou conversando sobre a vida delas. E isso vai se estender no bar, no restaurante". Para ele, quando isso acontece, é sinal de que o filme conseguiu tocar as pessoas e valeu a pena fazê-lo. "Porque fazer cinema não é fácil. As pessoas acham que se tá na tela, tá ótimo, mas não. São dois anos de produção, é a sua vida que você dedica a isso, a captação não é fácil, a decisão de se fazer um roteiro, pode ser ali que você acerta ou erra."

Mas Didonet é crítico quando fala que é preciso quebrar barreiras para a produção audiovisual no país. "A cadeia de cinema é isso: alguém produz, alguém distribui e alguém exibe. No Brasil esses três segmentos não se falavam. E além de não se falar, se achavam inimigos. É como se você fosse fazer um carro e achasse q quem te fornece o pneu é seu inimigo." Para ele o cinema tem que ser entendido como uma indústria, uma vez que gera emprego e gera o pagamento de muito imposto. "A importância disso também é que ele trabalha com a transmissão de uma cultura. O Brasil é um país que  tem que entender de que pelo cinema ele pode se globalizar muito mais".

Por fim, referindo-se à polarização política vivida no Brasil de hoje, Didonet faz um alerta:  "A sociedade brasileira chegou num grau de dicotomização insustentável. Muitas pessoas podem até ter vivido isso dentro de suas famílias.  O que eu soube de famílias que brigaram e não se falam mais porque um é isso é outro é aquilo e pronto e acabou. E a gente chegou num grau burro. Porque você não chega em lugar nenhum se não houver um compartilhamento, se não houver uma resiliência nessa perspectiva de dizer, o que nós queremos enquanto nação, enquanto Brasil? Tem que descobrir caminhos. A inteligência  de se buscar caminhos é quando você encontra uma nação,que optou por trabalhar com educação, que faz você crescer e desenvolver. São itens importantes para que as questões comecem a fluir e todos se sintam participantes do processo. O que não pode é ter uma sociedade segregada onde um grupo pequeno acabe comandando ou dominando". 

 

Serviço
Conversa com Roseann Kennedy - segunda-feira, dia 4, às 21h15, na TV Brasil 

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