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FISL destaca necessidade de inclusão de gênero e racial no mundo da tecnologia

Criado em 11/07/15 16h45 e atualizado em 12/07/15 10h11
Por Davi de Castro Fonte:Portal EBC

No Brasil, mais da metade da população (50,1%) está conectada à rede mundial de computadores, segundo pesquisa de 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar dos avanços recentes, os desafios ainda são muitos e escapam à mera inclusão digital dos aproximados 49,9% que ainda não têm acesso à web. Kamila Brito, da Casa de Cultura e Inclusão Digital de Belém (PA), explica que “inclusão não é apenas digital, é cultural, educacional e social”. O tema foi pauta de um painel neste sábado (11) no 16º Fórum Internacional Software Livre (Fisl).

Até mesmo no tecnológico mundo dos profissionais de TI a inclusão se mostra latente. Nesse caso, no que se refere a gênero, cor, orientação sexual e classe social. “Há um estereótipo claro e de fácil identificação dos profissionais de tecnologia: homens brancos, heterossexuais e de classe média”, avalia Vanessa Me Tonini, desenvolvedora e membro do MariaLab, um coletivo criado para empoderar e acolher mulheres e pessoas transexuais. 

Vanessa conta que esse movimento feminista atua em duas frentes: acolher e criar um espaço para desconstrução do modelo mental machista da área, de forma que as participantes se sintam seguras pra atuar, debater, aprender e errar sem serem julgadas pelo que são. Alem disso, também desenvolvem ações de inclusão digital para mostrar a mulheres e transexuais, de todas as cores, que elas podem e são capazes de se envolver com tecnologia. “O objetivo é incluir as mulheres, criando um espaço em que não sejam minoria, sem criar o mesmo estereótipo para elas: brancas, heterossexuais e de classe média. Queremos trazer a diversidade de gênero e etnias”, explica. 

A mesma realidade com pouca representação e diversidade fez surgir na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo o Grupo de Estudos de Gênero (Poli Gen). A participante do movimento e estudante de engenharia Haydee Syab afirma que “as barreiras são mais preementes quando se é minoria” e que esses grupos, portanto, se tornam espaços de acolhimento, uma vez que universidades e empresas pouco conseguiram avançar em mecanismos institucionais, como formulação de políticas para a promoção de equidade de gêneros e proteção das vítimas de homofobia e machismo, por exemplo. “Muitas denúncias só vêm à tona porque existem esses grupos para fazer a vocalização”, destaca.

Haydee faz um diagnóstico do cenário atual na área das ciências exatas, a qual diz ser composta por “público masculino e bastante conservador”. Ela avalia que houve avanços: “o cenário está mais positivo que há cinco anos, mas estamos no ponto de consolidar instrumentos e políticas”.

Inclusão digital como ponta transformadora

Para mudar a realidade e a hegemonia masculina no mundo da ciência e tecnologia, vários projetos veem já na inclusão digital um importante mecanismo para apresentar, ensinar, engajar, dar visibilidade e aumentar o envolvimento das mulheres com a tecnologia. O projeto WoMoz (Women & Mozilla) realiza ações de inclusão digital com mulheres do campo. 

A ativista Melissa Devens, participante do projeto, conta que em março deste ano uma série de oficinas em Gaurama, cidade do interior do Rio Grande do Sul com 5 mil habitantes, “batizou digitalmente” 150  mulheres. A voluntária relata a dificuldade em convencê-las a perceber a importância de usar os computadores. “A maioria tinha computador em casa para os filhos mas não se arriscavam a mexer porque até então só limpavam o pó dele”, diz. 

Para Melissa, foi fundamental criar um ambiente em que as mulheres se sentissem seguras para trocar experiências entre si. “Quando elas ficam à vontade, elas despertam o desejo de aprender mais e fazer outras coisas depois. A semente fica plantada”, avalia. 

Kamila aponta que o grande problema e desafio desses projetos de inclusão está na infraestrutura e critica a falta de apoio dos governos. “Existem ótimas iniciativas no Brasil, mas nem sempre recebem incentivos. O governo deveria reconhecê-las, virar parceiro e dar estrutura para que permaneçam e continuem os trabalhos”, finaliza.

Creative Commons - CC BY 3.0

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