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Ditadura Militar golpe 64

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Encontro discute política de Estado para apoio a atingidos pelo regime militar

Criado em 28/03/14 21h54 e atualizado em 02/01/15 12h41
Por Cristina Indio do Brasil Edição:Stênio Ribeiro Fonte:Agência Brasil

A reparação psicológica de pessoas ou famílias que sofreram com a repressão no regime militar deve fazer parte de uma política de Estado. A avaliação foi apresentada durante audiência pública promovida hoje (28), no Rio de Janeiro, pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e pela equipe do projeto Clínicas do Testemunho, com apoio da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio). “Mais que um projeto, temos que lutar para que isso se transforme em política pública, de fortalecimento da reparação dos atingidos e de toda a sociedade brasileira”, disse a psicóloga Vera Vital Brasil, que trabalha no projeto.

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Esta foi a terceira audiência pública  da Clínicas - as anteriores ocorreram em Vitória e em Belo Horizonte. O tema de hoje foi Testemunho da Verdade, Testemunho da Justiça. Além de Vera Vital Brasil, participaram do encontro o psicólogo Eduardo Losicer, que também trabalha no projeto, a diretora do Centro Fernando Ulloa, da Secretaria de Direitos Humanos da Argentina, Fabiana Rousseaux, e o representante da CEV-Rio João Ricardo Dornelles.

Vera explicou que quando começou a ser feita, pelo governo federal, a reparação dos atingidos pela ditadura se restringia à questão financeira, mas as avaliações sobre o assunto apontaram que era necessário tratar da questão psicológica. “Considero que este aspecto da reparação é muito importante, mas era preciso que o Estado brasileiro ampliasse o leque de reparação”, contou.

A diretora do Centro Fernando Ulloa disse que a entidade costuma acompanhar os depoimentos de vítimas da ditadura argentina, e representa um complemento da política da verdade no país. “É preciso criar um vínculo entre o Estado e suas vítimas”, completou.

Ela também defendeu uma política de Estado para o atendimento às vítimas, e explicou que houve uma discussão, na Argentina, quanto à forma dos depoimentos, para levar em consideração que os atingidos tinham que relembrar momentos difíceis.

O projeto Clínicas do Testemunho trabalha com atendimento clínico-psicológico individual e em grupo, atenção psiquiátrica e terapia corporal, capacitação profissional e contribuição para a criação de uma política pública de reparação aos afetados pela violência de Estado.

Maria de Fátima Oliveira Setúbal era simpatizante da VAR-Palmares e perdeu dois irmãos na luta contra a ditadura. “ Fui presa com 18 anos e fui torturada como se fosse uma dirigente”, disse. No encontro de hoje contou que deu um depoimento à CEV-Rio, em outubro do ano passado, e durante seis meses frequentou o Clínicas do Testemunho. Fátima revelou que não conseguia escrever o seu depoimento e toda vez que tentava a mão tremia. Chegou a pensar que não conseguiria.

Para Fátima, o apoio do projeto foi fundamental. “Na clínica, quando eu ia, semanalmente, as pessoas me apoiavam muito. Me diziam que no trauma o primeiro passo é saber que ele existe, e que você é capaz de superar quando tem conhecimento dele, e também vinham outros casos. Eu tinha trauma de escrever, porque quando eu fui presa no Dops, pela primeira vez, teve uma pressão psicológica tão grande, e me falavam escreve, escreve, e eu ainda fiquei dois dias sem comer e sem beber, enquanto não escrevia”, revelou à Agência Brasil após participar da audiência.

 

Editor: Stênio Ribeiro

Creative Commons - CC BY 3.0

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