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Paulo Malhães disse à Comissão da Verdade que tinha medo de vingança
Criado em 25/04/14 17h28
e atualizado em 26/04/14 18h12
Por Leandro Melito - Portal EBC
Fonte:Comissão Nacional da Verdade
Brasília - Durante o depoimento à Comissão Nacional da Verdade no Rio de Janeiro, no dia 25 de março, o coronel reformado Paulo Malhães afirmou ter medo de vingança caso revelasse nomes de pessoas ligadas à torturas e mortes de presos políticos durante a ditadura militar (1964 -1985).
O coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, de 76 anos, foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira (25) em seu sítio na zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De acordo com a polícia, três homens invadiram a casa, amarraram a mulher e o caseiro, e procuraram armas. Durante a ação dos criminosos, o militar foi morto. O corpo do coronel Malhães está no Instituto Médico Legal de Nova Iguaçu, onde será determinada a causa da morte.
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Interrogado pelos advogados José Carlos Dias e Rosa Cardoso, Malhães, que atuava sob o codinome de Pablo na casa de Petrópolis - um dos centros de tortura do regime militar - afirmou que não revelaria nomes de companheiros.porque implicaria "uma série de outra sançoes". Ao ser questionado se essas sanções seriam vingança, ele responde afirmativamente. "Não em mim, nos meus filhos".
No testemunho à Comissão da Verdade, Malhães deu sua versão sobre operação do Exército para desaparecer com os restos mortais do deputado federal Rubens Paiva. Informou também que agentes do CIE mutilavam corpos de vítimas da repressão assassinadas na Casa da Morte, em Petrópolis, arrancando suas arcadas dentárias e as pontas dos dedos para impedir a identificação, caso encontrados.
O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, solicitou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em contato telefônico mantido no início da tarde de hoje, que a Polícia Federal acompanhe as investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre o assassinato do ex-agente do Centro de Informações do Exército, Paulo Malhães, ocorrido ontem à noite (24/04) na zona rural de Nova Iguaçu.
Confira a transcrição e vídeo do depoimento:
José Carlos Dias: O fato grave o senhor já revelou, porque não dar nome aos bois?
Paulo Malhães: Porque implica uma série de outras sanções
JCD: Qual sanção, medo de vingança?
PM: É. Não em mim, nos meus filhos.
JCD: Os teus filhos não tem culpa disso, não tem culpa do pai que tem.
PM: É, também concordo com o sr.
JCD: Né?
PM: É isso
JCD: Os erros que a gente pratica os filhos não respondem por eles
PM: Depende, isso é muito relativo. O senhor está fazendo uma afirmação que...
JCD: Mas é verdade...
PM: Não...Não é verdade. Eu tenho cinco filhos e tenho oito netos. Com essas reportagens que saíram eles estão sofrendo sanções. Embora o senhor diga que uma coisa não tem nada a ver com outra, eles estão sofrendo sanções.
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