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Terceirizados contam o que pensam sobre o PL da Terceirização

Criado em 30/04/15 16h43 e atualizado em 30/04/15 22h27
Por Edgard Matsuki e Cibele Tenório Edição:Portal EBC

No último dia 23 de abril, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou texto final do PL 4330/2004, o chamado PL da Terceirização. O projeto será encaminhado para avaliação no Senado e poderá ser enviado para sanção presidencial (caso não tenha modificação) ou voltar para a Câmara (caso seja modificado).

Em meio a toda discussão política, que também envolve sindicatos e entidades empresariais, os próprios trabalhadores tercerizados ganham pouco espaço no debate. Para entender um pouco mais da rotina dos prestadores de serviço e quais são as perspectivas deles com a possível regulamentação e ampliação da terceirização, o Portal EBC conversou com trabalhadores em Brasília. Confira no vídeo abaixo o que eles têm a dizer:

 

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Entenda o que diz o projeto da terceirização

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Como será a tramitação

Adriano Wilson, 21 anos, deixou o serviço terceirizado há um mês

Adriano Wilson, ex-terceirizado, é contra a aprovação do projeto do jeito que está
Creative Commons - CC BY 3.0 - Adriano Wilson, ex-terceirizado, é contra a aprovação do projeto do jeito que está

 

Adriano trabalhou durante um ano em uma empresa que presta suporte técnico bancário para a Caixa Econômica Federal. Ele conta que sofria pressões para alcançar metas. “Frases como 'você bateu a meta hoje' ou 'você não bateu a meta nesta semana' são cotidianas. Frases como essa acabam se tornando um ideal na nossa vida. O serviço é muito cobrado. Como consequência, pessoas pegaram atestado por estresse mental e dias depois foram mandadas embora”, aponta.

Adriano, que no dia da entrevista estava levando a carteira de trabalho à empresa para dar baixa após o pedido de demissão, também diz que a remuneração e a instabilidade fazem o serviço ser pior do que o emprego direto: “A gente ganhava uns 30% a menos do que um funcionário público. É melhor ser um funcionário fixo, até porque quando troca as empresas [prestadoras de serviço], a empresa nova pode ter mandar embora sem alegar nada”.

Sobre a abertura da terceirização para atividades-fim, ele diz ser totalmente contra. “Quem vai ganhar com isso é a área empresarial, só os mais ricos. Vai baixar o custo dos empresários e aumentar a renda deles. Para o trabalhador não sobra nada”, diz. Por sinal, Adriano também resolveu virar empresário: “Concurso público não tem, ser terceirizado não dá. Agora que deixei o emprego, vou abrir meu próprio negócio. É muito melhor”.

Caroline Crisóstomo, trabalha há 18 anos como programadora terceirizada

Caroline Crisóstomo é a favor da aprovação do projeto da terceirização
Creative Commons - CC BY 3.0 - Caroline Crisóstomo é a favor da aprovação do projeto da terceirização

 

Funcionária terceirizada de uma empresa que presta serviços ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), Caroline Crisóstomo, tem perspectivas positivas em relação ao projeto que regulamenta a terceirização. Ela acredita que, para trabalhadores da área de TI (Tecnologia da Informação), a medida deve desburocratizar os processos e garantir mais estabilidade.

“Hoje, a gente não tem permissão para trabalhar diretamente no STJ e em outras épocas eu podia. Para quem é de TI vai ser bom porque vamos poder ficar alocados no cliente. Isso faz com que, no caso de troca de empresas prestadoras de serviço, a gente não perca o emprego”, diz. Caroline aponta que trabalha há 18 anos na área e, em quase todo o tempo, trabalhava no local atendido pela empresa terceirizada. “Já trabalhei em ministérios, STJ, TSE... sempre no cliente”, completa.

Apesar do otimismo com a lei para os profissionais de Tecnologia da Informação, ela diz que trabalhadores de outras áreas estão preocupadas: “Acredito que podem ter problemas como queda de salários. Conheço pessoas que estão apreensivas com o que pode vir”. Sobre a possibilidade de os concursos públicos serem reduzidos, caso a lei inclua empresas públicas na regulamentação (leia mais aqui), ela diz que não se preocupa. “Atualmente, há poucos concursos na área de TI. Os concursos cobram conhecimentos mais amplos de TI, mas também outros conteúdos como administração e legislação. Isso dificulta”.

Gilson Pereira, vigilante terceirizado há 23 anos

Gilson Pereira diz que gosta do trabalho, mas é contra o projeto do jeito que está
Creative Commons - CC BY 3.0 - Gilson Pereira diz que gosta do trabalho, mas é contra o projeto do jeito que está

 

Vigilante no Ministério da Agricultura, Gilson Pereira se diz muito satisfeito com a rotina de trabalho. “Aqui em Brasília é bem tranquilo. A minha rotina é essa: ficar de 7h às 19h no Ministério. Sensacional!”. Apesar da satisfação com o trabalho e de estar há dois anos de se aposentar, ele está preocupado com o impacto da aprovação do projeto dos terceirizados na área.

“Para nós vigilantes, a lei não é muito boa pela forma que está sendo aprovada. Primeiro, vai diminuir os concursos públicos. Depois, vai permitir que eu possa pegar um contrato e contratar a empresa que contrata outra empresa para os terceirizados. Isso diminui o salário. A tendência é baixar”, diz o vigilante.

Para Pereira, os empresários serão os beneficiados com a lei. “Geralmente, quem banca a lei vai ser beneficiado com ela: quem vai trabalhar não, o negócio vai só diminuir. Pode ser bom para outros setores, mas na nossa área não. Deveria manter como está, continuar como está. Todo mundo da área está meio apreensivo. Estamos observando que há alguma coisa errada”.

Pedro Armond, sofreu acidente de trabalho quando era terceirizado

Pedro Armond perdeu a perna quando era terceirizado
Creative Commons - CC BY 3.0 - Pedro Armond perdeu a perna quando era terceirizado

 

No dia 18 de março de 2014, o técnico de operações Pedro Armond estava instalando cabos de telefonia em um poste quando um caminhão com a caçamba aberta arrebentou um cabo. O cabo arrancou o pé de Armond, que caiu inconsciente. À época, ele era um funcionário terceirizado.

Armond diz que a ampliação do trabalho terceirizado no país vai só aumentar o número de funcionários como ele, que sofria pressões, ganhava pouco e corria riscos no trabalho: “O serviço da gente é na pressão. Então a gente conta com a sorte. Quanto ao dinheiro, a empresa recebe o contrato e a gente o salário, só um pouquinho. Se tiver lei, quem ganha são os grandes”.

Armond admitiu que não está muito por dentro dos detalhes do projeto, mas se diz simpático ao artigo do projeto (leia aqui) que corresponsabiliza a empresa que recebe os serviços terceirizados. “A empresa de telefonia deveria olhar o meu lado, mas não vieram me procurar até agora. O certo seria ela também ter responsabilidade”, completa.

Creative Commons - CC BY 3.0

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