one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Compartilhar:

Prender não resolve problema da violência, diz representante do Pnud

Criado em 18/06/15 18h33 e atualizado em 18/06/15 18h41
Por Ivan Richard* Edição:Aécio Amado Fonte:Agência Brasil

Um dia depois de uma comissão da Câmara dos Deputados aprovar a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos de idade para crimes hediondos, homicídio doloso, roubo qualificado e lesão corporal grave seguida de morte, a representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Brasil, Moema Freire, disse, em audiência pública no Senado, que encarcerar não resolve o problema da criminalidade no Brasil. 

Em debate na Comissão de Direitos Humanos do Senado, a representante do Pnud e outros especialistas apontaram a superlotação, as más condições de higiene e a existência de facções criminosas atuando dentro dos presídios como os principais problemas das cadeias, centros de detenção e penitenciárias brasileiras. Atualmente, segundo o Ministério da Justiça, o sistema prisional do país abriga mais de 600 mil detentos. 

Entre 2005 e 2012, o Mapa do Encarceramento, divulgado pelo Pnud em parceria com a Secretaria Nacional da Juventude (SNJ), mostrou que a população carcerária do Brasil cresceu 74%. De acordo com Moema, isso não significou queda nos índices de violência, como por exemplo, o número de homicídios, que saltou de 37 mil, em 2005, para cerca de 60 mil no ano passado. 

“Prender mais não quer dizer que vamos reduzir a criminalidade e a violência. Estados que tiveram aumento maior de sua população carcerária nos últimos anos não tiveram queda na sua criminalidade”, disse a representante do Pnud, usando dados de uma pesquisa feita a partir de dados do Sistema de Informações Penitenciárias (Infopen). 

Pela pesquisa, a população carcerária do Brasil já é a terceira maior do mundo. De acordo com membro da Coordenação de Acompanhamento Carcerário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Alexandre Queiroz, o problema da superlotação dos presídios é agravado pelo grande contingente de presos provisórios, que alcança, pelo menos, quatro em cada dez presos. 

Durante a audiência, o diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Renato Campos Pinto De Vitto, disse que a política carcerária brasileira está “na contramão” de outros países, como os Estados Unidos e a China, que têm adotado medidas para reduzir o número de presos.

Na avaliação do coordenador nacional da Pastoral Carcerária da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Valdir Silveira, o encarceramento não ajuda na reintegração do preso. “Quem defende prisão como situação de recuperação, que prisão recupera alguém, que prisão diminui violência, eu convido a pessoa a passar um mês dentro de um presídio”, disse Silveira. 

Já a presidente do Movimento Paz Novo Hamburgo, Andrea Schneider, defendeu o fim dos regimes aberto e semiaberto e o aumento do tempo de prisão no regime fechado. “No Rio Grande do Sul, temos debatido muito, junto do Tribunal de Justiça e com os deputados federais, uma alternativa para extinguir o regime semiaberto e o aberto, passando [o condenado] um período maior no regime fechado, e passando direto, depois, para o  livramento condicional”, ressaltou Andrea, que defendeu ainda mudanças no sistema prisional, que hoje não garante a ressocialização dos presos. Para ela, a progressão de regime acaba provocando a sensação de impunidade. 

Também participaram do debate Antônio Pereira Duarte, conselheiro do Ministério Público (CNMP); além da secretária de Defesa e Proteção Social do Estado do Tocantins, Gleidy Braga Ribeiro; e do secretário adjunto da Justiça e Cidadania, do estado de Santa Catarina, Leandro Antonio Soares Lima.
 
*Com informações da Agência Senado

 

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário