A nova conselheira representante dos funcionários da EBC, Eliane Gonçalves, lançou um blog voltado para a publicação de informações sobre sua atuação e sobre o Conselho Curador. Segundo ela, o espaço é “um convite para que as pessoas que fazem a EBC opinem, sugiram, debatam, exerçam a liberdade para refletir e construir novos caminhos na comunicação pública”. O endereço do blog é http://vemdarconselho.wordpress.com. Para falar sobre as expectativas de seu mandato, Eliane respondeu algumas perguntas da Secretaria Executiva do Conselho. Você pode conferir a entrevista abaixo:
O que você achou da expressividade de sua votação na eleição para representante dos funcionários no Conselho?
Para mim, os mais de 75% de votos me levam a duas reflexões. Por um lado, mostram que as propostas que apresentei refletem os anseios da maioria dos trabalhadores da EBC. Não acho que isso aconteça à toa. Essas propostas são resultado de uma construção coletiva, que envolveu trabalhadores de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Acho que é natural que construções coletivas expressem melhor o coletivo. Por outro lado, a votação massiva também revela um desafio. Espero que nos próximos pleitos tenhamos uma maior diversidade de propostas na mesa. Acredito que processos eleitorais são importantes não apenas porque sejam o momento de escolher entre uma ou outra proposta, mas porque essa escolha se dá pelo debate de ideias. Acho que para o futuro precisamos aproveitar esses momentos para discutir mais a EBC e seu papel na comunicação pública.
Quais as câmaras temáticas e outros grupos de atividades do Conselho você deseja participar?
Acompanho as discussões do Conselho Curador há alguns anos e sei que os debates que vão à fundo acontecem nas Câmaras Temáticas. Por isso, acho que seria importante a participação de trabalhadores em todas elas. Mas como isso ainda não é possível, penso em priorizar as Câmaras de Jornalismo e Esportes e a de Cidadania e Direitos Humanos. A primeira, porque o jornalismo é o que mais expressa a linha editorial da empresa, ou seja, reflete o lugar que ocupa frente aos temas que afetam a sociedade. Acho que é um tema importante para avaliar o quanto de fato a EBC está cumprindo seu papel público com autonomia e independência, tanto em relação ao mercado, quanto em relação ao governo. A segunda, Cidadania e Direitos Humanos, porque é a Câmara que discute a presença das minorias e dos discursos silenciados na tradição de comunicação que se consolidou no Brasil. A presença dessas vozes na EBC é fundamental para avaliar se a empresa cumpre seu papel de garantir a diversidade e a pluralidade.
Você acredita que o trabalho que o Conselho já vem desenvolvendo se encaixa na sua plataforma de eleição ou você deseja propor novos debates?
Acredito que o Conselho Curador é a instância que mais avançou na compreensão do papel da EBC e acho que isso é natural. Trata-se de um grupo rico que reúne ativistas, empresários, acadêmicos, artistas e o governo. É preciso zelar por essa diversidade dentro do Conselho e é preciso que essa diversidade seja expressa na programação das emissoras da EBC. Acredito que o maior desafio do conselho é fazer com que as discussões e decisões se transformem em prática e que possamos construir um novo modelo de comunicação, com mais diversidade, mais inclusão, mais autonomia e mais qualidade. Para se transformar em prática é necessário atuar em várias frentes, uma delas é conseguir capilarizar as discussões do Conselho dentro da própria EBC. Acredito que eu possa contribuir com essa agenda.
Como você vai garantir que os empregados participem do seu mandato no Conselho?
Esse é o maior desafio do mandato de qualquer representante e vai ser minha principal preocupação. O que eu entendo por participação? Uma coisa é participar na execução, o que nós trabalhadores já fazemos. A outra é participar da definição de diretrizes e projetos. Apenas essa última confere cidadania. Sinto falta disso na nossa prática da EBC. E como pretendo contribuir para mudar essa situação? Por um lado, vou dar continuidade a experiências bem sucedidas como a do meu antecessor, Guilherme Strozzi, que lançou mão de blogs e redes sociais para dar transparência às discussões do Conselho Curador. Aqui cabe um parenteses. Acaba de sair do forno o blog vemdarconselho.wordpress.com, que vai abrigar meus comentários e relatos enquanto conselheira. Já o estímulo à participação na elaboração dos projetos, esse só pode acontecer com a organização dos próprios trabalhadores. Essa resposta não está pronta e pode ter vários caminhos. Em São Paulo, por exemplo, o Espaço Público (Núcleo de Reflexão e Estudos dos Trabalhadores da Comunicação Pública) vai ajudar a sistematizar e qualificar a participação dos trabalhadores junto ao Conselho. Acho que espaços assim precisam ser estimulados em toda a EBC. Não acredito em construção do novo sem que a prática seja permeada pela discussão.
Quais contribuições você deseja dar ao Conselho Curador e à EBC?
Tenho quase uma década de trabalho na EBC. Conheço a organização hierárquica da empresa, tenho a experiência da rua e a da redação. Já estive na rádio, na televisão e agora na prestação de serviços. Além disso, carrego uma concepção de comunicação pública que foi construída coletivamente. Ou seja, posso contribuir para que as discussões do Conselho levem em consideração a rotina de trabalho da EBC e, ao mesmo tempo, levar ao conselho uma visão de comunicação que representa o pensamento de quem vive essa rotina.
Texto: Priscila Crispi (jornalista da Secretaria Executiva do Conselho Curador).