O Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) aprovou, por unanimidade, o Plano de Trabalho da EBC para 2015 (veja resolução aqui). Em sua 54ª Reunião Ordinária, dia 04 de fevereiro, a Diretoria da Empresa reapresentou o documento após realizar as alterações pedidas pelo colegiado em sua reunião anterior, quando o pleno decidiu pelo adiamento da deliberação. A partir deste ano, a EBC terá que apresentar seu Plano de Trabalho do ano seguinte até 15 dias antes da última Reunião Ordinária do colegiado no ano corrente, segundo a Resolução nº 01/2015, aprovada também durante a reunião.
O Plano traz alguns dos objetivos estratégicos estabelecidos pela empresa em seu planejamento para os próximos sete anos. Essas metas geraram 158 projetos operacionais, a serem executados ainda em 2015. “As demandas do Conselho da última reunião que faziam parte do Plano foram respondidas no próprio Plano, outras foram respondidas em memorando enviado aos conselheiros e, para algumas perguntas específicas, sugerimos apresentação direta ao pleno, por se tratar de objetivos a longo prazo, que ainda estão em fase de detalhamento”, explicou Sílvia Sardinha, secretária-executiva da EBC.
Antes da 54ª Reunião Ordinária, as câmaras temáticas também se encontraram para discutir o Plano, pela manhã. As conselheiras Ana Veloso, Ima Vieira e Evelin Maciel, coordenadoras das câmaras de Jornalismo e Plataformas; Programação e Plataformas; e Planejamento e Processos Produtivos, respectivamente, ficaram responsáveis por relatar as discussões.
“Acompanho os planos de trabalhos desde a criação do Conselho e acho esse muito mais próximo do que nós, conselheiros, desejamos pra acompanhar a empresa. Visualizamos as diretrizes do Conselho como importante para estabelecimento das metas e aprovamos todos os cinco objetivos estratégicos que expostos no Plano – a definição das prioridades foi importante”, afirmou Ima Vieira.
A conselheira lembrou, porém, que alguns problemas persistem no documento, por exemplo: muitos objetivos definidos como estratégicos, ou seja, que serão executados ao longo dos próximos anos, se repetem no planejamento para 2015 sem maiores explicações. Além disso, em sua visão, falta detalhamento de alguns objetivos. “Algumas informações estão no memorando que recebemos. Nossa sugestão é que elas sejam acrescentadas ao plano ou vire um anexo dele”, pediu.
Ana Veloso destacou a importância do plano apresentar planejamento mais explícito para a Agência Brasil. Para a câmara de Jornalismo e Plataformas, a EBC precisa deixar claro a diferença entre a Agência e o Portal da empresa: “isso é importante para que a gente possa dirimir uma possível concorrência entre os veículos, para que não seja reproduzida a sobreposição de funções e trabalho”, relatou Ana. Segundo ela, a estratégia da empresa para a ampliação do jornalismo colaborativo nas coberturas da casa e para o estreitamento das relações com a Rede Nacional de Comunicação Pública não foi explicitada, a despeito dos questionamentos do Conselho quando da primeira apresentação do Plano.
A conselheira cobrou, ainda, planos para a supervisão do acesso da TV Brasil via TV por assinatura, mais informações sobre a dimensão internacional da EBC, especialmente em relação à parceria com agências internacionais, e mais detalhamento da política de acessibilidade. “Foi colocada a questão financeira para legendas ocultas e áudio descrição, mas nós queremos saber prazos”, disse.
Evelin Maciel pontuou a falta de detalhamento sobre o projeto de aumento da distribuição de conteúdos da EBC. “Para se ampliar o alcance tem que haver investimento, e a previsão para isso é de apenas 6% do orçamento. Sabemos que isso não vai ser consertado no Plano de Trabalho de 2015, mas esperamos que em 2016 seja solucionado”, falou. A conselheira lembrou que o relatório da Ouvidoria, apresentado nesta mesma reunião, revelava que a maioria das reclamações recebidas pelo órgão refere-se à má qualidade do sinal da TV Brasil. “O Conselho entende que estamos andando em círculos, pois a expansão do sinal é prioridade para o público, aparece nos objetivos do Plano, mas não é prioridade no orçamento”.
A vice-presidenta do colegiado, Rita Freire, comemorou o compromisso de fortalecimento do quadro de jornalismo participativo “Outro Olhar”. Ressaltou, porém, que, apesar do acréscimo de informações sobre as definições de produção própria e co-produção em memorando enviado pela Diretoria, ainda não era possível identificar o que, de fato era produzido pela equipe da EBC (umas vez que a produção própria é aquela em que a EBC possui todos os direitos sobre a obra, podendo ser produzida internamente ou externamente). “É muito importante a gente saber o que é produção própria com direitos adquiridos e produção feita na casa, de fato”, pediu.
Ainda sobre a programação da TV Brasil, Eliane Gonçalves cobrou transparência sobre os custos de produção. A conselheira questionou por que programas realizados por equipe externa, usando a estrutura da EBC, chegam a custar o triplo do valor destinado à produções próprias produzidas na casa, como o Caminhos da Reportagem.
“Outra coisa que não foi respondida nem no Plano de Trabalho nem no memorando foi sobre o orçamento da nossa Diretoria de Captação. Prestar serviços custa recursos humanos e estrutura – quanto custa fazer esses negócios e serviços e quanto isso nos traz de retorno? Estamos deixando de ter correspondentes nos estados e nos países pra colocarmos caminhão atrás da agenda da presidenta”, afirmou. Eliane pediu também o estabelecimento de prazos e recursos específicos para a construção da Central de Pauta.
Para aprovação do Plano, além das demandas apresentadas pelos conselheiros, foi pedido o acréscimo de informações sobre o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Comunicação Pública e a política de acervo da casa. “Devemos receber uma nova versão do Plano de Trabalho para 2015 com todos esses adendos da reunião”, definiu a conselheira Rosane Bertotti. Para acompanhar a execução do Plano foi reativado um grupo de trabalho de supervisão dos planejamentos da empresa que será composto, inicialmente, por Rita Freire, Ima Vieira e Rosane Bertotti.
A presidenta do Conselho, Ana Fleck, propôs também que os assuntos a serem apresentados ao Conselho posteriormente, conforme proposta da empresa no memorando sobre o Plano de Trabalho, tenham prazo de entrega. São eles: o Plano de Marketing da EBC, seu Redesenho Organizacional, andamento do Plano de Carreiras, a digitalização do sinal da TV Brasil e a captação de recursos e financiamento da EBC.
Relatório da Ouvidoria
O relatório anual, referente a 2014, da Ouvidoria da EBC foi apresentado durante a 54ª Reunião Ordinária do Conselho Curador. Joseti Marques, ouvidora-geral da empresa, pontuou reclamações recebidas com recorrência e não resolvidas durante o último ano, como a baixa qualidade do sinal da TV Brasil; as diferenças de áudio entre a programação e o intervalo; a incidência de publicidade indevida em programas da TV Brasil; as inadequações nos comentários de transmissões esportivas, entre outras. “Esse tipo de ajuste é uma coisa que nós sempre reclamamos e não cabe mais citar os programas com problemas, porque seria uma cobrança inútil, já que as coisas continuam acontecendo – isso deve ser um cuidado para 2015, para que a Ouvidoria não fique apenas se repetindo”, cobrou Joseti.
Informes
Durante os informes do colegiado, Ana Fleck pediu à Diretoria que encaminhasse ao Conselho um documento esclarecendo os critérios para publicidade no Portal EBC. Informou também a realização de uma reunião das câmaras temáticas do Conselho no dia 24 de fevereiro, na sede da EBC em Brasília.
Nelson Breve, diretor-presidente da EBC, informou que Portal EBC foi reformulado e uma nova versão já está no ar desde o dia 20 de janeiro. “Esse não é só um novo layout, mas uma nova concepção. O Portal foi adaptado para a linguagem do mobile”, disse. O presidente avisou também que os setores de prestação de serviços e negócios da EBC foram separados. Segundo ele, a prestação de serviços está muito ligada a atividades do Governo Federal, enquanto a área de negócios serve à empresa como um todo.
Nelson disse, por fim, que o canal 8 do VHF Alto na cidade de Barueri (SP), que seria usado para futuros testes de digitalização de canais públicos, foi concedido a um grande empresário do ramo da educação e que, caso coubesse recurso, a EBC iria recorrer da decisão.
Nesta reunião, os conselheiros deram às boas-vindas ao novo diretor-geral da EBC, Américo Martins, nomeado nesta quinta-feira (5), pela Presidência da República para um mandato de três anos.
Além disso, a quarta edição da Revista do Conselho Curador foi apresentada aos presentes. Para saber mais sobre a publicação e ler a Revista online, clique aqui.
A próxima reunião ordinária do Conselho Curador está marcada para o dia 15 de abril, em Brasília.
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Confira o vídeo com a gravação completa da Reunião aqui.
Texto: Priscila Crispi (jornalista da Secretaria Executiva do Conselho Curador).
Fotos: Antonio da Cruz