one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Peça 'Deus e o Diabo na Terra do Sol', encenada pelo grupo 'Cia Provisória' no 40º Fenata - Festival Nacional de Teatro, promovido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Imagem:

Compartilhar:

Grupo carioca representa 'Deus e o Diabo na Terra do Sol' no sexto dia do Fenata

Criado em 12/11/12 17h08 e atualizado em 12/11/12 17h49
Por Rubens Anater Fonte:Cultura Plural

Teatro
A obra 'Deus e o Diabo na Terra do Sol' nos palcos do Fenata

Em 1963, o cineasta brasileiro Glauber Rocha lançava o filme 'Deus e o Diabo na Terra do Sol'. A produção, que conta um pouco da vida no sertão nordestino, nos tempos do cangaço e do fanatismo religioso, chegou a ser aclamada como maior filme brasileiro de todos os tempos. No domingo, 12/11, o grupo 'Cia Provisória' assumiu a enorme responsabilidade de representar a história, como peça de teatro, nos palcos do 40º Fenata - Festival Nacional de Teatro promovido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

A trupe encenou a peça em um cenário vazio, entre paredes, em que fulgurava, sem brilhar, um grande sol desenhado. Os 11 membros do grupo compuseram o espetáculo de maneira extremamente artística. Dois músicos, sentados à frente do palco, executavam a trilha sonora e cederam um caráter de musical à peça. Os outros nove deram um jeito de fugir do teatro corriqueiro mesclando cenas e atuações vibrantes, dançadas, arrastadas e explosivas, com falas aparentemente soltas e descompassadas, que se complementam umas às outras. Todos os atores alternavam entre um papel fixo e um secundário, que servia para preencher o cenário vazio, como povo cantante e dançante.

A peça é recheada de referências culturais e históricas do nordeste. Retrata vidas marcadas por pobreza e religiosidade, em que o conflito entre bem e mal – Deus e Diabo – é indefinido e a luta pela sobrevivência é constante. O enredo conta a vida do vaqueiro Manuel que, em defesa de seu orgulho, dignidade, ou qualquer coisa que o valha, mata um coronel que tenta extorqui-lo. Perseguido pelos homens do coronel, Manuel foge com sua mulher, Rosa, e, no desespero, se une ao grupo do líder religioso Santo Sebastião.

O “Santo” cria um movimento rebelde de fanáticos religiosos, com a promessa de uma terra santa, farta e justa. Uma referência clara aos movimentos sebastianistas, que ganhavam força no nordeste da época e se caracterizavam pelo ideário de combate ao sistema e pelo fanatismo religioso extremista, cheio de promessas de salvação e exigências de derramamento de sangue.

Na peça, Santo Sebastião morre pela mãe de um dos seus e o assassino, Antonio das Mortes, contratado por senhores de terras, extermina o resto do movimento. O matador é uma figura peculiar, dotado de um código moral bem particular. Ele acredita que seu trabalho é uma missão em favor do povo do sertão. Manuel e Rosa sobrevivem à matança e seguem um caminho comum ao nordestino sem rumo da época. Unem-se ao cangaço.

Assim, entra na história a célebre figura de Curisco, ex-membro do bando do falecido Lampião e procurado por Antonio das Mortes. Depois de alguns dias de caça, o assassino os encontra e, no momento derradeiro, o gangaceiro morre gritando que “mais fortes são os poderes do povo”. Manuel foge em direção ao oceano e morre sem olhar para trás, seguindo sempre Santo Sebastião, que disse que “o sertão vai virar mar”. O espetáculo encerra ao som da canção que diz: “A terra é do homem, não é de Deus e nem do Diabo”.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário