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Cena da peça "Portela, patrão. Mário, motorista".

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Peça discute relações humanas no trabalho em festival no Paraná

Criado em 11/11/12 15h40 e atualizado em 07/07/16 14h25
Por Mariana Okita Fonte:Jornalismo Colaborativo

Peça "Portela, patrão. Mário, motorista".
A peça é representada pelos artistas Daves Otani e Eduardo Osorio. (Foto: Anna Flavia Maluf/CC)

“Quem é você?”, pergunta Portela. “Eu sou seu motorista, você não deve me reconhecer porque nunca olhou direto na minha cara e trabalho apenas há um mês pro senhor”, responde Mário. É com essas falas que a peça teatral “Portela, patrão. Mário, motorista” foi apresentada nesta sexta-feira (9) na quarta noite do Festival Nacional de Teatro Amador (Fenata). 

A história é de dois homens, Portela, o patrão, grande proprietário de fazenda, e Mário, o motorista, cujas realidades são distintas. Depois de esperar dois dias no carro por Portela que está embriagando-se no bar, Mário se junta a ele no fim da noite e ambos desabafam com indignações. O patrão vê na bebida uma saída para a frieza de seu poder, enxergando-a de forma humanizada por estar embriagado. Mário, por sua vez, faz de tudo para agradar o chefe e garantir o emprego de motorista. Em meio aos diálogos há também sons de animais e uso de bonecos de pano.

A peça, representada pelos artistas Daves Otani e Eduardo Osorio do grupo Boa Companhia, de Campinas - SP, surge com a ideia de debater as relações humanas pautadas pelo trabalho. “A relação entre o patrão e empregado é muito relevante: ela determina muito mais coisas do comportamento da sociedade e das relações sociais”, conta Daves.

Com a finalidade de retomar o texto da peça “Sr. Putila e seu criado Matti”, de Bertold Brecht, os atores usam de base, para a produção do enredo, diversas referências que pautam essa reflexão. E entre elas o filme “Luzes da cidade”, de Charles Chaplin, o conto “Kholstomér”, de Liev Tolstoi, o poema “Os Adormecidos”, de Walt Whitman, o texto “Receita de Herói”, de Ferreira Gullar, e “Especulações em torno da palavra homem” de Carlos Drummond de Andrade.

Na tentativa de trazer para o palco essas contradições, com personagens humanos e atos desumanos, a reprodução da cena é fundamentada pela obra “Os caprichos”, de Francisco de Goya. Eduardo defende que a ideia de base nas figuras de fisionomia humana animalizada do Goya é para ver como o homem usa essa superioridade. “É o uso da estética crítica da sociedade no início do capitalismo quando percebe que as grandes aglomerações serviam de espaço para o pior do ser humano”. Com isso, o grupo garante cenas durante a peça em que os homens são comparados com animais. “Fazemos essa dualidade entre o que é humano e o que é animal”, completa o ator.

A peça termina com os dois personagens deitados no boteco e o retorno do primeiro diálogo, o desconhecimento do patrão sobre o motorista. “Quem é você?”, pergunta Portela. “Eu sou seu motorista, você não deve me reconhecer porque nunca olhou direto na minha cara e trabalho apenas há um mês pro senhor”, responde Mário.

 

 

Creative Commons - CC BY 3.0

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