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Falta de salas para filmes nacionais é problema para produção no país
Criado em 22/09/14 15h01
e atualizado em 02/01/15 12h47
Por Andressa Rios
Edição: Thaísa Oliveira -
Fonte:Campus Online*
Disponibilidade de salas nos cinemas para produções nacionais foi principal problema identificado no seminário “Os novos rumos do CBC e a política do audiovisual no Brasil”, realizado no último sábado (20) no Museu Nacional, que reuniu representantes do Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual (CBC).
O presidente da Associação Brasileira de Documentaristas, André Leão, disse que o país é atrasado em número de salas para a produção nacional se comparado ao número disponibilizado aos filmes estrangeiros, principalmente os estadunidenses: “A gente se importa mais com os problemas dos outros do que com nossos próprios problemas”.
O pesquisador do mercado audiovisual brasileiro e membro do conselho fiscal do CBC, André Gatti, avaliou que o mercado audiovisual cresceu expressivamente nos últimos 10 anos. “O cinema brasileiro evoluiu na produção e no conteúdo, mas nós devemos fazer uma regulação do mercado na questão de filmes estrangeiros. Muitos entram e ficam poucos filmes nacionais em cartaz.”
André Gatti também disse que alguns filmes brasileiros como “Central do Brasil” foi sucesso nos Estados Unidos e na França e foi mais assistido no exterior do que pelos brasileiros no Brasil, porque lá foram disponibilizadas mais salas do que aqui. Gatti completou que o cinema brasileiro tem crescido em público e em investimentos, mas que o crescimento em número de salas é pouco. Os principais filmes de sucesso, por exemplo, precisam de exibição em salas de cinema, já que o fato de um filme estar em cartaz dá maior visibilidade.
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Novos rumos
O ex-diretor do CBC, Leopoldo Nunes, falou sobre o começo do Congresso e contou que, nos anos 50, houve dois encontros nacionais da comunidade cinematográfica que se tornaram conhecidos como “Congressos Brasileiros de Cinema”. Meio século depois, um grupo de cineastas buscou retomar a ideia de um amplo encontro que pudesse encaminhar um consenso possível para o cinema do país. A partir de 2000, o Congresso Brasileiro de Cinema tornou-se encontro periódico (a princípio anual e, em seguida, bienal). No mesmo ano, foi decidida a criação de uma entidade estável, com sede, estatutos, diretoria e existência não restrita ao período dos encontros. O CBC foi criado também com o objetivo de ser um órgão que regulasse os filmes, como por exemplo, a entrada de filmes estrangeiros ao Brasil.
André Leão chegou ao ponto de discutir a continuidade do CBC. Ele disse que a sociedade civil mudou e que, pouco a pouco, ela descobriu que tem o mesmo acesso que as entidades têm a partir da internet. Um exemplo que ele deu foi a Lei de Acesso à Informação, já que a sociedade agora tem acesso à informações que antes só eram acessíveis ao governo.
Brasília conta com seis entidades do audiovisual, incluindo o CBC. André Leão disse que estamos mais preocupados com as questões locais do que com as nacionais e completou: “São muitas entidades com pouco foco, aí há uma fragmentação de lutas”. Ele ressaltou que o CBC tem que ser útil aos seus filiados e que o CBC quer ser uma entidade de realizadores, mas que tem que se adaptar a nova rede/teia de informação e tecnologia.
O atual membro do conselho deliberativo do CBC e ex-presidente do Congresso, Geraldo Moraes, disse que o que há de mais avançado em nossas políticas culturais já chegou atrasado ao país. Disse também que, atualmente, o audiovisual é apenas um meio de comunicação da atualidade, nada mais. E fechou seu discurso dizendo: “As entidades representativas não são mais representativas, porque a democracia representativa também não é mais representativa como antes”.
A atual tesoureira do CBC, Edina Fuji, disse que deveríamos pensar daqui pra frente. “O que o Congresso, de fato, quer que mude?” Ela deixou claro que gostaria que o CBC continuasse. O presidente do CBC João Baptista Neto, que estava na plateia, se pronunciou e disse que o CBC “perdeu o norte” porque todos acham que o cinema brasileiro vai bem, mas ele não vai. Completou que o Brasil quer ser o cinema estadunidense, algo que nunca vai acontecer, já que a evolução aqui já chegou atrasada.
O coordenador do Colégio de Audiovisual do DF Adriano de Angelis, que acompanhou o debate, achou bastante interessante, pois ele observou a importância de entender o atual cenário do mercado audiovisual. Disse também que no cinema brasileiro há boas produções, mas que o sistema de exibição é ruim: “Falta políticas públicas para inovação”.
Edição: Thaísa Oliveira - Campus Online*
Supervisão: Ana Elisa Santana/Portal EBC
*O Portal EBC e o Campus Online - jornal laboratório de jornalismo da Universidade de Brasília - estão fazendo a cobertura do 47º FestBrasília em parceria, por meio do canal Colaborativo. Clique aqui para ler todas as reportagens da parceria.
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