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Com labirinto e bonecos, exposição retrata vida e obra de Câmara Cascudo

Criado em 25/10/15 11h06 e atualizado em 07/07/16 14h20
Por Daniel Mello Edição:Denise Griesinger Fonte:Agência Brasil

A exposição O Tempo e Eu (e Vc) recebe o visitante em um labirinto de 20 mil livros, em uma representação da “Babilônia”, apelido carinhoso que o escritor Câmara Cascudo deu à sua biblioteca. O escritório desse potiguar, que foi um dos grandes pesquisadores das crenças e costumes brasileiros, é complementado por uma estante com objetos pessoais que apresentam diversas facetas do autor. “Um autor que o público conhece muito pouco ou, às vezes, nem conhece”, ressalta o curador da exposição sobre Câmara Cascudo, Gustavo Wanderley, aberta ao público no Museu da Língua Portuguesa, ao lado da Estação da Luz, região central da capital paulista.

Apesar da forte ligação com os livros, Cascudo se esforçou para escutar e sentir os elementos que formam a cultura brasileira. “Cascudo era um grande leitor, mas também um grande etnógrafo, ele ia aos lugares. Interessava a ele ouvir e estar com as pessoas. Então, ele viajava por todo o Brasil, inclusive para fora do país”, destaca Wanderley.

Ao pesquisar as raízes da alimentação no país, o autor chegou a passar três meses na África Ocidental. “Nos países de onde as pessoas escravizadas à época vieram. Para ele era muito importante estar no lugar da origem dessas pessoas”, enfatizou o curador. Essa parte do trabalho de Cascudo é apresentada em uma cozinha com colheres de pau, sacas de cereal e descanso de pratos.

A representação física também foi a maneira encontrada para levar ao público o estudo sobre cultura falada do escritor. Assim, anedotas e cantigas são encenadas por bonecos. “Foi muito difícil para nós da curadoria falar de oralidade sem ser formal, com a linguagem escrita. Seria no mínimo um contrasenso. Então, a gente utilizou o recurso do teatro de bonecos”, explica Wanderley.

A mistura de crenças, religiões e superstições aparece em imagens de santos católicos enfileirados de modo indistinto com entidades afrobrasileiras, no mesmo ambiente em que estão objetos que remetem à superstição, como o gato preto. “Cascudo fala que são paralelos, não sincretismo, como muitos teóricos. Cascudo defende que na verdade foi uma estratégia das pessoas escravizadas à época que faziam de conta que estavam venerando a São Jorge, mas estavam venerando a sua própria crença”, diz o curador sobre a associação entre as entidades das religiões de matriz africana e os santos cristãos.

A estudante de publicidade Ana Paula Tavares, de 20 anos, disse que não conhecia o autor, antes de visitar a exposição. “Foi uma descoberta hoje”, ressaltou. A jovem disse que gostou do modo com a mostra foi organizada. “Gostei bastante que o museu conseguiu separar isso de um jeito que qualquer pessoa, de qualquer idade, pode ver, vivenciar e se interessar”, disse.

No 2º ano do ensino médio, João Victor Cordeiro, de 16 anos, acha que a visita ao Museu da Língua Portuguesa é uma boa maneira de complementar o aprendizado de sala de aula. “Eles mostram o processo histórico de uma forma mais técnica, o que ajuda. A gente pode usar como base para estudar literatura”.

Creative Commons - CC BY 3.0

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