one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Imagem: Das Blaue Sofa / Club Bertelsmann/ CC

Compartilhar:

Umberto Eco é homenageado por personalidades de diferentes países

Criado em 20/02/16 18h32 e atualizado em 20/02/16 20h58
Por Leandro Melito *

Um dia após sua morte, o escritor italiano Umberto Eco recebeu homenagem de diversos intelectuais e personalidades  da literatura, do cinema e da política em diferentes países.

O realizador francês Jean-Jacques Annaud, que levou a obra "O nome da rosa'", uma das mais célebres de Umberto Eco ao cinema, recordou hoje o escritor italiano como um erudito a quem "tudo divertia".

"Era uma personagem muito erudita e de uma alegria de viver assombrosa. Uma mistura entre o sábio e o homem que amava rir e comer", disse o cineasta em entrevista à emissora francesa 'rance Info, citada pela agência de notícias espanhola Efe.

Na entrevista, Annaud disse que Eco era um homem "com quem manteve uma relação de admiração total, tudo o divertia, transbordava alegria, tinha uma memória monstruosa, lembrava-se de tudo".

O escritor Roberto Saviano publicou em uma rede social uma mensagem de despedida simples, na qual citou as últimas palavras do romance "O nome da rosa".

“Nomina nuda tenemos. Adeus professor”, escreveu.

A frase inteira com a qual se conclui o romance é “stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemos”, uma expressão em latim que, na essência, explica a ideia de que no final só fica o nome das coisas.

Para Fernando Savater, escritor e filósofo espanhol, Umberto Eco era um "humanista integral" da nossa época, "que não somente era culto, mas sabia para que servia a cultura". O escritor italiano "tinha muita cultura em muitos campos, alguns deles insólitos", recordou o filósofo espanhol.

 

"Era um homem que tinham muitíssimos conhecimentos em muitíssimas áreas, algumas delas ocultas e outras muito populares, mas sobretudo tinha um instinto, um conhecimento sobre para que serve a cultura, quais os fins da cultura, que são como encontrar a felicidade e como tornar a vida suportável", acrescentou o professor catedrático de Ética na Universidade do País Basco.

 

Umberto Eco, que ganhou o Prêmio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades no ano 2000, também foi recordado pela diretora da Fundação Princesa das Astúrias, Teresa Sanjurjo, que considerou que a instituição fica com um "enorme vazio". Descrevendo o autor de "O nome da rosa" como "um clássico do pensamento contemporâneo", Sanjurjo disse que "a lucidez e a qualidade da sua obra e o compromisso ético influenciaram de forma notável a nossa cultura".

O sociólogo português Paquete de Oliveira considerou  a morte do escritor italiano Umberto Eco "uma grande perda" não só para Itália como para a Europa.

"Penso que é uma perda não só para a Itália mas, sobretudo, para a Europa e numa altura em que a Europa mais do que nunca precisaria de ter presentes estes homens que iluminam com o seu pensamento a análise do presente" com uma "perspetiva do futuro", disse Paquete à Agência Lusa.

"Com Umberto Eco, que eu tive o gosto de conhecer pessoalmente e de ter reuniões de trabalho em grupos de investigação sobretudo sobre os media através da Associação de Sociologia, perdemos um vulto enorme para o pensamento europeu, para a visão que ele tinha sobretudo do futuro e, por isso mesmo também, a grande força de análise crítica que tinha do mundo contemporâneo"

Política

No mundo da política, o deputado do Partido Democrata (PD, no governo) Ivan Scalfarotto lamentou no Twitter a morte de “um grande italiano”.

Também o presidente da região italiana de Emilia-Romagna e membro do PD, Stefano Bonaccini, recordou frases do êxito de vendas “O nome da rosa” e despediu-se do vencedor do Prêmio Príncipe das Astúrias com um “Ciao #UmbertEco”.

Chefes de Estado

Os chefes de governo de Itália e Espanha lamentaram também a perda do escritor e semiólogo.O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, transmitiu os pêsames à família do escritor destacando a sua “inteligência única”, capaz de “antecipar o futuro”. “Foi um exemplo extraordinário de intelectual europeu, aliava uma inteligência única com uma incansável capacidade de antecipar o futuro”, destacou.

“É uma perda enorme para a cultura, que fica privada da sua escrita e da sua voz, do seu pensamento agudo e vivo, da sua humanidade”, acrescentou.Já Mariano Rajoy, chefe do Governo espanhol.

Quem foi Umberto Eco

Semiólogo, filósofo, escritor e professor universitário, Umberto Eco nasceu em 5 de janeiro de 1932 em Alessandria, no noroeste de Itália, na região de Piemonte. Em 1988, fundou o Departamento de Comunicação da Universidade de San Marino.

Umberto Eco estreou nos livros de ficção em 1980 com “O Nome da Rosa”, que lhe valeu o Prêmio Strega, em 1981. A este livro, que foi traduzido em várias línguas, sucederam-se outros títulos, como “O Pêndulo de Foucault”, “A ilha do dia antes”, “Baudolino”, “A misteriosa chama da rainha Loana” e “O cemitério de Praga”.

No ano passado editou “Número Zero”, que coloca questões sobre jornalismo e as novas plataformas digitais, escolhendo como cenário narrativo a redação de um jornal diário.

Umberto Eco, que lecionou entre outras, nas universidades norte-americanas de Yale e Harvard, assim como no Collège de France, é autor de uma vasta bibliografia ensaísta, citando-se, entre outros, “O signo”, “Os limites da interpretação”, “Kant e o ornitorrinco” e “Como se faz uma tese em Ciências Humanas”, tendo dirigido e organizado obras como “História da beleza”, “História do feio” e “História das terras e dos lugares lendários”.

Desde 2008 era professor emérito e presidente da Escola Superior de Estudos Humanísticos da Universidade de Bolonha.

Umberto Eco foi ainda autor das obras infantis: “A bomba e o general”, “Os gnomos de Gnu”, “Os três cosmonautas”, com ilustrações do artista italiano Eugenio Carmi.

Novo Livro

Um novo livro de Umberto Eco deve ser publicado em março deste ano, segundo o editor Mario Andreose entrevistado pela agência Rai News. O título do livro é “Pape Satan Aleppe”, frase retirada da “Divina Comédia”, de Dante Alighieri (1265-1321). A publicação reunirá artigos publicados pelos italiano desde 2000.

O funeral de Umberto Eco ocorrerá no Castelo Sforzesco, em Milão, na terça-feira (23). O local abriga um museu que expõe obras de Da Vinci e Michelangelo e podia ser observado por Eco da janela de sua casa. Segundo Andreose, o velório será laico a pedido do escritor, que era ateu.

* Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa
 

 
Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário