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Jogos de RPG estimulam o desenvolvimento cognitivo dos jogadores

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Jogos de RPG estimulam o desenvolvimento cognitivo dos jogadores

Criado em 15/07/12 12h21 e atualizado em 15/07/12 12h29
Por Agência de Notícas UFPE

RPG (2)
(Foto: Priscila Darre/Creative Commons)

Nerds, antissociais, góticos, praticantes de magia negra ou simplesmente esquisitos: são muitos os mitos que envolvem aqueles que jogam RPG, sigla para role-playing game, ou “jogo de interpretação de papeis”. Felizmente, para a tranquilidade de pais e responsáveis, esses estigmas não são mais que preconceitos concebidos pela falta de conhecimento. De acordo com a dissertação de Rafaela Rigaud Peixoto, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE, o RPG não apenas contribui para o desenvolvimento cognitivo dos jogadores, como está a cada dia sendo mais visto como uma atividade didático-pedagógica.

A pesquisa, denominada “A construção de sentidos nos role-playing games: aspectos linguísticos e sócio-históricos”, aponta para o potencial pedagógico do jogo, destacando sua fórmula interativa. “O RPG não tem um caráter competitivo bem delimitado. Ao contrário, a cooperação é quase sempre estimulada para que os obstáculos sejam vencidos conjuntamente”, afirma a autora. A ideia é que cada participante crie sua personagem baseada em um universo com regras preestabelecidas, enquanto um narrador (ou mestre) guia essas personagens, criando situações de conflito. Dessa forma, as decisões de cada jogador interferem diretamente na narrativa, que vai sendo construída coletivamente no decorrer da partida.

Rafaela explica que existem muitas modalidades de RPG. Na mais tradicional, conhecida como RPG de mesa ou narrativo, os participantes interpretam as personagens verbalmente ou com miniaturas. Porém, na categoria “live action”, os jogadores se vestem a caráter e realmente encarnam o personagem, o que muitas vezes causa estranhamento em quem não conhece o jogo, especialmente quando os temas envolvem fantasia medieval, como o universo de Dungeons & Dragons, ou o submundo, como Storyteller. Existem ainda o RPG digital, que se utiliza de uma interface no computador, e o RPG de cartas, embora esse último seja menos atrelado à proposta tradicional.

Para a autora, o formato dos role-playing games é bastante salutar e estimula o desenvolvimento cognitivo dos jogadores em qualquer idade, pois exige uma postura ativa, de tomada de decisão, que estimula a atividade dos neurônios. “É importante que o indivíduo possa aprender a vivenciar situações diversificadas, com as quais eles provavelmente terão de lidar em um futuro próximo. Ou, mesmo que não a vivenciem no futuro, é importante que eles aprendam a lidar com ela, para que possam agregar novos valores e habilidades, crescer, ficar mais maduros”, comenta Rafaela.

RPG (1)
(Foto: Mariana Villar/Creative Commons)

Ela conta que o potencial pedagógico do RPG, associado à teoria do interacionismo sociodiscursivo, ou seja, o estudo do discurso falado ou escrito dentro de um contexto de interação, tem despertado o interesse dos educadores em escolas públicas e privadas. “Por ser uma construção de narrativa, a turma se sente bem mais à vontade para expor suas ideias e desenvolver a história de acordo com seu ponto de vista”, explica a pesquisadora. Durante o jogo, os alunos podem exercitar a língua, enriquecer o vocabulário e até mesmo desenvolver um estilo discursivo próprio.

A autora registra ainda a importante contribuição dos jogos interpretativos para o crescimento interpessoal e intrapessoal da criança, como o combate à timidez, por exemplo. Além disso, as atividades com o RPG estimulam o trabalho em grupo, para vencer desafios e encontrar respostas para os problemas, aproximando-se das práticas de ensino colaborativo.

Durante a realização da pesquisa, Rafaela observou partidas de RPG e entrevistou jogadores, além de ela própria ter jogado algumas vezes. Para ela, trata-se de um momento de liberdade total, livre de convenções sociais, em que o jogador pode fazer coisas que tem vontade de experimentar, mas que não seria bom fazer na vida real. Entretanto, enquanto a experiência é apenas fictícia, o aprendizado é verdadeiro.

Creative Commons - CC BY 3.0

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