one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Criança dando birra

Imagem: Chirag Rathod/ Flickr

Compartilhar:

Educadora orienta pais a lidarem com a birra infantil; confira

Criado em 04/01/16 09h19 e atualizado em 04/01/16 09h42
Por Fundação Maria Cecília Souto Vidigal

A birra infantil põe à prova a paciência dos pais, cuidadores e educadores. Por mais difícil que seja para o adulto lidar com ela, algumas atitudes são importantes, como não demonstrar estresse ou ansiedade. Este é o conselho da filósofa, educadora e escritora Tania Zagury.  Confira a entrevista da especialista à Fundação Maria Cecília Souto Vidigal sobre o tema:

FMCSV – Existe uma fase da infância em que a “birra” é natural, fazendo parte do processo de desenvolvimento? O que ela indica?

Tania Zagury – A birra é uma forma de expressar insatisfação. De modo geral, a criança pequena a utiliza para demonstrar raiva ou frustração, já que, até por volta dos três anos, ela ainda não dispõe de outras ferramentas para demonstrar tais sentimentos. A partir dessa etapa, no entanto, o evento “birra” precisa ser gradativamente substituído por outros meios de comunicar frustrações. Para isso, é importante que fique claro para a criança que essa forma de comportamento não leva aos resultados desejados. Se isso não ocorrer, é sinal de que os adultos não estão atuando de maneira eficiente.

FMCSV – Na creche ou pré-escola, quando uma criança faz birra, de que forma o educador deve agir?

TZ – Os educadores – pais, professores ou cuidadores – precisam levar a criança a compreender que a birra ou chilique não é a maneira adequada de ela conseguir o que deseja. Surte mais efeito se essa clareza for passada por meio de atitudes e não de palavras.

FMCSV – Como os pais podem ajudar a criança em momentos assim, sem mimá-la ou reprimi-la de maneira inadequada?

TZ – O ideal é deixar a criança “ter o chilique” e não demonstrar estresse ou ansiedade. Se preferir dar uma explicação, que seja uma apenas. E não precisa gritar, mesmo que a criança esteja berrando. O ideal é falar em tom normal, mas firme: “Isso não está certo. Vou esperar passar, depois a gente conversa”, ou algo do gênero. E só uma vez mesmo! Em casa ou na escola a preocupação deve ser a de afastar objetos com os quais a criança que se joga ao chão, por exemplo, possa se machucar. Quando ela parar com o “ataque”, aja como se nada tivesse acontecido, mas mantenha a atitude que gerou a birra. Se você a proibiu de pegar um objeto, ele continuará proibido, caso contrário, a criança terá razões para pensar que vale a pena adotar o chilique. Em pouco tempo ela entenderá que a estratégia não funciona.

FMCSV – O que você acha de atitudes como bater, colocar de castigo (ficar quieto em um canto por determinado tempo), tirar coisas da criança de que ela gosta para puni-la, como estratégias para impor limites?

 

TZ – Todo ser humano precisa compreender que a sociedade é regida por regras, leis e por um conjunto de normas éticas. E ele só aprende essa coisa, que parece óbvia, quando passa pela experiência da aprovação/reprovação e também pela premiação/sanção. São os termos que prefiro. Quando uma criança burla regras que foram instituídas pela primeira vez – seja em casa ou na escola – deve ser repreendida, sim, porém, mais do que repreendida, precisa ser alertada para o fato de que tal ou qual atitude não é aprovada pelo grupo. Se, apesar de esclarecida e orientada, ela continuar a não respeitar as regras, só mudará se sentir que há “um certo preço a pagar”. São as sanções educacionais, como gosto de chamar. Bater jamais é sanção justa. O ideal é tirar algo, como uma sessão de cinema ou o tempo maior que se dá a ela no fim de semana para os joguinhos eletrônicos etc. É importante também não se esquecer de premiar as atitudes adequadas – mas não com presentes materiais, e sim usando elogios e carinho. Enfim, formas de mostrar aprovação a certas atitudes e desaprovação a outras. É assim que se começa a compreender o que é lei, o que é sociedade e a vida em comum.

FMCSV - O que mais é importante os educadores saberem sobre a birra?

TZ – É essencial que saibam que todo o trabalho feito irá por água abaixo se houver atitudes diferentes entre as pessoas que cuidam da criança. Aí, as birras certamente demorarão muito a desaparecer.

FMCSV – Tania, qual dos seus livros você indica aos pais e educadores para que se aprofundem no tema?

TZ – No meu site há uma lista de opções interessantes, para as diversas situações do desenvolvimento infanto-juvenil. Com relação a este tema específico, indico três obras, que se complementam: “Limites sem traumas – educando cidadãos”, que já está na 82ª edição, “Educar sem culpa” e “Filhos, manual de instruções”.

Tania Zagury é professora adjunta e Mestre em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Filósofa graduada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), autora de 25 livros publicados no Brasil e no exterior, conferencista e pesquisadora em Educação.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário