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Criança e bandeira do Brasil

Imagem: Arquivo ABr

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Como falar sobre crise política com as crianças?

Criado em 14/04/16 11h31 e atualizado em 14/04/16 16h39
Por Bruna Ramos Fonte:Portal EBC

O atual cenário político tem dado nó na cabeça de muita gente: tanto pela incertza do futuro, quanto pela velocidade em que os fatos caminham e o tensionamento do debate. Imagine, então, como a crise política deve estar a cabeça das crianças? A forma como elas estão inseridas na atual discussão política do país está "errada em diversos sentidos", avlia a psicóloga e representante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Josiane Gomes Soares. Em entrevista ao programa Tarde Nacional, da Rádio Nacional da Amazônia, a especialista pondera que o discurso inflamado dos adultos, a permissão de pequenas corrupções no dia a dia e o acesso dos pequenos às redes sociais e aos grupos de WhatsApp contribuem para que o assunto seja introduzido de forma errônea no mundo infantil.

Segundo Josiane, a discussão está em todo lugar, desde a escola até encontros familiares. Portanto, é fundamental que as crianças estejam inseridas nela. Mas a forma de abordagem deve ser sensata, dentro de um contexto que elas possam compreender. “Sem que os pais imponham a posição deles”, defende.

Para Pedro Markun, um dos autores do livro "Quem Manda aqui?", que fala sobre política para crianças, os adultos podem e devem falar sobre tudo com os pequenos, independentemente da idade que tenham. “A dica que eu dou é: simplifique, mas não emburreça. Tente substantivar ao máximo a conversa; não é muito fácil porque política é simbólica e abstrata mesmo, mas dar corpo para a conversa pode ajudar especialmente com os menores”, orienta.

Para Markun, a dualidade do mocinho e bandido é martelada desde sempre na cabeça das crianças, reforçando o discurso do “nós” contra “eles”.

“Desconstruir isso leva tempo e trabalho. Talvez uma boa forma de começar seja mesmo revisitando o imaginário e tentando entender porque os inimigos são “malvados” e o quanto disso não é apenas uma questão de perspectiva”. Sobre as crianças que adotam o discurso do ódio, hostilizando alguém de opinião contrária, Pedro entende que essa pode ser uma questão dos adultos. “A gente é a referência. Acho que vale o exercício de olhar pra si e ver se no fundo não é você quem hostiliza opiniões contrárias no seu dia a dia”.

Os discursos mais acalorados da política merecem um cuidado especial, defende Josiane. Uma vez que os pais estão no “momento crucial de formação da constituição fixa dessas crianças”, eles  devem promover conversas sobre ética, política e, principalmente, sobre o respeito à opinião do outro. “As pessoas estão confundindo o que é o processo democrático: o processo democrático não é fazer com que sua opinião seja aceita a qualquer preço. É respeitar que vai ter alguém que diverge de você e que isso é democracia”, conclui. Ao que Pedro complementa: “Eu acredito que quando você entende que a criança é também cidadão e participa do processo de construção de uma sociedade mais justa, você empodera ela com a capacidade de moldar seu próprio mundo e suas próprias escolhas”.

Creative Commons - CC BY 3.0

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