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Sem receber, trabalhadores de empresa do Comperj protestam e contam dificuldades

Criado em 22/01/15 13h47 e atualizado em 22/01/15 13h50
Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil Fonte:Agência Brasil

Trabalhadores da Comperj em implantação no município de Itaboraí, na região metropolitana do Rio, fazem manifestação em frente ao edifício-sede da Petrobras no centro do Rio.( Tânia Rego/Agência Brasil)

Sem receber, trabalhadores de empresa do Comperj protestam e contam dificuldades Tânia Rêgo

Com nariz de palhaço, trabalhadores da empresa Alumini Engenharia S/A  depositaram seus macacões em caixões em um protesto em frente à Petrobras na manhã de hoje (22). Com cartazes e apitos eles cobram que a estatal se responsabilize e ajude a encontrar uma solução para as dívidas trabalhistas de sua terceirizada. Sem receber há dois meses pelo trabalho nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), alguns também se preocupam com o risco de ficar sem moradia, já que a empresa custeava a estadia na pousada do trabalhador para parte dos que vieram de outros estados em busca de emprego e suspendeu esse pagamento.

"Só estamos lá porque o dono da pousada está com pena, mas não tem nem mais refeição. Tem dia que que não almoço e como biscoito", disse o mecânico montador João Felício de Souza, que deixou a família em Muritiba (BA) para trabalhar na obra, há três anos. A mulher e os dois filhos adolescentes dependem da renda que ele envia mensalmente não apenas para o sustento. A filha mais velha, de 17 anos, foi aprovada para cursar medicina em uma universidade particular, mas, sem o salário, ele não sabe como este sonho se tornará realidade: "Moro longe, mas criamos muito bem os meus filhos", conta orgulhoso.

João deixou Muritiba, que fica a 100 quilômetros de Salvador, porque lá acha impossível conseguir a renda de R$ 2,1 mil mais o que recebia em horas extras. Sem salário e sem saber se continuará na moradia, ele conta que não conseguiu juntar dinheiro nem para pagar a passagem de volta para a Bahia, caso precise: "Mandei tudo para lá, mas há dois meses já não mando nada. Eles estão passando dificuldade".

A situação é bem parecida com a do eletricista  Marcos Vasconcelos, de 28 anos, que também veio da Bahia, mas não conseguiu uma vaga na pousada e mora de aluguel. "Pago R$ 900 por mês por uma quitinete. Os preços aumentaram muito e agora estou há dois meses sem pagar. A proprietária disse que vai me despejar".

Ele deixou a mulher há nove anos na Bahia e, nas visitas ao longo desse tempo, ela engravidou duas vezes. Agora, ele se preocupa também com a educação dos dois filhos, de 5 e 8 anos: "Acho que meus filhos não vão conseguir estudar este ano. Já estou devendo a mensalidade de dezembro e não consegui pagar a matrícula".

A técnica de enfermagem do trabalho Márcia Albuquerque conseguiu segurar as despesas de início de ano com o dinheiro que tinha guardado, mas não sabe como será em fevereiro se não receber. Casada e mãe de uma filha de 17 anos, ela conta que o marido foi demitido da mesma empresa em setembro, mas recebeu todos os direitos e agora ganha o seguro-desemprego: "Eu quero continuar na Alumini, porque é uma empresa boa. A gente não tinha o que falar dela, mas não sabemos qual é a real situação", diz a técnica, que não recebeu explicações sobre o atraso de nenhum representante da empresa.

Assim como Márcia, que mora em casa própria, o encanador José Medeiros ao menos não precisa se preocupar com o aluguel. Sua frustração, no entanto, é que estava construindo a casa, e teve que vender parte dos materiais de construção para que eles não estragassem enquanto a obra está parada. "Estamos vivendo às custas de parentes, e nem tenho como procurar outro emprego, porque não fui demitido e minha carteira está com eles".

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Empregados nas Empresas de Manutenção e Montagem Industrial do Município de Itaboraí,  2,5 mil funcionários da  empresa Alumini Engenharia S/A estão sem receber desde dezembro e outros 469 foram demitidos sem o pagamento da rescisão contratual.

A Alumini teve suas contas bloqueadas, mas obteve uma recuperação judicial na Justiça na última terca-feira (20). Segundo a assessoria de imprensa, um plano de pagamento será apresentado aos credores em cerca de 60 dias, o que inclui os direitos trabalhistas. A empresa explica que as contas foram bloqueadas por uma decisão da Justiça do Trabalho de Ipojuca (PE), "por causa do não cumprimento integral do acordo de rescisão dos trabalhadores da empresa que atuavam na Refinaria do Nordeste". A Alumini afirma que não cumpriu as rescisões porque a Petrobras não liberou R$ 1,2 bilhão em aditivos em favor da empresa, referentes a trabalhos já executados.

A Agência Brasil procurou a Petrobras, mas a empresa não se manifestou até o fechamento desta matéria.

Editor Valéria Aguiar
Creative Commons - CC BY 3.0

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