one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


A obra acrescentará 11,5 km à Linha 5 (Lilás), que atualmente tem 8,4 km em operação. construção está na fase final de demolição dos 224 imóveis já desapropriados

Imagem:

Compartilhar:

MP promove audiência para discutir expansão do Metrô paulista

Criado em 06/06/13 22h11 e atualizado em 06/06/13 22h40
Por Elaine Patricia Cruz Edição:Aécio Amado Fonte:Agência Brasil

Metrô de São Paulo
A desapropriação e o reassentamento das famílias que foram ou ainda serão removidas de suas moradias por causa das obras do metrô foram os assuntos mais discutidos entre os participantes (Stefan Martins/Creative Commons)

São Paulo – A expansão e a prestação de serviços do Metrô paulista foi tema de audiência pública hoje (6) promovida pelo Ministério Público Estadual. A desapropriação e o reassentamento das famílias que foram ou ainda serão removidas de suas moradias por causa das obras do metrô foram os assuntos mais discutidos entre os participantes. O caso mais preocupante atualmente é o das famílias que moravam ou ainda moram nas comunidades do Buraco Quente e do Comando, próximas à Avenida Água Espraiada, na zona sul da capital, onde serão feitas obras de ampliação da Linha 5- Lilás do Metrô.

“As negociações não foram claras e transparentes para toda a população, ou seja, teve pessoas que receberam valores muito irrisórios; outras receberam valor dito alto, de R$ 119 mil, que é o teto para dez anos de moradia e benfeitorias na sua casa. Mas isso foi exceção. A regra foram valores muito baixos, entre R$ 30 mil e R$ 60 mil”, disse Geilson Sampaio, representante da Comissão de Moradores do Buraco Quente e Comando e do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos.

Sampaio morou no Buraco Quente por 25 anos, até que se casou e passou a viver em outro local. Mas sua mãe, que viveu na comunidade por mais de 35 anos, saiu de lá por causa das obras do Metrô, passando a a morar com ele. “Estamos brigando pelo valor máximo da indenização. Ela teve que sair de lá, a casa dela foi demolida, e está morando comigo. Estamos agora negociando uma casa da Cohab”, disse.

Segundo Sampaio, 421 famílias que viviam nas duas comunidades foram cadastradas pelo Metrô. A maior parte delas já deixou o local. “Sou a favor do acesso, do progresso, mas não da obra como está sendo feita. Sou usuário do Metrô e sei da facilidade que ele possibilita. Porém a obra, em si, não deveria acontecer de forma que o direito ao transporte passar por cima do direito à moradia. Uma coisa deve falar com a outra”, ressaltou.

O bombeiro civil Adriano da Paz vive no Comando há 37 anos. “Nasci lá e estou lá até hoje. Estou esperando o Metrô resolver. Até agora não tem resposta nenhuma para a gente pode tomar outro rumo na nossa vida”, falou. O caso de Adriano é ainda mais complicado. A casa que ele construiu no Comando para viver com a ex-mulher está hoje alugada. E o Metrô ainda não reconheceu o seu direito como proprietário do imóvel.

“Separei, e fui morar com a minha mãe [também no Comando] e aluguei a casa [onde morava]. E eles [Metrô] dizem que a pessoa que está alugando a casa não precisa de casa. Então, o meu caso está sendo estudando. Aliás, 28 casos estão nessa mesma situação”, disse. De acordo com Adriano, o local onde vive foi invadido pelas famílias há cerca de 40 anos. Mas há uma ação tramitando na Justiça há nove anos, de uso capião, para o reconhecimento de posse.

O secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, admitiu que a grande dificuldade no processo não é a desapropriação das famílias, mas o reassentamento. “Na desapropriação existe todo um procedimento de uma avaliação do imóvel. O Metrô é muito criterioso e, quando há contestação, judicializamos e a Justiça decide. A questão do reassentamento é mais complexa porque há normas. O reassentado tem necessidade de permanecer nas proximidades e nem sempre se encontra áreas próximas de onde ele está. Existem também algumas situações mais difíceis, como aqueles reassentados que tem um negócio, um bar ou uma hospedaria e que também é preciso valorar isso quando se discute a questão do reassentamento”, declarou. Mas segundo o secretário, todas as pessoas que estão sendo afetadas com as obras do metrô estão sendo atendidas.

Para atender às famílias das comunidades do Buraco Quente e do Comando, o secretário propôs a uma reunião na próxima semana. “Temos que achar o melhor caminho”, disse. A reunião foi marcada para as 10h da próxima sexta-feira (14), com a participação do Ministério Público.

Moradores da região de Paraisópolis também fizeram a mesma queixa sobre a desapropriação e o reassentamento das famílias. Mas, segundo o Metrô, lá a situação não é tão emergencial quanto as do Buraco Quente e do Comando, já que deverão ocorrer poucas desapropriações e a obra ainda deverá demorar a começar.

De acordo com o secretário, até 2030 as obras que estão previstas em toda a rede do Metrô paulista deverão estar concluídas. A Agência Brasil procurou o Metrô para ter informações sobre quantas famílias, no total, deverão ser desapropriadas por causa das obras, mas até o momento não obteve retorno.

Problemas, como o de superlotação, também foram discutidos durante a audiência. Segundo o Metrô, uma das causas da superlotação é a maneira como a população está distribuída pela cidade, com os empregos concentrados na região central e as pessoas vivendo, em sua maioria, na periferia. O Metrô reconhece a superlotação das linhas e avalia que a solução para o problema virá com a expansão da rede.

O promotor de Justiça Maurício Antônio Ribeiro Lopes, da área de habitação e urbanismo, disse que a audiência pública é importante para o Ministério Público ter clareza dos projetos do Metrô e para a sociedade se manifestar sobre uma obra que afeta a sua vida.

“Temos inúmeros inquéritos civis que versam sobre o Metrô e a prestação de serviços públicos relacionados à mobilidade urbana. Achamos que esta era a oportunidade tanto para o Ministério Público obter alguns esclarecimentos sobre planejamento do Metrô e como é feita a expansão da rede, os problemas que vem enfrentando e como está solucionando esses problemas, como também para a sociedade civil trazer suas críticas e seus pedidos de esclarecimentos. Queremos fazer uma aproximação entre o Metrô, Ministério Público e a sociedade civil”, disse.

Edição: Aécio Amado

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário