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Ditadura Militar (1964-1985)

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Debate discute resquícios da ditadura no Brasil atual

Criado em 24/03/14 22h41 e atualizado em 02/01/15 12h42
Por Akemi Nitahara Edição:Stênio Ribeiro Fonte:Agência Brasil

Um debate promovido hoje (24) pelo Movimento em Defesa da Economia Nacional (Modecon), criado pelo jornalista Barbosa Lima Sobrinho, após o golpe de 1964, para avaliar os temas ligados à soberania nacional, discutiu as interpretações da ditadura militar no Brasil.

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Para o professor do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), Danião Aarão Reis Filho, o país precisa democratizar a democracia, já que ainda convivemos com o que ele chamou de "legados da ditadura". "A nossa democracia continua incrustada por cacos que vêm da ditadura. Os grandes beneficiários do sistema ditatorial continuam mandando no pais: o agronegócio, o sistema bancário, o capital internacional. Essa gente toda sempre mandou, mas ficaram na sombras, ocultados pelos milicos".

Ele cita também a permanência da tutela militar, já que a Constituição permite que os militares intervenham no país, basta que um dos líderes do poder constituído peça". Um outro resquício da ditadura, segundo Aarão, é a lei Fleury, ainda em vigor.

"O (delegado) Sérgio Paranhos Fleury foi chamado para auxiliar na caça aos opositores, foi agraciado com medalha do Estado e morreu em condições não muito claras, dando a entender que foi queima de arquivo. Ele foi acusado de participar de grupos de extermínio, e a lei que leva o nome dele garante que os acusados continuem em liberdade até que todos os recursos se esgotem".

Com isso, de acordo com o professor, a Justiça fica "processalista" e protege as "elites endinheiradas que contratam caros advogados e continuam soltas".

O jornalista e cientista político Mário Grabois falou sobre o momento chamado de abertura, entre 1973 e 1979. De acordo com ele, o governo da época pretendia, na verdade, articular uma forma de continuar no poder, e não redemocratizar o país.

"O poder já estava sendo balançado pela retomada dos movimentos sociais. A esquerda percebeu que era preciso denunciar, para desmascarar a tentativa de institucionalização e ser a força determinante. A luta da anistia também foi travada, impulsionada fundamentalmente por essa esquerda. A cada conquista, a cada pequeno espaço, ela (a esquerda) vinha com esse sinal".

Membro da Comissão Estadual da Verdade, João Ricardo Dornelles, afirmou que os 21 anos da ditadura militar aprofundaram as desigualdades no país, que vêm desde a época do descobrimento.

"Do período ditatorial até 1985 se somam os quase 500 anos anteriores de autoritarismo e exclusão, que foram aprofundados no regime de 64. O regime aprofundou um sistema que todo o tempo se tentava mitificar e amenizar. As elites escravista dizem que a escravidão aqui não foi tão grave assim, mas isso está aqui há 500 anos. O regime deu formatos culturais, dimensões econômicas do relacionamento humano, que tem como legado as barbaridades que temos hoje no pais".

Para ele, o golpe teve natureza de classe, bancada pelo capital internacional. "No pós-guerra, o capital se 'transnaciona', a guerra encerra a história do capitalismo baseado no estado nacional e Isso faz com que as sociedades variadas, como o Brasil, passem a ser disputadas. No momento da ditadura, a modernização do país é associada e dependente (do capital internacional), autoritária, excludente e concentradora de riqueza de uma forma que não tinha ocorrido ainda. Em 1964, o índice de Gini, que mede a desigualdade, era 0,46 (quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade social do país), em 1974 era 0,69, ou seja, em dez anos aumentou a concentração de riqueza. Hoje o índice está em torno de 0,58, quer dizer, mesmo com os avanços sociais dos últimos 20 anos, ainda não conseguimos recuperar o índice de 1964".

O Modecon promove debates todas as segundas-feiras na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e, desde a semana passada, tem tratado de temas relacionados ao golpe de 64. Na próxima semana, o tema será o caráter do regime.
 

Editor:c Stênio Ribeiro

Creative Commons - CC BY 3.0

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