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Evento global no Rio apresenta tecnologia como revolução social e pessoal
Criado em 08/10/14 20h29
e atualizado em 08/10/14 22h14
Por Flavia Villela
Edição:Armando Cardoso
Fonte:Agência Brasil
A tecnologia como ferramenta de poder social e pessoal foi a temática da terceira sessão do TEDGlobal, na tarde de hoje (8). O evento internacional, que ocorre desde segunda-feira na orla de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, reuniu ativistas e empresários dedicados à inclusão digital.
O primeiro palestrante foi o ativista brasileiro Rodrigo Baggio, fundador e presidente do Comitê para Democratização da Informática (CDI), organização que leva tecnologia a comunidades pobres em 800 centros de 12 países. Ele defendeu o que entende por e-topia, a busca da cidadania, igualdade e equidade, por meio do conhecimento e da informação digital.
O jornalista Bruno Torturra abriu a segunda palestra lembrando os efeitos dos gás lacrimogêneo no ser humano. Explicou, por exemplo, como o gás foi decisivo em sua escolha de abandonar um emprego de 11 anos em uma conceituada revista e a criação, com amigos do Mídia Ninja, um coletivo de comunicadores que produz e distribui, pela internet, imagens e matérias de eventos políticos e sociais e assuntos de direitos humanos. A primeira experiência com o gás de efeito moral ocorreu em 2011, durante cobertura de protesto em São Paulo.
“O gás lacrimogênio tem dois efeitos opostos: pode queimar os olhos ou ajudar a abrí-los. No meu caso, ajudou a abrir", declarou. “Na semana seguinte, voltei para reportar uma manifestação, mas como jornalista independente, transmitindo informações ao vivo pela internet. Estava fazendo a mesma coisa que a grande imprensa, mas tudo o que tinha era uma mochila”, salientou.
Torturra lembrou que, nesse dia, mais 90 mil pessoas assistiram o vídeo e centenas enviaram e-mails para saber como fazer transmissão em tempo real. “Acredito que a transmissão ao vivo transforma o espaço cibernético em arena política global. A simplicidade da tecnologia pode unir objetividade e subjetividade. Qualquer um pode ser um comunicador”, observou.
Ativista em telecomunicações, Steve Song defendeu a democratização do espectro para garantir aos mais probres acesso à informação e à comunicação. Song é fundador da empresa Village Telco, que garante conexão de internet e tecnologia de comunicação de baixo custo para regiões pobres da África.
Terceiro palestrante, Syed Karim tem uma empresa de pequenos satélites para transmissão de conteúdo digital livre com wi-fi em locais isolados ou com internet restrita. Segundo ele, quatro bilhões de pessoas ainda não têm acesso à internet, devido aos altos custos tecnológicos. Karim mostrou como pequenos satélites ajudam a levar informação para áreas pobres do mundo. “O que estamos criando é uma biblioteca pública da humanidade. Imaginem uma biblioteca em uma aldeia, em uma casa, em um mercado. É uma questão de tempo”, assegurou.
Último palestrante, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis apresentou o projeto Andar de Novo, com uso de robôs comandado por paraplégicos. Referência mundial em estudos que integram o cérebro humano com máquinas, Nicolelis afirmou que, em futuro próximo, uma pessoa será capaz de usar o cérebro para se movimentar e se comunicar. “Há três semanas, um grupo de [cientistas] brasileiros demonstraram uma conexão entre dois cérebros humanos”, comentou. “Onde isso vai dar? Não temos ideia. Somos apenas cientistas, pagos para sermos crianças. Vamos até o limite para descobrir o desconhecido”, concluiu.
Editor Armando Cardoso
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