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Lenine celebra 30 anos de carreira no Encontro de Culturas

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Lenine celebra aniversário de carreira no Encontro de Culturas

Criado em 25/07/13 12h37 e atualizado em 18/03/16 15h15
Por Maria Carolina Santana Fonte:Colaborativo

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Lenine celebra 30 anos de carreira no Encontro de Culturas (Anne Vilela / Colaborativo)

Com foco na diversidade cultural, unindo etnias indígenas, kalungas e culturas tradicionais e por ser realizado em um paraíso natural, o Encontro de Culturas foi escolhido a dedo para ser palco de uma das celebrações de 30 anos da carreira de Lenine. O caráter diferenciado do evento atraiu o interesse do músico pernambucano que se apresentou na noite desta terça (23) para um público de cerca de 5 mil pessoas.

De fala mansa e gingado próprio, Lenine começou o show apenas com voz e violão, marca da turnê intimista de comemoração. No repertório, o músico relembrou músicas do álbum Olho de Peixe e outros sucessos como “Jack Soul Brasileiro”, “A rede”, “O homem dos olhos de raio x”. “Música é igual filho. E como pai eu tendo a dar mais atenção para os mais novos” foi assim que Lenine anunciou o repertório das músicas do último álbum, “Chão”. Para o público não importava se a música era antiga ou nova, a maioria sabia a letra e quem não sabia arriscava palavras soltas para poder fazer parte do show.

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Entre uma música e outra, Lenine interagia com o público e compartilhava o prazer de tocar no Encontro: “se depender de mim isso vira tradição. Vocês vão ter que me aguentar todos os anos”. Outro prazer latente para o músico era poder tocar as músicas da forma como foram feitas, naquele jeito intimista, apenas voz e violão. No meio do show, Lenine fez um pedido a todos: “vamos aplaudir esse Encontro que tem como foco a diversidade”. 

Lenine encantou e se encantou com a atmosfera do Encontro de Culturas. Em entrevista ele fala um pouco da experiência de visitar pela primeira vez a Chapada dos Veadeiros e comemorar 30 anos de carreira no Encontro de Culturas.


Confira a entrevista completa:

EC – Quais estão sendo suas impressões da Chapada dos Veadeiros?

L - Pra quem vem a primeira vez, como é o meu caso, é muito impactante. É tudo muito bonito. Tem uma estranheza maravilhosa de ser um cerrado de altitude, a fauna e a flora é muito específica, muito pontual. Eu sou curioso, né? Então eu estou apaixonado pelo lugar, quero vir mais vezes. O que formou um lugar como esse foi a entrega de um povo que encontro aqui, não é do povo indígena que eu estou falando, estou falando do outro povo que encontrou esse lugar assim, sabe da perda do povo indígena, sabe como nós maltratamos a raça que os fazem e de alguma maneira assumindo essa culpa, eles fizeram desse lugar, um lugar especial. Por ter esse lugar, esse passado histórico com a mineração... Esse lugar ficou esquecido. Tanto é que tem quilombola que foi achado sem nunca ter tido contato com essa imensidão. Então isso dá uma real ideia da dimensão desse país.

EC – Você acha que pode surgir uma música desta experiência?

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Lenine celebra 30 anos de carreira no Encontro de Culturas (Anne Vilela / Colaborativo)

L - Para quem trabalha com música, como eu. Que é autor e compositor, como eu declaro, tudo é referência, eu sou meio esponja. Eu posso usar todas essas referências ou parte delas nos meus discursos, nas minhas palavras, nas minhas canções. Com certeza, de uma maneira ou de outra uma experiência como esta determina tanta coisa que vai sair algo.

EC – Em uma entrevista você disse que “para conhecer do Brasil é preciso ouvir muito”. Você considera que já conhece muito do Brasil?

L - Não. Eu tenho 54 anos, eu tenho uma parceira maravilhosa que é a música que me leva a todos os lugares possíveis e é a primeira vez que eu estou em São Jorge. Então, eu não conheço nada. Eu queria conhecer o Brasil, hoje eu quero conhecer Goiás. A gente vive num país com dimensão  continental e eu tenho desejo de conhecer onde eu nasci, um povo tão misturado, que tem a ver com tantas culturas celebradas num Encontro como esse, que é justamente cultura popular.

Sabe a constatação que eu chego? É que a gente nem arranhou a profundidade do que seja o Brasil. Até 10 ou 12 ano atrás, o brasileiro médio nem sabia o que era o Boi de Parintins. Descobriu agora. Então, é impossível acreditar que o brasileiro médio saiba o que é uma Viola-de-Cocho. Mas logo logo ele vai, porque querendo ou não, ele vai se deparar com cada expressão que forma esse imenso Brasil.  Eu acho que é um tempo de maturação. Até porque tem pessoas como a gente, que estão aí propagando. Existem festivais e encontros como este que celebram justamente essa diversidade, esta cara multifacetada, esse Brasil.

EC - Como você desenvolveu esse jeito de tocar violão tão peculiar?

L - Eu não procurei esse violão, ele caiu no meu colo. E ele caiu, porque o ato de compor e tocar  é muito solitário, muito sozinho . Como eu sou da geração do rock’n’roll, com Zeppelin na cabeça e, com o violão, eu não conseguia chegar nem perto daquilo. O que eu fazia? Ia atrás das sujeiras que eu podia tirar do violão para transformar o som em algo mais pesado. De tanto fazer isso solitariamente , eu descobri uma maneira de tocar, que tinha ali embutido um pouco da bateria, um pouco do baixo, um pouco da guitarra, um pouco do rock que eu ousava achar que fazia.  E meus amigos começaram a falar “rapaz, esse violão é tu”, “esse violão é todo Lenine”. Meus amigos mais próximos perceberam, mas não foi uma procura, e sim, hoje eu sou reconhecido por isso. Eu me orgulho muito disso. Ainda mais, porque a linha evolutiva do violão brasileiro passa desde Baden Powell a Hermano Reis. Djavan, Gilberto Gil, João Bosco, João Gilberto, só casca grossa. Então, estar nesse nicho e ter como expressão o violão, como quase uma extensão do seu corpo... Eu me sinto muito orgulhoso disso.

EC - Como está sendo a turnê de comemoração dos 30 anos?

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Lenine celebra 30 anos de carreira no Encontro de Culturas (Anne Vilela / Colaborativo)

L - Trocando o chip toda hora. Cada hora a gente comemora de um jeito diferente. O Suzano e eu nos encontramos e apresentamos o Olho de Peixe,  fiz show com a orquestra do maestro holandês Martin Fondse... Estou aproveitando de toda forma. E hoje, por exemplo, é um dia muito especial que me possibilita exercitar uma coisa que é raro para mim, que é mostrar a canção como foi feita; desnuda.

EC - Privilégio nosso...

L - Privilégio meu também. É uma coisa bacana, porque tem a ver com o exercício solitário de compor que eu falei. Tudo parte do violão e da voz, do solitário ali.

EC – Como surgiu a escolha do Encontro de Culturas para sediar um dos shows de celebração dos 30 anos? O que isso representa para você?

L - Pra ser bem honesto, nós chegamos a conclusão que tinha que ter 30 velinhas para comemorar de 30 maneiras diferentes esses 30 anos. Então, tudo que corroborava, isso é diferente, isso a gente pode celebrar. Um show num encontro de cultura na chapada dos veadeiros com a lua cheia de são jorge me recebendo, dizendo “canta aí, canta direito”.

Creative Commons - CC BY 3.0

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