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Destino de migrantes haitianos continua preocupando defensores de direitos humanos
Criado em 18/11/13 10h10
e atualizado em 02/01/15 12h54
Por Adital
O destino dos haitianos que buscam refúgio no Brasil volta a preocupar os defensores de direitos humanos. A ONG brasileira Conectas manifestou novamente preocupação com a situação desses migrantes, em especial dos que entram no país de forma ilegal. O fato que motivou as críticas da organização foi o discurso feito pela presidenta Dilma Rousseff, no último dia 11 de novembro, em visita oficial ao Peru. Na ocasião, ela afirmou que junto com o presidente peruano, Ollanta Humalla, irão "cooperar para combater a ação ilegal de redes de traficantes de pessoas”, principalmente as que exploram migrantes haitianos a caminho do Brasil.
Apesar de reconhecer a importância da iniciativa, a Conectas considera importante que medidas urgentes sejam tomadas no Brasil, país escolhido pelos migrantes para o início de uma nova vida. Uma delas é a solução da crise no abrigo situado na cidade acreana de Brasileia, primeira parada dos haitianos no Brasil. Lá, uma grande quantidade de migrantes sofrem com as condições precárias e desumanas de acomodação e tratamento.
Para a organização, Dilma não mencionou ações concretas para enfrentar o problema no âmbito regional. "É necessário fortalecer a capacidade de atendimento das embaixadas, facilitando o acesso ao visto humanitário, desenvolver campanhas de informação nas cidades que fazem parte da rota dos haitinanos e trabalhar com outros governos da região para investigar as denúncias e combater as redes de tráfico”, afirma Camila Asano, coordenadora do Programa de Política Externa da Conectas.
A fim de oferecer auxílio à presidente, a Conectas e organizações como Missão Paz, Fundación Étnica Integral (República Dominicana), Groupe d'Appui aux Rapatries et aux Refugies (Haiti) e Mesa Nacional Para las Migraciones y Refugiados (República Dominicana) enviaram uma carta para Dilma antes de sua viagem ao Peru, destacando algumas medidas para conter as violações de direitos humanos nos países que fazem parte da rota. Dentre elas está o fim da exigência de visto imposta pelo Peru e a adoção de uma política humanitária aos moldes da que foi implantada no Brasil.
A imigração desenfreada de haitianos para o Brasil começou em 2010, após um terremoto que deixou mais de 300 mil mortos e destruiu a infraestrututura do Haiti. A forma ilegal de chegar ao Brasil é a mais rápida e passa por países como República Dominicana, Equador e Peru, que, segundo os refugiados, é o local em que a viagem é mais difícil e arriscada, onde passam por violações de direitos, como abusos sexuais, maus tratos por policiais peruanos, sequestros-relâmpago, tortura, entre outros.
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