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Grau de investimento: entenda o que significa o rebaixamento do Brasil
Criado em 09/09/15 21h13
e atualizado em 17/02/16 17h06
Por Líria Jade*
Edição:Anderson Falcão
Fonte:Portal EB
A agência de classificação de riscos Standard & Poor's rebaixou novamente nesta quarta-feira (17) a nota de crédito do Brasil, mais de cinco meses após o país perder o selo de bom pagador pela agência. Em setembro, o Brasil perdeu o grau de investimento pela S&P, quando a nota do país foi rebaixada de "BBB-" para "BB+", com perspectiva negativa. O rebaixamento do rating do Brasil para a categoria "especulativa" aconteceu menos de 50 dias após a agência ter mudado a perspectiva para negativa.
O Brasil perdeu também o grau de investimento pela agência Fitch, que em dezembro cortou a nota do país pela segunda vez em dois meses. A agência Moody's ainda mantém grau de investimento para o país. A nota do país pela Moody's é Baa3, o último nível dentro do grau de investimento.
Mas você sabe o que significa a mudança e qual é o impacto dela na economia do país?
A retirada do selo de bom pagador, de acordo com o economista Flávio Augusto Corrêa Basílio, influencia diretamente no preço que se paga por créditos no mercado econômico: "Quanto pior a classificação de risco, mais altos ficam os juros para investimentos", explica.
O economista chama atenção ainda para a valorização do dólar. “Com o câmbio subindo ainda mais, tem-se impacto nas empresas que emitem dívidas no exterior e a principal delas é a Petrobras”. O aumento das taxas de juros, uma maior dificuldade de retomar a trajetória de crescimento e aumento do desemprego podem ser consequências do rebaixamento, ainda de acordo com Augusto.
1º Rebaixamento
O jornalista Luis Nassif entende o anúncio do rebaixamento como uma espécie de "cutucão" do mercado financeiro para que o país resolva suas questões com relação ao orçamento de 2016, que foi apresentado pelo governo ao Congresso Nacional com previsão de déficit de R$ 30,5 bilhões. O clima de insegurança trazido pela Operação Lava-Jato também é apontado por Nassif como possível motivação para a decisão da Standard & Poor's. Confira comentário de Luis Nassif no Repórter Brasil destaquarta-feira (9).
A própria Standard & Poor's apontou a questão orçamentária como motivadora do rebaixamento. Por outro lado, destaca Nassif, o relatório da agência sinaliza que ela continua acreditando que o país vai ter uma recuperação da economia: “Há uma queda neste ano e no próximo e recuperação em 2017”, avalia.
Outras agências
Oficialmente, o Brasil possui contrato para classificação de seu risco de crédito com três agências de classificação. Além da Standard & Poor´s, as agências Fitch Ratings e Moody´s monitoram as contas do país. Com as últimas duas, o grau de investimento está mantido.
As classificações das agências são ordenadas pela avaliação de risco de crédito em ordem decrescente. As classificações de AAA/Aaa até BBB-/Baa3 são consideradas como grau de investimento, enquanto as abaixo de BBB- são consideradas como de grau especulativo. É o que explica a tabela da Secretaria do Tesouro Nacional. Confira:
Governo
O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, afirmou que a perda do grau de investimento do Brasil não muda a trajetória de recuperação da economia brasileira. De acordo com Barbosa, o país está trabalhando em várias frentes para construir as condições do reequilíbrio fiscal.
"Tenho certeza de que a avaliação feita hoje será revertida à medida que as condições melhorem.Trabalhamos para manter sempre a melhor avaliação por parte do mercado e de todos os agentes da economia", concluiu.
Já o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse, por meio de nota, que "o governo brasileiro reafirma seu compromisso com a consolidação fiscal". Levy voltou a sinalizar intenção de perseguir a antiga meta de superávit primário para 2016.
*Com informaçôes da Agência Brasil
*Atualizada em 17/02
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