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Como o Partido Comunista define o futuro da China?
Criado em 07/11/12 14h01
e atualizado em 08/11/12 08h45
Por Allan Walbert
Fonte:Portal EBC
Um dos momentos políticos mais importantes da China tem início nesta quinta-feira (8). É da reunião do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCCh) que sairão os nomes da próxima geração de governantes do país- inclusive o novo presidente -, que comandará a economia que mais cresce no mundo e o principal parceiro comercial do Brasil.
Já está quase certo que o próximo secretário-geral do PCCh e futuro presidente da China será o atual vice-presidente, Xi Jinping. Ele deve comandar o país pelos próximos dez anos. O mandato dura cinco anos, renovado por mais cinco. Esse é o mesmo intervalo de tempo em que acontecem os congressos do PCCh.
Mas como funciona o Partido Comunista Chinês? Entenda a estrutura da cúpula decisória de uma das organizações mais secretas do mundo
O partido está no poder há mais de seis décadas. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, ele não é o único ajuntamento partidário permitido na China. Outros oito mini-partidos também fazem parte do sistema. A coexistência é pacífica e sob uma condição: deve-se submeter às curtas rédeas do regime. As outras siglas só existem por consentimento do partido principal.
Se por um lado os comunistas chineses reinam absolutos no controle da política na terra do dragão, por outro sua mais recente configuração - surgida com a morte do ex-governante Deng Xiaoping - procura evitar o aparecimento de grandes líderes de massa. Na prática, a estrutura burocrática do partido tende a impedir o nascimento de um novo Mao Tsé Tung, chinês que controlou o país por 27 anos.
Mais alinhada a características de mercado do ocidente e com leve flexibilização política em comparação com a época de Mao, formou-se então uma China onde nove homens decidem o presente e o futuro de 1,34 bilhão de pessoas.
A base
O Partido Comunista Chinês é composto por cerca de 80 milhões de membros, o que representa aproximadamente 6% da população do país. É considerado o maior partido do mundo. A idade mínima para ingresso é de 18 anos. Entrar para o partido pode significar mudança de vida, carreira ascendente, status e sucesso profissional. Mas fazer parte dele não é tão fácil. Dados contabilizam que, em 2010, apenas 15% dos jovens que quiseram ingressar no grupo foram aceitos.
Se entrar para o partido já não é simples, sair pode ser ainda mais complicado. Uma extensa agenda de reuniões, estudos e condutas está à espera dos jovens comunistas. Quem não aguenta a pressão e quer desistir pode enfrentar duros convencimentos a não voltar atrás. Desistência pode significar prejuízo à imagem da própria família perante a comunidade onde vive.
Ascensão
Além da base. a organização partidária conta com um escritório político, chamado de Politburo, formado por 25 membros. Desses, nove são escolhidos para compor o Comitê Permanente do Politburo, instância mais importante de todo o partido e de onde saem, na prática, as orientações que vão conduzir a vida dos chineses.
Os membros do Politburo fazem parte e são eleitos pelo Comitê Central, com cerca de 370 membros. Politburo e Comitê Central são, portanto, as esferas mais influente do PCCh. Vale salientar que para entrar nesse seleto hall é necessário ter alto nível de influência nos âmbitos social, político e econômico. Os critérios mais íntimos desse processo de escolha são mantidos sob sigilo.
Para entender melhor a estrutura hierárquica do PCC, veja o infográfico abaixo
Durante a realização do Congresso do Partido, cada um dos nove membros do Comitê Permanente recebem notas de 1 a 9. O mais bem votado exerce a função de secretário-geral do partido. O PCCh indica o secretário-geral para ocupar o cargo de presidente do país. Caberá ao Congresso Nacional do Povo (CNP), com poder legislativo, homologar a decisão em março de 2013. Com candidatura única e cerca de 70% do CNP controlado pelo partido, restará ao CNP acatar a decisão do Politburo.
E o que acontece com os outros membros eleitos do Comitê Permanente? Eles recebem cargos estratégicos também de acordo com o nível de influência na cúpula. O segundo mais influente, por exemplo, é eleito primeiro-ministro. A distribuição garante que toda a parte mais decisória fique na mão dos homens fortes do PCC. Antes mesmo do início do Congresso do Politburo, até o primeiro escalão das Forças Armadas – o Exército de Libertação Popular é o mais numeroso do mundo – passa por uma redistribuição de cargos.
Enquanto na política os “vermelhos” tomam conta dos principais cargos, na estrutura administrativa a questão é mais maleável. A maioria dos trabalhadores da máquina pública são servidores civis. Em 2007, um ministro da Saúde foi o primeiro a comandar uma pasta ministerial sem ter filiação partidária. Mesmo assim, o PCCh não deixa de monitorar as ações, firmando a sua posição como órgão normativo e consultivo chinês.
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