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Bolivianos comemoram aceitação da mastigação de coca pela ONU
Criado em 14/01/13 15h29
e atualizado em 07/07/16 16h46
Por Portal EBC*
Milhares de pessoas participaram de manifestações nesta segunda-feira (14) em Cochabamba e outras cidades bolivianas celebrando a decisão das Nações Unidas de retirar da lista de produtos entorpecentes ilegais a folha de coca mastigada, tradição ancestral no país. Em Cochabamba, La Paz e Santa Cruz, multidões saíram às ruas, incluindo "cocaleros" (cultivadores de folha de coca), camponeses e estudantes, entre outros cidadãos.
Na sexta-feira passada, a Bolívia regressou à Convenção de Viena - instância das Nações Unidas sobre drogas, e a organização internacional admitiu uma exceção para a folha de coca mastigada, conhecida localmente como "acullico". Portugal, Estados Unidos, Rússia, Japão e Reino Unido, estão entre os 15 países que votaram contra a despenalização, aprovada com os votos favoráveis de 169 nações.
A Bolívia voltará oficialmente à Convenção a partir de 10 de fevereiro, depois de ter se retirado no ano passado, uma manobra política que visou pressionar a organização internacional a aceitar a reserva pretendida pelas autoridades bolivianas. Para justificar a sua oposição à decisão da ONU, os Estados Unidos argumentam que a descriminalização poderá aumentar ainda mais a produção de cocaína, cujo ingrediente base é a folha de coca.
O presidente boliviano, Evo Morales, saudou no sábado a decisão da ONU como uma "vitória moral", lamentando que a folha de coca tenha sido "penalizada, demonizada e criminalizada a nível internacional", com os consumidores tratados como dependentes e os produtores como traficantes.
Evo Morales, um dos principais defensores da prática, defendeu que o "acullico" tem benefícios para a saúde, admitindo que além de a mastigar, também já a incluiu na sua dieta.
Racionalização do cultivo
O chanceler boliviano David Choquehuanca afirmou neste domingo (13) que a Bolívia conta com um plano estratégico de racionalização do cultivo de folhas de coca e luta contra o narcotráfico.
“Nós temos uma estratégia, assim como temos desenhado uma estratégia para que se respeitem os direitos culturais e ancestrais dos bolivianos, o direito ao “acullico” que temos e é de conhecimento da opinião pública internacional”, afirmou.
O representante da Oficina das Nações Unidas Contra a Droga e o Crime na Bolívia, Cesar Guedes, afirmou que a despenalização do aullico não significa que o país fomente o cultivo da planta além do necessário para seu consumo tradicional. Segundo um informe oficial do governo boliviano, durante 2012 foram erradicados mais de 11 mil hectares de cultivos de coca ilegal no país, e foram apreendidos 36 toneladas de cocaína, em 13 mil operações realizadas no país.
*Com informações da agência pública de notícias da Bolívia, ABI e de Portugal, Lusa
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