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Egito é acusado de detenções e deportações ilegais de refugiados sírios
Criado em 17/10/13 12h43
e atualizado em 17/10/13 12h58
Por © Agência Lusa
Cairo – A Anistia Internacional acusou hoje (17) as autoridades egípcias de prender ilegalmente e repatriar para a Síria centenas de refugiados que fugiram dos conflitos no país. No relatório Não podemos viver aqui mais tempo, a organização não governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos destacou que, como consequência das opções políticas do Egito, muitos refugiados sírios e palestinos tentam fugir para a Europa de forma ilegal, através do Mediterrâneo.
“As autoridades egípcias têm o dever de proporcionar proteção a qualquer pessoa que tenha fugido da Síria e que procure um refúgio seguro”, advertiu Sherif Elsayed Ali, diretor do Departamento de Direitos dos Refugiados e Emigrantes da ONG.
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Estes refugiados são considerados no Egito partidários da Irmandade Muçulmana e acusados de cumplicidade na violência que tomou conta do país, depois da destituição pelos militares do Presidente Mohamed Mursi, em 3 de julho.
O governo egípcio começou a restringir, nos últimos meses, a entrada de refugiados no país e exigir um visto e um documento, emitidos pelo governo de Damasco, que certifiquem que a pessoa não representa uma “ameaça” à segurança interna. Os refugiados que já se encontram no Egito estão sendo forçados a deixar o país.
Segundo a ONG, a Marinha egípcia interceptou, nos últimos meses, 13 embarcações procedentes da Síria que se dirigiam ilegalmente para a Europa através de Mediterrâneo. A Anistia Internacional citou o exemplo de 200 pessoas – a maioria sírios, que abandonaram uma embarcação na cidade egípcia de Alexandria, em 17 de setembro.
Segundo o testemunho de diversos refugiados, a polícia costeira egípcia aproximou-se da embarcação, abriu fogo e matou uma mulher de 50 anos e um homem de 30 anos. Dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) dão conta que 946 pessoas já foram detidas pelas autoridades egípcias. Desse total, 742 – incluindo mulheres e crianças, permanecem detidas.
Segundo a agência de notícias EFE, vários advogados apresentaram queixa à Anistia Internacional por estarem impedidos de se encontrar com os detidos, que enfrentam o dilema de permanecer presos de forma ilegal e indefinida, ou aceitar a deportação para a Síria.
Caso aceitem a segunda opção, arriscam-se a ser detidos pelas forças sírias, como aconteceu com um grupo de 36 pessoas, deportado do Egito para Damasco em 4 de outubro. A Anistia Internacional assegurou que muitos estão agora detidos pelo serviço de informação militar do regime sírio.
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