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Alpinistas no Everest

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Nepal: "Era uma cena de fim de mundo", relata brasileiro

Criado em 30/04/15 15h12 e atualizado em 30/04/15 17h04
Por Leandro Melito Edição: Portal EBC

Brasília - Um dos sobreviventes da avalanche ocorrida no monte Everest,causada pelo terremoto de 7,8 graus que atingiu o Nepal no último sábado (25), o brasileiro Davi Souto Saraiva relatou em um vídeo postado em sua conta no YouTube nesta quarta-feira (29) a experiência que passou na montanha.

O número de mortes causadas pelo terremoto no Nepal passou de 5 mil e quase 10 mil pessoas ficaram feridas no país. No momento do tremor cerca de 350 alpinistas estrangeiros e quase 700 sherpas - guias locais que carregam equipamentos de alpinismo e ajudam na montagem dos acampamentos. Segundo a Associação de Montanhistas do Nepal, 18 pessoas morreram e 60 ficaram feridas com a avalanche.

Davi estava no Everest a convite do pai, o montanhista cearense Rosier Alexandre, que também sobreviveu ao desastre natural e foi resgatado na última segunda-feira (27) por um helicóptero. Rosier é o responsável pelo projeto "Sete Cumes" que reúne uma equipe de alpinistas com o objetivo de escalar os sete maiores picos do mundo. Para concluir o projeto, faltava apenas subir o Everest - maior pico do mundo com altitude de 8.850 metros. "Ele me chamou pra vir acompanhar a expedição com ele e ficar no acampamento base do Everest onde eu poderia ter uma experiência multicultural única, com gente do mundo inteiro", conta.

No dia do terremoto Davi estava no acampamento base -  a 5.300 metros de altitude - enquanto seu pai e os demais alpinistas se encontravam no campo um - acampamento localizado a 5.900  metros de altitude -  e se preparavam para o deslocamento até o campo dois. Davi conversou com o pai por volta das 8h30 por rádio localizado em uma barraca destinada para a comunicação entre os alpinistas e sherpas que acompanhavam a expedição. "Falei com ele, desejei boa sorte na subida para o acampamento dois e disse que a gente se falava quando ele chegasse lá", lembra.

Por volta de 12h Davi começou a sentir os tremores, mas não percebeu o que estava acontecendo. "Eu não sabia o que era um terremoto. Na verdade eu pensei que eu estava tonto só, porque a 5.300 metros você não tem oxigênio, acontece várias vezes de você ficar meio tonto", conta.

Foi então que ele ouviu a primeira "explosão" - som provocado por uma avalanche -  e saiu da tenda. Segundo Davi, as avalanches são comuns - de 5 a 10 por dia -  em torno do acampamento base, localizado em  um vale cercado de montanhas. "Você acha até bonito ver a neve escorrendo da montanha. Tem  explosão várias vezes ao dia, só que elas acabam muito longe do acampamento base. Você nunca imagina que alguma avalanche vai atingir o acampamento base", lembra

O chão tremia e a gente ouvia explosões pra todo lado. E tava neblinando muito então a gente não via onde estavam acontecendo as avalanches. Era uma cena meio que de fim do mundo mesmo, a impressão era essa, e a gente conseguiu ver uma avalanche muito grande do lado da cascata de gelo, que é a rota que os escaladores fazem pra subir o Everest

Davi conta que tentou acalmar a médica Eve Girawong, que estava no Campo Base, e poucos segundos depois o jornalista americano que documentava a expedição olhou para trás e avistou uma enorme avalanche. 

Cada um correu pra um lado, cada um tentou salvar sua vida e eu lembro de correr pra longe da avalanche, na hora que eu senti neve nas minhas costas eu parei, me abaixei esperando uma pedra muito grande me pegar, mas nada aconteceu.

Passada a avalanche Davi se deu conta que estava atrás de um pequeno morro, "onde ficava a barraca da cozinha e do altar onde a gente pede que os deuses da montanha protejam a expedição no seu início". A médica Eve foi encontrada morta dois dias depois. "É triste porque é uma pessoa que a gente ficou amigo muito rápido, assim que a gente tava convivendo muito naqueles dias, era uma pessoa muito simpática que tava sempre sorrindo, sempre contando piada, muito feliz de estar ali, né, e ela não ta aqui, não posso falar com ela mais agora".

Davi foi para Gorak Shep, vilarejo abaixo de Khumbu, e retornou no dia seguinte para o acampamento base, que ficou destruído. Apesar das notícias de que seu pai estava bem, trazida pelos sherpas, ele só conseguiu confirmar a informação ao encontrá-lo após o resgate no dia 27. 

Davi e Rosier tem previsão de chegar à Katmandu, capital do Nepal, neste sábado (1º). As expedições no Everest devem continuar a partir da próxima semana, segundo o chege do departamento de montanhismo do Ministério do Turismo, Prasad Gautam. Segundo ele, cerca de 70 alpinistras estrangeiros continuam no acampamento base. O departamento estuda estener a temporada até o início de junho para aqueles que possuem uma autorização de 90 dias para subir o Everest. 

Rosier já havia tentado escalar o Everest no ano anterior, mas foi impedido por uma avalanche que matou 16 pessoas quando ele ainda estava no campo base. O desastre havia sido considerado então a maior tragédia da montanha em todos os tempos.  O projeto do montanhista cearense é atingir o topo de seis continentes diferentes. Depois de ter passado por América do Sul (Aconcágua), África (Kilimanjaro), Europa (Elbrus), Oceania (Carstensz), América do Norte (McKinley) e Antártica (Vinson), ele tentou o topo da Ásia (e do mundo) pela segunda vez este ano.

Confira a íntegra do vídeo com o relato de Davi Souto Saraiva

Creative Commons - CC BY 3.0

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