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Daniel Dias comemora resultados e nova mentalidade no esporte paralímpico
Criado em 05/09/12 17h01
e atualizado em 05/09/12 17h45
Por Moreno Bastos
Fonte:Especial para EBC
Londres - Acostumado a recordes, Daniel Dias admite surpresa com o que lhe garantiu o terceiro ouro nos Jogos Paralímpicos de Londres. Com tempo recorde de 1m32s27 nos 100m peito classe SB4, o nadador de Campinas já é o maior campeão olímpico do Brasil em Jogos Paralímpicos, com sete medalhas douradas, uma a mais que seu parceiro de piscinas, o veterano Codoaldo Silva, que já avisou que encerra a carreira após Londres.
“Quando você não está esperando é melhor ainda. Não treino para essa prova em específico. Treino muito para o medley. Isso acaba aperfeiçoando o nado de peito. Na prova da manhã (última terça-feira) fiquei surpreso. Acordei bem e nadei bem (bateu o recorde mundial da prova). Mas sabia que para ganhar à tarde, tinha que nadar ainda mais. Então consegui nadar bem e destruir o recorde mundial (o segundo no mesmo dia). Feliz por mais uma medalha para mim e para o Brasil”, explicou o nadador, que ainda pode ultrapassar Clodoaldo Silva e a velocista Ádria Santos, tornando-se o maior medalhista brasileiro absoluto em Jogos Paralímpicos. Silva e Ádria possuem 13 medalhas. Portanto, com mais um pódio, Dias poderá botar mais uma marca olímpica na sua história.
“É um grande honra superar um atleta como o Clodoaldo. Estou começando a fazer minha história no esporte paralímpico, no esporte brasileiro em geral, me dedicando muito para chegar nas competições e ganhar medalhas”, afirma o nadador. Foi assistindo Clodoaldo defender o Brasil nas piscinas que fez Dias entrar no mundo da natação, em 2004, ano em que Clodoaldo ganhou seis medalhas de ouro e um bronze nos Jogos Paralímpicos de Atenas.
Nova mentalidade
Não é só o ambiente dentro das piscinas que tem deixado Daniel Dias satisfeito. Em sua segunda participação em Paralimpíadas, o brasileiro observa a diferença na cobertura feita pela imprensa e no tratamento dado aos participantes, que, para ele, devem ser vistos, em primeiro lugar, como atletas. “Acho isso fantástico. Sempre batalhamos por essa visão do esporte. E aqui esta tendo isso. Vimos atletas chorando por perder medalhas. Isso é o esporte. Esta Olimpíada vai marcar por isso. Lógico que tem que pensar do lado social, da inclusão. Mas existe o atleta. Acho que esses Jogos vão marcar por essa mudança de mentalidade. Espero que mude ainda mais, para melhor, em 2016”.
Vila Paralímpica movimentada
A rotina repleta de treinos e provas em Londres 2012, além de um casamento marcado ainda para este ano, faz com que Daniel Dias tenha pouco tempo para aproveitar o ambiente festivo da Vila Paralímpica. No entanto, o campeão sabe bem o que acontece na área reservada apenas para as delegações, longe da curiosidade da imprensa e do público em geral.
“É agitado, sem dúvida. O pessoal vem para disputar as provas. Mas quando acaba, aproveita para curtir aqui. Nós que estamos nadando várias provas, ficamos um pouco mais distantes. Mas como estamos perto da área internacional, sempre escutamos o pessoal jogando sinuca, ouvindo música, brincando e namorando também, claro. Mas isso não nos atrapalha, ainda bem”, disse Dias, com bom humor de quem já possui 7 medalhas de ouro paralímpicas no peito.
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