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Pacientes sabem dos riscos de anticoncepcionais e encaram restrições médicas com naturalidade

Criado em 12/02/13 15h41 e atualizado em 12/02/13 15h53
Por Carolina Gonçalves Edição:José Romildo Fonte:Agência Brasil

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Pacientes sabem dos riscos de anticoncepcionais e encaram restrições médicas com naturalidade (Divulgação)

Brasília - Aos 24 anos, Thais Rezende Xavier não mostra pesar por ter que assumir cuidados redobrados com a saúde por toda a vida. Ao relatar, com exclusividade à Agência Brasil, o drama que vive desde que descobriu uma embolia pulmonar, provocada pelo uso de anticoncepcional, a estudante carioca mostrou que, hoje, encara com tranquilidade as restrições impostas por médicos que ainda tratam e acompanham o caso.

“Eu corri grande risco de morte e só por um milagre estou aqui hoje contando”. Nos últimos meses de 2011, depois de um ano tomando o medicamento Diane 35, recomendado por uma ginecologista, Thais começou a sentir falta de ar e cansaço. Não demorou mais que um mês para que o quadro se agravasse.

“Tinha procurado médicos e feito exames, mas não apareceu nenhum problema. Teve um dia em que desmaiei na rua, o médico que me atendeu identificou a embolia e a primeira coisa que me perguntou foi se usava algum hormônio”, conta.

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No dia 7 de dezembro, Thais foi internada. Ela passou por três cateterismos e a implantação de filtros nas veias, para evitar que a coagulação seguisse para os pulmões, o cérebro e o coração. “Hoje, não posso tomar uma série de remédios e continuo fazendo tratamento com anticoagulantes. Tenho várias restrições. Foi tudo restrito. Voltei à minha ginecologista para contar e ela ficou assustada”, disse.

A estudante garante que não fumava, não registrava sobrepeso ou histórico familiar de trombose – principais fatores de propensão ao problema. Segundo ela, o Diane 35 foi o único hormônio que tomou. Thaís também submeteu-se a exames para identificar qualquer predisposição do organismo a desenvolver trombose, mas os médicos não conseguiram detectar qualquer problema.

Para o ginecologista Rogério Bonassi, a estudante pode ser um dos casos raros de trombofilia que existem no mundo. O problema, também conhecido como hipercoagulabilidade, indica uma propensão de a paciente desenvolver trombose por ter alguma deficiência no sistema de coagulação.

Vice presidente da comissão de Anticoncepcionais da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp), Bonassi diz que o Diane 35 não apresenta mais riscos que qualquer outro hormônio. Todos os medicamentos indicados como anticoncepcionais no país têm a descrição do risco de trombose na bula.

“O uso de qualquer hormônio pode ter um risco. Mas, o risco de quem não usa anticoncepcionais ou similares é de cinco em cada 10 mil mulheres. Se elas tomam pílula, o risco passa a ser de 9 para 10 mil mulheres”, explicou.

Há poucos dias, dirigentes da agência francesa de segurança dos medicamentos declararam que, até abril deste ano, a pílula anticoncepcional Diane 35 e todos os genéricos do medicamento vão deixar de ser vendidos no país. A medida foi adotada em resposta aos 125 casos de trombose venosa e quatro mortes de mulheres usuárias da pílula relatados nos últimos 25 anos. As mulheres que apresentaram graves problemas de saúde com a pílula Diane 35, com idades entre 18 e 42 anos, sofreram acidentes vasculares variados, como embolia pulmonar ou derrame.

Para Bonassi, a decisão instiga mais temor do que informa. “O Diane 35 não tem mais riscos que outros hormônios. Não sabemos o que motivou a decisão da França porque o risco é muito pequeno e não se trata de um estudo clínico, mas de relatos de casos”, avaliou.

De acordo com estatísticas da comunidade médica brasileira e internacional, a incidência da trombose na população feminina em geral é de cinco casos para cada 10 mil mulheres. No caso de pessoas que tomam pílula, o risco passa a ser de nove casos para cada 10 mil. Em mulheres grávidas, sem o uso de hormônios, as estatísticas adotadas universalmente apontam que 30 mulheres, em cada 10 mil, poderiam desenvolver a doença.

“A pílula é segura. Mas, o uso indiscriminado não deve ocorrer e sabemos que muitas mulheres tomam pílulas indicadas por amigas ou vizinhas. Outro dia, estava em uma farmácia e presenciei uma moça pedindo indicações de anticoncepcionais para o farmacêutico que descrevia qual pílula [além de contraceptiva] melhora a pele ou não retém líquido”, disse ele.

Edição: José Romildo

Creative Commons - CC BY 3.0

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