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Redes socias possibilitam novas formas de organização política
Criado em 25/05/13 10h43
e atualizado em 25/05/13 11h37
Por Leandro Melito - Correspondente do Portal EBC
Porto Alegre - Com foco nas novas possibilidades de organização política proporcionadas pelas ferramentas de comunicação na internet, o Conexões Globais 2013 [2] contou com a participação de pessoas que estiveram no epicentro deste processo: as manifestações globais que ocorreram a partir de 2011 na Europa.
Impulsionadas pela Primavera Árabe e tendo como alvo principal os efeitos da crise econômica que atingiu em cheio o velho Continente e a forma tradicional de se fazer política, os manifestantes ganharam as ruas, em protestos lúdicos organizados com auxílio das redes sociais.
Na Islândia, a utilização das redes foi além dos protestos. A nova Constituição do país foi elaborada com contribução dos cidadãos com o uso de ferramentas como o Facebook e o Twitter, como relatou Eiríkur Bergmann, membro do conselho constitucional que elaborou o novo texto [3]. Já na Espanha, as redes amplificaram o sentimento das pessoas acampadas nas praças o que gerou uma onda de solidariedade em todo o país, segundo a análise um dos articuladores do movimento 15M, Javier Toret [4].
As novas formas de organização pelas redes tiveram eco em todo o mundo e no Brasil não foi diferente. Com suas peculiaridades, os movimentos sociais brasileiros também se apropriam cada vez mais das novas tecnologias para amplificar sua atuação e modificar sua forma de organização política. "Vivemos a emergência de uma nova cultura política. Duvidamos das formas de democracia baseadas na representação, na transferência, nas urnas", considera Antonio Martins, editor do site Outra Palavras [5].
No manifesto intitulado "O pós-capitalismo é possível" [6], apresentado no segundo dia do Conexões Globais, Antonio considera que essa nova forma de organização com o uso das tecnologias de comunicação permite combater o capitalimo em seus valores centrais. "Rejeitamos a noção de que competir e acumular são os impulsos que movem o trabalho humano e a produção coletiva de riquezas. Estamos construindo, na prática, mecanismos de colaboração, compartilhamento, solidariedade, redistribuição", diz o texto.
No entanto, ele ressalta que ao mesmo tempo que trazem possibilidades de avanço, as redes também apresentam seus riscos. "Em especial, a ilusão de que somos majoritários, de que nossa cultura política converteu-se na cultura política de todos. É algo imensamente enganador, amplificado muitas vezes pela "guetização" produzida pelo Facebook – onde todo mundo só se comunica com seus iguais", ponderou.
O movimento feminista é um dos que se apropria cada vez mais da rede e econtra espaço na internet para veicular e organizar suas mobilizações. Um caso emblemático é o da Marcha das Vadias (Slutwalk), que surgiu no Canadá em 2011, após a declaração de um policial de que mulheres "que se vestem como vadias" eram culpadas pelos estupros sofridos. A indignação com a delcaração encontrou eco nas redes e gerou a primeira mobilização de rua em Toronto, que depois se espalhou por diferentes cidades do mundo e passou a ser realizada anualmente no mês de maio.
"A marcha se apropria da tecnologia como forma de libertação, como forma de estar no mundo, de articulação. É inegável que muito daquilo que a gente constrói passa pelos emails e pelas redes sociais", considera Jul Pagul, integrante da Marcha das Vadias em Brasília. A exemplo dos novos movimentos organizados com auxílio da internet, a marcha não tem liderança central, mas busca uma forma horizontal de organização. Em entrevista ao Portal EBC, Jul Pagul fala sobre a importância da utilização das redes nas novas mobilizações do movimento feminista. Assista o vídeo:
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