Imagem: Divulgação/Guerreiras Grenas

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Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino: conheça as regras e as equipes participantes

Criado em 04/09/15 19h50 e atualizado em 11/09/15 20h43
Por Gésio Passos Fonte:Portal EBC

A terceira edição do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino começa no dia 7 de setembro [2], com oito jogos abrindo a primeira rodada. Na primeira fase, serão 20 equipes de todas as regiões do país dividas em cinco grupos. Quatro clubes tradicionais no futebol masculinos também disputarão o campeonato feminino este ano: Flamengo, Santos, Portuguesa e América Mineiro. A equipe campeã em 2014 foi a Ferroviária de Araraquara (SP).

A TV Brasil transmitirá os jogos do campeonato desde a primeira fase.

O campeonato é uma das medidas para o fortalecimento da prática do futebol entre as mulheres no país, como a criação de uma seleção permanente e um calendário com duas competições nacionais – o Brasileiro e a Copa do Brasil. Apesar da seleção ter caído precocemente no Mundial deste ano – a equipe foi eliminada nas oitavas de final pela Austrália [3] –, as meninas conquistaram a medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos no Canadá.

O diretor de competições da CBF, Manoel Flores, afirma que o campeonato é uma mostra da evolução do futebol feminino no país, que começou com a Copa do Brasil Feminina e se consolida com o Campeonato Brasileiro Feminino. “O esforço é para que a competição cresça em termo de valor, cresça em olhos da mídia, cresça em olhos dos clubes”, disse em depoimento ao site oficial.

A jornalista Lu Castro, do blog “Futebol para Meninas” do Lancenet, aponta a necessidade de um calendário nacional para estruturar o esporte no país, com as equipes jogando o ano inteiro. Para ela, a atual forma de disputa evidencia uma desequilíbrio na preparação das equipes, já que apenas alguns clubes contam com atletas com dedicação exclusiva para o esporte. “Este desequilíbrio prejudica a própria visibilidade do futebol feminino, já que há uma grande diferença de competitividade”, afirma.

Ferroviária, campeão brasileira de 2014
Ferroviária, campeã brasileira de 2014. Foto: Rafael Ribeiro / CBF
 

Confira uma introdução ao campeonato preparada pelo Portal EBC:

As equipes  ::  Modo de Disputa :: Os Grupos :: Draft da seleção permanente



As equipes

A principal competição de futebol feminino do país será disputada por vinte clubes de setembro a novembro deste ano. A Ferroviária de Araraquara (SP) foi a primeira equipe a se garantir no torneio após vencer o Brasileirão e a Copa do Brasil Feminina de 2014. As meninas do Kindermann, de Santa Catarina, vice-campeã do campeonato do ano passado, também conquistaram uma vaga para a competição de 2015.

Outras quatro equipes estarão na competição por disputarem a Série A ou B do futebol masculino em 2014. Santos, Flamengo, América Mineiro e Portuguesa foram os times que mostraram interesse em disputar o campeonato feminino. Este dispositivo do regulamento abriu espaço para clubes que não investiam na modalidade: é o caso do América Mineiro e do Flamengo, que montaram equipes às vésperas do campeonato. O Santos havia retomado a equipe feminina no começo do ano e tem uma história na modalidade, as “Sereias da Vila” foram bicampeãs na Libertadores feminina e da Copa do Brasil. Já a Portuguesa, uma das equipes pioneiras na modalidade, investindo no feminino desde a década de 1990, é um dos poucos dos grandes clubes com estrutura para as jogadoras.

América Mineiro, equipe feminina
Equipe feminina do América Mineiro. Foto: Divulgação/AFC
 

A assessora especial para o futebol feminino do América Mineiro, Bárbara Fonseca, conta que o time foi iniciado no final de julho deste ano. Ela que era dirigente Santa Cruz, equipe amadora de BH e atual campeã mineira, disse que procurou os grandes clubes da capital para um projeto de consolidar o futebol feminino no estado e que apenas o América se mostrou interessado em incentivar a modalidade.

Mas a jornalista Lu Castro aponta um problema de se privilegiar os clubes “de camisa”, em vez de investir nas equipes que realmente apostam no futebol feminino, já que eles não estão dispostos a investir na modalidade. Manoel Flores, da CBF, afirma que a intenção é aproximar os grandes e fazer com que “clubes enxerguem não só os custos, mas o benefício de ter uma equipe feminina”.

A maior parte da equipe do América-MG a é formada por ex-jogadoras do Santa Cruz. O Coelho hoje banca a infraestrutura de deslocamento, taxas federativas e a alimentação, mas as jogadoras ainda são voluntárias e treinam duas vezes por semana em seus horários livres. “O apoio de uma time tradicional é fundamental para buscar os patrocínios necessários para profissionalizar a equipe”, afirma Bárbara.

As outras equipes entraram no campeonato por conta de suas posições no Ranking Nacional de Clubes Femininos da CBF. O estado de São Paulo contará com o maior número de participantes. Além da Ferroviária, Portuguesa e do Santos, Centro Olímpico, Rio Preto e São José - atual campeão da Libertadores e do Mundial Feminino da Fifa - também estarão no campeonato. O Duque de Caxias fará companhia ao Flamengo na representação dos cariocas.

A equipe do Iranduba do Amazonas e o Pinheirense do Pará representarão a região Norte. As baianas do São Francisco, as paraibanas do Botafogo, as cearenses do Caucaia, as piauienses do Tiradentes, as pernambucanas do Vitória e as maranhenses do Viana serão as representantes do Nordeste.

O Centro-Oeste conta com uma única representante, o Mixto do Mato Grosso. Além das catarinenses do Kindermann, vice-campeã do Brasileirão 2014 e atual campeã da Copa do Brasil, a região Sul ainda terá a equipe do Foz Cataratas do Paraná.



Modo de disputa

Na primeira fase, as 20 equipes estão divididas em quatro grupos e se enfrentam em cinco rodadas de turno único. As duas melhores equipes de cada grupo classificam-se para a segunda fase, onde serão divididas em dois grupos de quatro equipes, que jogam entre si em dois turnos. Nesta fase, a CBF realizará um processo de sorteio das jogadoras da seleção permanente para que reforçem as oito equipes.

As duas melhores dos dois grupos avançam para a fase semifinal, em jogos eliminatórios de "ida e volta" ou "mata-mata". As vencedoras se enfrentam na grande final também em dois jogos, com transmissão da TV Brasil.



Confira os grupos da primeira fase:

Grupo 1: Ferroviária (SP), Iranduba (AM), Pinheirense (PA), Rio Preto (SP) e Santos (SP)

Grupo 2: Centro Olímpico (SP), Duque de Caxias (RJ), Flamengo (RJ), Kindermann (SC) e Portuguesa (SP)

Grupo 3: América (MG), Foz Cataratas (PR), Mixto (MT), São Francisco (BA) e São José (SP)

Grupo 4: Botafogo (PB), Caucaia (CE), Tiradentes (PI), Viana (MA) e Vitória (PE)



Participação das atletas da seleção permanente

A CBF deu início no começo do ano ao projeto de seleção permanente do futebol feminino. As atletas irão treinar juntas até os Jogos Olímpicos de 2016. O técnico da seleção Vadão formou o grupo com as principais jogadoras do país, com exceção das que jogam em clubes do exterior – como a craque Marta. Apesar de não ter feito uma boa campanha na Copa do Mundo Feminina [3], a seleção permanente conquistou a medalha de ouro no Pan-Americano de julho, no Canadá.

Seleção brasileira feminina ouro no Pan
Seleção brasileira feminina ouro no Pan de 2015. Foto: Rafael Ribeiro / CBF
 

A novidade do Campeonato Brasileiro deste ano é que as jogadoras da seleção permanente poderão ser aproveitadas pelos clubes. Os oito clubes que chegarem à segunda fase escolherão as atletas a partir de um sistema de seleção, conhecido como draft. As normas e os critérios para esta escolha ainda serão definidas pela CBF. Manoel Flores, diretor da entidade, afirma que a medida é mais uma forma para valorizar o campeonato e chamar atenção da mídia, promovendo também um equilíbrio da competição.

A indefinição sobre como serão dividas as atletas geram dúvidas nos clubes. Para a dirigente do América Mineiro, Bárbara Fonseca, o sistema deve garantir um equilíbrio entre as equipes que disputarão a segunda fase. Mas a decisão já cria bastante expectativa na cartola. “Será muito positivo contar com jogadoras de nível da seleção, isso motivará muito a equipe”, afirma.

Para a jornalista Lu Castro, outro desafio para o draft será a falta de estrutura da maioria dos clubes que disputarão o Brasileiro. “As jogadoras da seleção podem não ter boas condições para a manutenção da treinamento que estão tendo na CBF”, afirma. Outra questão a se resolver será a forma de escolha dos clubes, já que um simples sorteio poderá indicar atletas em que os clubes já podem ter opções.

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