Programação

Caminhos da Reportagem exibe edição "1964: Memórias que resistem"

Produção jornalística discute os desdobramentos do golpe militar

Publicado em 27/03/2024 - 17:00 e atualizado em 28/03/2024 - 08:35
Veículos: TV Brasil
Categorias: Jornalismo
Exibição em: TV Brasil

A TV Brasil apresenta a pauta inédita do programa Caminhos da Reportagem com o título "1964: Memórias que resistem" neste domingo (31), às 22h. A produção da emissora pública discute os desdobramentos, ainda hoje presentes, do golpe militar que há 60 anos colocou fim ao governo de João Goulart. O conteúdo jornalístico pode ser acompanhado também no app TV Brasil Play.

Uma após a outra, tropas do exército aderiram à sublevação iniciada em Juiz de Fora, na madrugada daquele 31 de março de 1964. O movimento teve apoio de setores conservadores da política e da sociedade, de empresários, da Igreja Católica e das Forças Armadas. Castello Branco assumiu a presidência em 15 de abril, tornando-se o primeiro dos cinco presidentes-generais.

A ditadura civil-militar iniciada ali durou 21 anos. A atriz Dulce Muniz lembra bem daquele dia. Ela ouviu o anúncio pelo rádio: "Veio uma voz... A partir deste instante, a Rádio Nacional passa a fazer parte da cadeia da legalidade. Pronto. Estava dado o golpe. Eu tinha 16 anos", recorda. O programa também traz entrevista com a jornalista Hildegard Angel que perdeu a mãe, Zuzu, e o irmão Stuart para a repressão.

Hildegard Angel perdeu a mãe, Zuzu, e o irmão Stuart para a repressão
Hildegard Angel perdeu a mãe, Zuzu, e o irmão Stuart para a repressão, por Divulgação / TV Brasil

Repressão e espaços de memória

José Genoino saiu da pequena Encantado, um distrito de Quixeramobim, no Ceará, para estudar em Fortaleza. Em 1968, quando é decretado o AI-5, ele fazia parte do movimento estudantil. Genoino entra para a clandestinidade, vai parar em São Paulo e, depois, para a região do Araguaia.

"A minha geração só tinha três alternativas: ou ia para fora do país ou ia para casa e podia ser presa e morta ou então ia para a clandestinidade". Ele é um dos poucos sobreviventes da guerrilha organizada na região que hoje faz parte do norte do Tocantins.

Até hoje, são raros os espaços de memória que contam a história dos anos de repressão. O principal deles é o Memorial da Resistência, criado no prédio que abrigava o temido Departamento de Ordem Política e Social, o Dops, em São Paulo.

Para a diretora técnica do Memorial, Ana Pato, "a criação de centros culturais de memória dedicados à memória dessa violência do Estado são fundamentais para que as gerações seguintes não só aprendam isso, mas que a própria sociedade consiga elaborar o trauma", avalia.

No Rio Grande do Sul, o projeto Marcas da Memória tenta demarcar, identificar e explicar a história de importantes espaços repressivos em Porto Alegre. Dos 39 aparatos da ditadura conhecidos no Estado, apenas nove ganharam placas. Algumas delas já estão apagadas.

Jair Krischke, fundador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, no Rio Grande do Sul
Jair Krischke, fundador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, no Rio Grande do Sul, por Divulgação / TV Brasil

Segundo Jair Krischke, coordenador do Movimento de Direitos Humanos, e um dos idealizadores do projeto, não há interesse por parte do poder público em iniciativas como esta: "Nós, como organização privada, estamos fazendo aquilo que o Estado deveria fazer. Como não faz, nós fizemos, provocamos", defende.

O desejo de Jair, e de todos que trabalham e lutam para que as marcas da ditadura não sejam esquecidas, é transformar esses espaços pelo Brasil em museus e memoriais. Uma das grandes referências no tema é o Museu da Memória e Direitos Humanos de Santiago, no Chile.

Dignidade para as vítimas

Para María Fernanda García, diretora do museu, "é muito importante se dizer que aqui houve atropelos do Estado. É preciso lhes dar a visibilidade e a dignidade às vítimas, o que não lhes foi dado durante aquele período, e também depois, durante muitos anos", explica.

María Fernanda García, diretora do Museu da Memória e dos Direitos Humanos, no Chile
María Fernanda García, diretora do Museu da Memória e dos Direitos Humanos, no Chile, por Divulgação / TV Brasil

Não prestar contas com o passado faz com que a democracia brasileira se torne frágil e que a violência do Estado ainda seja recorrente. "A questão da impunidade é altamente contagiosa. A violência que constatamos ainda hoje é fruto disso, da impunidade. A tortura ainda é usada pelas polícias e nos presídios. É uma herança que nós não conseguimos nos livrar", afirma Jair Krischke.

Violência policial que em 2015 matou o filho de Zilda de Paula. Ele é um dos 17 mortos da chacina de Osasco e Barueri, feita por policiais militares encapuzados. Até hoje, Zilda busca justiça. "Perdi meu filho único, Fernando Luiz de Paula. Nunca pensei que eu ia passar por isso, nunca pensei", repete.

Zilda Maria de Paula perdeu o filho em uma chacina em 2015
Zilda Maria de Paula perdeu o filho em uma chacina em 2015, por Divulgação / TV Brasil

Na faixa que ela tem em casa, com os rostos de outros mortos da chacina, lê-se a frase: "Sem justiça não haverá paz". Dona Zilda conclui: "Não vai ter justiça e nem paz. Não tem justiça, porque esse caso para a justiça já foi encerrado", lamenta.

Sobre o programa

Produção jornalística semanal da TV Brasil, o Caminhos da Reportagem leva o telespectador para uma viagem pelo país e pelo mundo atrás de pautas especiais, com uma visão diferente, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos.

No ar há mais de uma década, o Caminhos da Reportagem é uma das atrações jornalísticas mais premiadas não só do canal, como também da televisão brasileira. Para contar grandes histórias, os profissionais investigam assuntos variados e revelam os aspectos mais relevantes de cada assunto.

Saúde, economia, comportamento, educação, meio ambiente, segurança, prestação de serviços, cultura e outros tantos temas são abordados de maneira única. As matérias temáticas levam conteúdo de interesse para a sociedade pela telinha da emissora pública.

Questões atuais e polêmicas são tratadas com profundidade e seriedade pela equipe de profissionais do canal. O trabalho minucioso e bem executado é reconhecido com diversas premiações importantes no meio jornalístico.

Exibido aos domingos, às 22h, o Caminhos da Reportagem tem horário alternativo na madrugada para segunda-feira, às 2h. A produção disponibiliza as edições especiais no site http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhosdareportagem e no YouTube da emissora pública em https://www.youtube.com/tvbrasil. As matérias anteriores também estão no aplicativo TV Brasil Play, disponível nas versões Android e iOS, e no site http://tvbrasilplay.com.br.

Ao vivo e on demand

Acompanhe a programação da TV Brasil pelo canal aberto, TV por assinatura e parabólica. Sintonize: https://tvbrasil.ebc.com.br/comosintonizar.

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Serviço
Caminhos da Reportagem – domingo, dia 31/3, às 22h, na TV Brasil
Caminhos da Reportagem – domingo, dia 31/3, para segunda-feira, dia 1º/4, às 2h, na TV Brasil

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