O diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle, participou, nesta quinta-feira (21), da Conferência da Public Broadcasters International (PBI), que acontece em Praga, na República Tcheca, até o dia 22 de setembro. Pela manhã, ele integrou o painel “Principais Ameaças e Segurança na Cobertura Jornalística”. O evento, realizado anualmente, reúne presidentes e membros do PBI com o objetivo de partilhar experiências e ideias sobre a melhor forma de lidar com os desafios da comunicação pública.
Durante o painel, Doyle apresentou a estrutura da EBC, abordou o cenário de censura e ataques vivenciado pelos profissionais de comunicação durante o governo brasileiro anterior e mostrou números sobre a violência contra jornalistas em 2022. Além disso, explicou as ações que estão sendo feitas para retomar o projeto de comunicação pública no Brasil.
Segundo relatório da Federação Nacional de Jornalistas, o assédio e os ataques contra jornalistas aumentaram no ano passado, com a estratégia de desacreditar a imprensa para que a população recorresse a outros meios para obter informações. Entre os dados estão 87 casos de ataques com o objetivo de desqualificar jornalistas, informações e relatórios, 77 casos de ameaças, 59 casos de censura, 49 casos de agressão física e um caso de assassinato. “O jornalista britânico Dom Phillips foi assassinado numa emboscada, juntamente com o indigenista Bruno Pereira, na cidade de Atalaia do Norte, no estado do Amazonas”, lembrou o presidente da EBC.
Diante desse cenário, Doyle explicou que ações já estão sendo feitas no Brasil para mudar as perspectivas sobre a segurança do jornalismo. Assim, os profissionais da área estão voltando a exercer a profissão com a proteção necessária. “Nossas ações estão voltadas para que a violência contra a imprensa seja prevenida e todos os casos sejam punidos. Acreditamos que a verdadeira democracia exige uma liberdade de imprensa ampla. Além disso, o direito à informação e o acesso aos meios de comunicação social são fundamentais para uma sociedade mais justa e democrática”, afirmou. “A liberdade de imprensa não pode ser um privilégio para alguns, mas um direito de todos”, completou.
O presidente lembrou, ainda, que a EBC também foi uma das vítimas do governo anterior e sofreu censura nos últimos anos. “Assumimos o comando da empresa em uma situação muito ruim. Mas estamos, nesta gestão, prontos para reconstruí-la e novamente assumir as rédeas da comunicação pública no Brasil. A comunicação pública deve estar em sintonia com o melhor do jornalismo, buscar a verdade nas reportagens e ser independente. O jornalismo público não pode ser uma mídia de propaganda governamental”, concluiu.
Participaram do PBI representantes de emissoras públicas de 30 países. A EBC foi a única empresa da América Latina presente na Conferência.
PBI
A Empresa Brasil de Comunicação se tornou membro permanente da Public Broadcasters International (PBI) em 2012, quando participou da conferência em Londres, cuja anfitriã foi a rede BBC. No ano seguinte foi a vez da PBS receber as empresas públicas de radiodifusão, em Washington (EUA). Em 2014, a EBC sediou, no Rio de Janeiro, o evento, realizado pela primeira na América Latina.