Para celebrar os 30 anos do axé, o cantor e compositor baiano Carlinhos Brown discute as características do gênero no Arte do Artista desta segunda (23), à meia-noite, na TV Brasil. Além de refletir sobre o estilo musical, que ainda sofre muito preconceito, o percussionista lança mão de cores fortes para falar sobre sua aventura no universo da pintura.
Carlinhos Brown lamenta a implicância comum em relação ao axé, principalmente, com a sua redução a um mero caráter comercial. Para o artista, o gênero tem grande importância cultural e ajudou a consolidar a carreira de vários intérpretes brasileiros.
Em 1985 Luis Caldas lançou o sucesso "Fricote" e inaugurou o novo estilo musical, que misturava ritmos nordestinos, caribenhos e africanos. Rapidamente o gênero saiu da Bahia e conquistou público em todo país.
Brown considera o axé um símbolo da cultura nacional por evidenciar a miscigenação, uma característica do país. "O axé music é legítimo porque mistura tudo do Brasil. Muita gente o vê como um movimento, mas para mim ele sempre foi um grupo de estudos", analisa o músico no programa apresentado por Aderbal Freire-Filho.
As expressivas tintas da tela multidisciplinar de Brown
A paixão pela música não impediu que Carlinhos Brown enveredasse também pelos caminhos das artes plásticas. Com quadros repletos de cores fortes, o convidado revela o seu entusiamo por tudo o que faz em termos artísticos desde que saiu do Candeal. "É tudo ritmo: minha forma primal de condução como homem e comunicador. O ritmo me ajuda e me leva. Tenho mais ritmo do que controle da palavra. E como é ritmo, ela mesma se encaixa e amalgama. Uso esse ritmo percussivo para pintar", explica o artista na atração da TV Brasil.
Brown conta ainda como foi o início de sua trajetória na pintura e reflete sobre esse aprendizado. "Engraçado que o meu pai era pintor de paredes e o meu mestre maior se chamava Pintado. Ele dizia que ia me ensinar tudo, menos o pulo do gato. Eu ficava intrigado pensando o que seria esse tal pulo do gato. Hoje, sei que o pulo do gato significa aquilo que lhe é particular. É você encontrar, dentro de tudo aquilo que você aprendeu, a sua própria estrutura, a sua forma própria de desaguar o aprendizado", filosofa o músico e também pintor.
Serviço
Arte do Artista – segunda-feira (23), à meia-noite, na TV Brasil.